Pois é, muita gente, mas muita mesmo, me critica pela opinião
sobre o Papa Chico, um demagogo populista. Simpaticíssimo, por certo, mas parcialmente
incapacitado para exercer a função de líder máximo da (ainda) maior religião do
planeta, principalmente quando extrapola suas atribuições - o que ocorre amiúde
- e desanda a falar sobre coisas que só sabe de ouvir falar. Um exemplo disso
está no artigo abaixo:
Rodrigo Constantino: Os pobres não têm qualquer chance fora
do capitalismo
“Perdoai-os, Pai, pois
eles não sabem o que fazem.” (Lc 23, 34)
Para alegria dos paleo-comunistas, o Papa Francisco está em
Cuba, onde manteve encontros “fraternais” e “amigáveis” – para usar as palavras
do porta-voz de Sua Santidade – com os líderes da revolução cubana,
principalmente Fidel Castro e seu irmão Raul.
Francisco tem demonstrado, a cada dia, a que veio. Já não restam quaisquer dúvidas acerca da
ideologia anticapitalista que o encanta e move.
Quem não acredita, deve ler a sua mais recente encíclica, “Laudato Si” [PDF aqui],
na qual chega ao extremo de condenar até mesmo o ar-condicionado.
“Um exemplo simples
[de hábitos nocivos do consumo] é o uso crescente e a força do ar condicionado”, escreve ele.
“Os mercados, que se beneficiam imediatamente das vendas, estimulam a demanda
cada vez maior. Um alienígena, ao olhar para o nosso mundo, ficaria espantado
com tal comportamento, que às vezes parece autodestrutivo.”
Com todo respeito que Sua Santidade merece, ele deveria vir
ao Rio dizer isso às famílias faveladas, que moram sob lajes escaldantes e não
medem sacrifícios para conseguir adquirir um aparelho de ar-condicionado que
possa aliviar-lhes o calor intenso e dar-lhes agradáveis noites de sono.
Por outro lado, pensando bem, para quem defende a vida sem
ar-condicionado, nada mais apropriado do que visitar os cubanos, que há mais de
meio século sobrevivem sem qualquer conforto material e, na maioria das vezes,
nem sequer sabem o que é um aparelho de ar-condicionado. Ventiladores antigos, funcionando
precariamente, são o máximo de conforto contra o calor escaldante de Cuba que
alguns poucos conseguem obter.
Ao contrário, porém, do que imagina Sua Santidade, o
ar-condicionado, longe de ser o vilão da história, é uma poderosa ferramenta
para salvar vidas. Dois anos atrás, o “National Bureau of Economic Research”
publicou um estudo concluindo que o ar-condicionado reduziu as mortes
relacionadas ao calor nos Estados Unidos em 80 por cento, e poderia salvar
ainda mais vidas em países quentes, muitas vezes mais pobres. “O ar condicionado é uma tecnologia de
poupança de vida promissora, especialmente se pensarmos nos efeitos potenciais
das alterações climáticas”, afirmam os autores.
Como se vê, a ignorância do Papa em assuntos econômicos é
enorme. Até aí, nada demais. O problema é que Francisco exerce enorme
influência política mundo afora. Como
lembrou Stephanie Slade, em artigo recente para a Reason, “a falta de compreensão de conceitos econômicos básicos tem levado um
dos seres humanos mais influentes e amados no planeta a condenar a livre
iniciativa, a opinar que os direitos de propriedade privada não devem ser
tratados como “invioláveis”, a propor como ideais “cooperativas de pequenos
produtores,” em lugar de “economias de escala”, a acusar o Ocidente de manter
um “nível escandaloso de consumo”, além de afirmar que precisamos “pensar na
contenção do crescimento, definindo alguns limites razoáveis.”
“Dada a sua grande
influência”, prossegue Stephanie, “ que se estende muito além de católicos
praticantes, esse tipo de retórica é profundamente preocupante. É impossível
saber o quanto de impacto suas palavras estão tendo em políticas concretas, e é
impossível negar que, quando ele pede a regulação e a restrição do livre
mercado e do crescimento econômico para aliviar a pobreza…, o mundo o está
escutando.”
Ademais, se o papa quer mesmo ajudar os pobres e mais
necessitados, ele deveria abraçar o capitalismo de livre mercado, não
vilipendiá-lo.
De Havana, Sua Santidade voará para os Estados Unidos. Certamente, testemunhará um das maiores
contrastes humanos da face da terra.
Deixará para trás um ambiente miserável, onde não existe ar
condicionado, embora as desigualdades de renda e riqueza sejam baixas, e
pousará numa economia próspera, onde praticamente todos têm ar condicionado em
suas residências, embora os níveis de desigualdade sejam grandes. A grande verdade é que os pobres americanos
vivem muito melhor que os remediados cubanos – excetuando-se, é claro, os
irmãos Castro e meia dúzia de privilegiados, que vivem de forma nababesca.
O capitalismo tem dessas coisas. Nele, as pessoas são movidas pelo lucro e
pelo auto-interesse, mas logo percebem que só conseguirão prosperar caso seu
esforço e seu trabalho atendam às necessidades alheias. Não por acaso, a grande maioria dos homens
que mais benefícios trouxeram à humanidade não eram movidos por ideais
altruístas, mas pelo desejo de prosperidade individual.
De acordo com o site “Science Heroes”, os dois indivíduos
que até hoje mais contribuíram para salvar vidas humanas foram Carl Bosch e
Fritz Haber. Trabalhando juntos para as
Indústrias BASF, um dos ícones do capitalismo ocidental, os dois cientistas
foram responsáveis pela criação de fertilizantes à base de amônia, a partir da
sintetização do nitrogênio e do hidrogênio presentes na atmosfera.
Vaclav Smil, em seu livro, “Enriquecendo a Terra”, diz que a
importância para o mundo moderno do processo criado por Haber e Bosch “é maior
do que… o avião, a energia nuclear, o voo espacial ou a televisão. A expansão
da população mundial, de 1,6 bilhões de pessoas em 1900, para 6 bilhões em 2000
simplesmente não teria sido possível sem a descoberta de Bosch e Haber”.
A Associação Internacional de indústria de fertilizantes
relata que mais de 100 milhões toneladas de nitrogênio produzido pelo processo
Haber-Bosch são aplicadas anualmente nas culturas globais, contribuindo para
mais da metade das colheitas de cereais.
Estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas, cerca de 40% da população
mundial, são alimentados por cereais e outras culturas produzidas com a
utilização de adubos sintetizados a partir do processo Haber-Bosch. Simplesmente, sem esta descoberta, o mundo
não poderia sustentar as 6 bilhões de pessoas vivas de hoje.
Como esta, a imensa maioria das criações humanas, que
beneficiam bilhões de indivíduos mundo afora, e muitas vezes representam a
diferença entre a vida e a morte (vacinas, remédios e equipamentos
hospitalares, por exemplo), são resultado não de intenções altruístas e
benevolentes, mas pura e simplesmente de lucro e interesses próprios. Em resumo, como magnificamente descreveu Adam
Smith, nas economias de livre mercado, os indivíduos, na busca de seus próprios
ganhos, são levados, por uma espécie de “mão invisível”, a trabalhar pelo bem
geral.
Por outro lado, a ignorância histórica e econômica, bem como
as ideologias igualitárias retrógradas, como as encampadas pelo Papa Francisco,
tendem a prejudicar a vida daqueles a quem se pretende beneficiar. A revolução cubana e as inúmeras experiências
socialistas mundo afora que o digam.
Não tive disposição para ler toda a postagem, mas dá para fazer um comentário. Um alienígena ficaria espantado ao olhar para o nosso mundo e ver que existe um indivíduo com a função de Papa, jamais se espantaria com um condicionador de ar.
ResponderExcluir(argento) ... "Os pobres não têm qualquer chance fora do capitalismo" - por óbvio, pobre não tem qualquer chance, não tem Dinheiro (capital) - frase de efeito e desonestidde intelectual flagrante; o fato é que depois que foii criada a moeda, como forma de facilitar o Escambo, "apareceu" o CAPITALISMO ...
ResponderExcluir(argento) ... o problema do capitalismo é a usura e a ganância do próprio homem, de um "determinado"(indeterminado) grupo ... qualquer forma de socialismo é retórica e Distração.
Excluir(argento) ... e onde entra o "politicamente correto" na história? - é Outra "ferramenta" de Distração
Excluir... não sei se notaram, mas começaram "chamadas", algo discretas, sobre "índices" de crimes cometidos por (e não Com) armas de fogo ...
(argento) ... aliás, Capital vem de Cabeça(s), Patrimônio Controlado e Acumulado, gado, moeda, solo, escravos, exército, armas, capacidade de produzir (para Consumo em massa), ... CONTRIBUÍNTE(s)! ...
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