Estadão
Com o governo Dilma Rousseff ladeira abaixo, empurrado pela
repercussão da Operação Lava Jato e pela economia em queda livre, o
ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, no final de
agosto, que estava de volta à lida. “Voltei a voar”, disse Lula. Mas, na
verdade, o ex-presidente jamais “desembarcou” de sua atuação política e de
vendedor de suas ideias sobre o país.
Os detalhes dessa sua intensa agenda de viagens nacionais e
internacionais nos últimos anos estão em fase final de coleta de informações na
investigação sigilosa que ocorre no Núcleo de Combate à Corrupção (NCC) do
Ministério Público Federal do Distrito Federal.
Enquanto Lula abre suas asas sobre o país, o MPF-DF ajusta o
radar exatamente na direção dele. Os procuradores querem saber quem paga a
conta do sobrevoo continental do ex-presidente e suas consequências.
Levantamento do Instituto Lula aponta que, de 2011 a 2014,
ele não economizou tempo e presença visitando boa parte do planeta. A maratona
aérea teve 174 reuniões, nas quais Lula se encontrou com 107 chefes de Estado,
autoridades, empresários e dirigentes de organismos multilaterais e
organizações sociais, 63 deles no Brasil e 111 no exterior.
Neste período, Lula amealhou 28 títulos e tem uma lista de
mais 65 outorgados a receber. Contando a despesa com passagens aéreas somente
de 2013, 2014 e 2015, o ex-presidente gastou, a preços de classe econômica,
cotados nesta semana em empresas aéreas, cerca de 38.000 - o que chega a cerca
de 152.000.
Em ofício de maio, a procuradora do NCC Mirella de Aguiar,
que está afastada por licença maternidade, assinou pedido de apuração da
movimentação de Lula pelo mundo para “aferir-se se encontram adequação típica
no ordenamento jurídico nacional, caso em que poderá ser instaurada ou
requisitada investigação”. A procuradora substituta indicada, Anna Carolina
Resende Maia Garcia, porém, não pretende assumir a tarefa tão cedo e permanece
na Procuradoria-Geral da República trabalhando na equipe do procurador-geral,
Rodrigo Janot.
O caso das viagens de Lula ganhou peso no Núcleo de Combate
à Corrupção em julho, quando o procurador Valtan Timbó Martins Furtado,
interino no 1º Ofício, fez andar despacho sobre uma Notícia de Fato (NF
3.553/2015) solicitada pelo procurador do 4º Ofício, Anselmo Lopes, que
recolheu material de imprensa sobre as viagens de Lula e as relações dele com
empreiteiras investigadas na Lava Jato. A canetada de Furtado transformou a
Notícia de Fato de Lopes em Procedimento de Investigação Criminal (PIC), ato
que, segundo o MPF, corresponde a um inquérito na esfera da Polícia Federal.
A investigação quer “elucidar suspeitas” de ligações do
ex-presidente com empresas patrocinadoras de viagens e compradoras de
palestras. Furtado, que não comenta o processo, já sofreu uma ação movida pelo “investigado”.
Mas a representação foi arquivada.
O PIC determinou que a DAG Construtora e a Odebrecht
expliquem preços de passagens e custos de viagem ao Caribe e à África, assim
como entreguem as listas de passageiros desses voos. Pediu ainda ao chefe da
Delegacia Especial do Aeroporto Internacional do Distrito Federal, da Polícia
Federal, os registros de entrada e saída de Lula e do ex-diretor da Odebrecht
Alexandrino de Alencar, assim como dados sobre voos privados (jatinhos). A
Odebrecht entregou os dados no dia 22 de agosto. A Líder não comenta o caso,
que corre em sigilo a pedido do Instituto Lula, do BNDES e do Itamaraty.
(argento) ... a Operação Lava Jato "disparou" um alerta vermelho! - é, as coisas não são bem assim como "pensava" o comum mortal - nada, em volume,ainda, quanto a Mãos Limpas, mas é um bom começo (se gritar "Pega Ladrão!", na "política-BraZiu", não fica um, o que me leva a crer que Dilma fica até o fim do mandato) ...
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