Em 1988, Millôr Fernandes fez uma análise impagável da “obra”
de Sarney, “Brejal dos Guajas e Outras Histórias”. Só o comentário da primeira
frase do livro, “O caminho do Brejal era longe.”, mereceu uma página inteira. Claro
que Millôr esculhamba o livro de cabo a rabo. Não poderia ser de outra maneira.
E não se trata de confundir a obra com o autor: ambos são péssimos.
Depois de “Maribondos de fogo” - sim, maribondos e não
marimbondos; o cara deve escrever com um dicionário de sinônimos estranhos do
lado - e “Brejal dos Guajas e Outras Histórias”, Sarney cometeu “O dono do mar”,
“Saraminda”, “A duquesa vale uma missa” e “Maranhão - sonhos e realidades” só
para falar em ficção, já que o produtivo autor as entremeia com coisas do tipo “Crônicas
do Brasil contemporâneo”, “Tempo de pacotilha”, “20 anos de democracia” e “20
anos do Plano Cruzado”.
Ah, sim, seu primeiro ensaio, de 1953, chama-se “A pesca do
curral”. No Maranhão pescam-se vacas, só pode.
Pois bem, “Saraminda”, a história de uma prostituta
guianense cujo “rosto era de uma beleza parda, entre negro-limpo e branco-sujo”,
foi traduzido para o romeno, espanhol, francês e húngaro. Recentemente, talvez
pela motivação da Feira de Frankfurt, foi traduzido para o alemão, só que o
editor Thomas Newmann, da Königshausen&Newmann, resolveu não publicar o
livro e assumir o “prejuízo de ter uma publicação para ninguém ler”. A história
é a seguinte:
O cônsul do Brasil em Frankfurt até março deste ano, Cezar
Amaral, depois de tentar vender “Saraminda” a várias editoras, sem sucesso, resolveu propor a Newmann uma “bolsa-tradução” da Biblioteca Nacional e -
pasmem - mais a garantia de compra de 500 exemplares do livro pelo próprio
consulado. Como o atual cônsul do Brasil em Frankfurt, Marcelo Jardim,
recusou-se a pagar e dar prosseguimento à mutreta, Newmann teve um ataque de
piti e bancou o preju.
Agora eu pergunto e as traduções para os outros idiomas, também
foram bancadas pela Biblioteca Nacional? E a comercialização nos outros países,
obedeceu ao mesmo esquema nojento? E Fábio Lima, o coordenador do programa de
traduções da Biblioteca Nacional, que gasta em média oito mil dólares em cada
tradução, é também responsável por mais esse descalabro? Se não é, quem é? Será
que alguém vai tomar providências?
Quanto a Sarney, ninguém poderia esperar outra coisa senão
patifarias como essa.
O Sarney é um poeta... caldo e longe da pena (caneta).
ResponderExcluir