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Por Laryssa Borges, na Veja.com:
Ministério Público Federal defendeu nesta sexta-feira que o
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, denunciado por corrupção, organização
criminosa e lavagem de dinheiro, seja condenado a mais de 30 anos de prisão por
ter montado um esquema de arrecadação de propina junto a empreiteiras a partir
de contratos simulados de consultoria. A Polícia Federal não descarta que
ex-ministro possa estar envolvido em outros crimes e possa, no futuro, ser
novamente denunciado. As suspeitas são que Dirceu recebeu 11,8 milhões de reais
em propina.
“Nossa expectativa é que uma pessoa que tenha praticado
crimes tão graves tenha, sim, uma pena superior a 30 anos. Temos uma pessoa que
foi a número dois do país envolvida no esquema de corrupção. Foi um capitalismo
de compadrio”, afirmou o coordenador da força-tarefa do Ministério Público
Deltan Dallagnol. De acordo com as investigações, o esquema de José Dirceu na
Lava Jato movimentou cerca de 60 milhões de reais em corrupção e 64 milhões de
reais em lavagem de dinheiro. Ao todo, o MP calcula que houve 129 atos de
corrupção ativa e 31 atos de corrupção passiva entre 2004 e 2011, além de 684
atos de lavagem de dinheiro entre 2005 e 2014.
“A investigação é sempre baseada em fatos. Nada impede novas
denúncias sobre a atuação dele em várias outras áreas de atuação. Essa é uma
parte importante da investigação, mas temos que considerar que a cada dia
estamos avançando por áreas diferentes de contratação de serviços públicos e se
trata do ex-ministro da Casa Civil”, explicou o delegado Igor Romário de Paula.
Os investigadores que atuam na Operação Lava Jato consideram
que Dirceu é um criminoso reincidente, porque praticou crimes depois de o
processo do mensalão já ter sido concluído. É possível que a Justiça imponha ao
petista também o agravante de maus antecedentes, já que, segundo o procurador
da República Roberson Pozzobon, ele praticou crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro pelo menos desde 2006, quando passou a receber dinheiro sujo de
empreiteiras. A reincidência e os maus antecedentes são fatores considerados
pela Justiça para aumentar a pena do suspeito em caso de condenação. Além da
penalização pelos crimes, os procuradores pedem o ressarcimento de 60 milhões
de reais.
Segundo Dallagnol, as evidências apontam ter havido um
“capitalismo de compadrio” envolvendo a Petrobras para benefício de empresas e
enriquecimento de pessoas. “Houve o exercício do poder para fins particulares.
José Dirceu representou por muitos tempos os ideais de muitos. Não julgamos as
pessoas por vidas, mas por fatos e atos concretos. Não está em questão o que
José Dirceu fez pela consolidação da democracia, e sim se ele praticou crimes
em contextos determinados”, disse. “A corrupção sistêmica existe no nosso país.
A cura para esse problema que sangra a democracia é mais democracia. Somos
explorados pela corrupção”, concluiu.
(argento) ... um preso comum tem direito ao cumprimento de 1/6 da pena; Dirceu é candidato a preso comum?. A quem obedecia?
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