Elas vão votar assim e a pé. Quanta liberdade! |
Todas as sextas feiras, depois de ler as colunas de Rasheed
Abou-Alsamh, me dá vontade de cancelar a assinatura do Globo. Para quem não
conhece, Rasheed é um muçulmano
travestido de ocidental que escreve verdadeiros cartapácios tentando defender o
Islã usando argumentações estapafúrdias e, por diversas vezes, manifestando seu
antissemitismo latente.
Nesta sexta o cara resolveu exaltar a especial deferência da
monarquia saudita em permitir o voto feminino nas eleições municipais este ano,
no dia 12 de dezembro, como se isso tivesse alguma relevância dentro do quadro
de escravidão em que vivem as mulheres no Arábia e adjacências, fato que ele
mesmo confessa paradoxal ao revelar que elas “não poderão conduzir um carro
para chegar ao recinto de votação porque mulheres ainda são proibidas de
dirigir no país”.
O mais engraçado é que Rasheed, em seguida, se apressa em
dizer que “antes que botem a culpa no Islã, fiquem sabendo que não há proibição
alguma na religião. Essa birra contra mulheres atrás do volante é uma coisa
cultural muito específica dos sauditas”, o que não faz o menor sentido. Dizer
que alguma “coisa cultural” em países islâmicos é desvinculada do Islã é uma
grossa apelação.
A Lei Básica de Governo na Arábia (Constituição), que é concedida
por decreto real e serve como o quadro constitucional, é baseada no Corão e na Suna,
que narra a vida e tradição do Profeta Muhammad. O sistema legal é a sharia
(mais ou menos uma jurisprudência baseada em interpretações do Corão), com
alguns elementos da lei egípcia e francesa.
E tem mais. Apesar de ter mais de 30% da população composta
por expatriados de várias religiões, a maioria das formas de expressão religiosa
pública incompatível com a interpretação sancionado pelo governo do Islã sunita
são restritas; não-muçulmanos não são autorizados a ter a cidadania saudita e
lugares não-muçulmanos de culto não são permitidas.
Ora, diante disso não há como negar que um povo que não tem
nem mesmo o conhecimento de nenhuma outra cultura possa manifestar qualquer “coisa
cultural” que não seja absolutamente islâmica.
Mas Rasheed prossegue: “A boa notícia é que dois terços dos
lugares nos conselhos [nas eleições municipais este ano, no dia 12 de dezembro]
vão ser eleitos desta vez, em vez de somente metade. O outro terço vai ser
nomeado pelo governo saudita”.
Putzgrila!, quanta condescendência! Isso é boa notícia? A
desculpa dada pelo governo para não abrir as portas da democracia é que, como
nas últimas eleições os candidatos religiosos se elegeram facilmente, já que
usaram a fé do eleitorado para ganhar votos e os liberais quase não registraram
presença nos resultados das urnas, é o pavor de ver ultraconservadores no poder.
“Nós somos muito mais progressistas do que essas pessoas que vão chegar ao poder
pelas urnas”, diz a monarquia mandante.
E, pasmem, Rasheed concorda afirmando que “de certo jeito,
no reino, eles estavam certos”.
Por certo as mulheres vão votar, mas sabe-se lá como, já que
a escravidão em que continuarão mantidas reduz a zero a importância do fato, a
começar por não haver partidos políticos e por não se ter a mínima informação sobre
o secretismo dos votos. Em um país onde uma mulher adulta ainda precisa da
permissão do pai, marido ou irmão para viajar para fora do país, aceitar um
emprego ou abrir uma conta bancária, sem falar em outros absurdos muito maiores,
a permissão do voto das mulheres não significa bulhufas.
Rasheed é definitivamente uma piada de mau gosto.
Apenas por curiosidade, como vão conferir se a mulher que está votando é a mesma da foto do documento?
ResponderExcluir(argento) ... dois compadres bêbados como uma porca estavam pescando em um rio
Excluir- Cumpadi, jacaré comeu meu pé.
- Qual?
- Não sei, jacaré é tudo igual