Carlos Newton: Dilma e Wagner sabiam do decreto sobre
nomeação de militares?
Eva manda mais do que Wagner |
Quando li nos jornais a polêmica sobre o decreto fajuto que
atribuía ao ministro da Defesa a prerrogativa de nomear, remover e promover
oficiais das Forças Armadas, numa iniciativa atribuída à secretária-geral do
Ministério da Defesa, pensei logo que o ministro Jaques Wagner estivesse com
graves problemas pessoais e mentais, a ponto de contratar para cargo tão
importante uma pessoa capaz de desrespeitar a hierarquia, fraudar assinatura e
criar uma crise absolutamente desnecessárias, numa hora dessas. Relendo com
mais calma o noticiário, percebi que me enganara. A secretária-geral Eva dal
Chiavon é experiente e qualificada, tendo sido chefe da Casa Civil do governo
da Bahia. O único defeito que se coloca nela é ser casada com o principal
executivo do Movimento dos Sem Terra, Francisco dal Chiavon, mas este fato é
problema pessoal dela, o amor é lindo, ninguém tem nada a ver com isso.
Mas o noticiário revela que a secretária-geral, na ausência
do ministro, resolveu se comportar como se fosse superior a ele e agiu de forma
irresponsável nesse episódio do decreto, deixando em má situação a própria
presidente da República, e mesmo assim não acontece nada a ela, que parece
pairar acima da lei e da ordem.
CRIMES COMETIDOS
Falsidade ideológica, contrafação, prevaricação – podem ser
diversos os crimes cometidos pela secretária-geral, conforme salienta o
advogado Celso Serra, ao chamar atenção para a importância do ato consumado por
Eva dal Chiavon, que na ausência do ministro Jaques Wagner conseguiu a
assinatura da presidente da República e mandou publicar no Diário Oficial da
União um decreto supostamente assinado também pelo ministro em exercício,
almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira.
Acontece que vice-ministro (hipoteticamente em exercício)
garante não ter firmado o tal decreto que propicia ao Ministério alterar de
modo substantivo a composição das Forças Armadas. E se o almirante não assinou,
fica logo confirmado o crime de contrafação, não é preciso nem investigar.
Trata-se de fatos públicos e notórios. Portanto, a
Procuradoria Geral da República precisa entrar em cena para informar aos
brasileiros se pretende abrir inquérito sobre os atos cometidos pela
secretária-geral Eva dal Chiavon, ou vai tentar passar uma borracha nisso tudo.
JAQUES E DILMA SABIAM?
Até agora, a secretária-geral continua no cargo, não se
falou em demissão. Sua permanência na função deixa algumas dúvidas cruéis. O
ministro Jaques Wagner e a presidente Dilma realmente não sabiam desse decreto,
que estava engavetado há três anos? Quem desengavetou foi a própria
secretária-geral? Por ordem de quem? Que lhe deu ordem para publicar o decreto
no Diário Oficial na ausência do ministro? Por que ainda não foi punida?
Essas indagações deixam clara a possibilidade de o ministro
Jaques Wagner e a presidente Dilma Rousseff terem combinado a edição do
decreto, que ele resolveu executar quando estivesse ausente, para parecer que
havia concordância dos chefes militares, pois contava com a assinatura do
vice-ministro, Almirante Eduardo Bacellar, muito respeitado nas Forças Armadas
e ex-chefe da Escola Superior de Guerra.
A secretária-geral obedeceu à ordem, mas não teve coragem de
pedir a assinatura do vice-ministro e aconteceu essa polêmica toda. É claro que
Dilma e Wagner sabiam de tudo, caso contrário a presidente teria ligado para o
celular dele. Se a culpa fosse exclusivamente de Eva dal Chiavon, é óbvio que
esta senhora já teria sido demitida.
Porém, se todo esse raciocínio está equivocado e Eva dal
Chiavon continua na função exclusivamente devido ao prestígio de seu marido,
chefão do MST, será o caso de colocar logo o sem-terra Francisco Dal Chiavon no
lugar de Dilma, porque é mais importante do que ela. Ou não?
O QUE DIZ A LEI
O mais incrível é que tanto o decreto (com a griffe Chiavon)
quanto a portaria retificadora (com a griffe Wagner) são absolutamente
inconstitucionais, como nos ensina o comentarista José Augusto Aranha:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
…
XIII – exercer o comando supremo das Forças Armadas,
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos;
…
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.”
Ou seja, o inciso XIII não está aberto à delegação, que até
já virou moda. Mas neste país, quem se interessa pela Constituição?
PS – Para não misturar as bolas, deixaremos de comentar hoje
o favorecimento da enfermeira Fátima Mendonça, mulher de Jaques Wagner. Ela se
tornou servidora sem fazer concurso e foi nomeada assessora de supervisão geral
da Coordenação de Assistência Médica do Tribunal de Justiça de Salvador, à
época com salário de R$ 14,6 mil. Quando Wagner elegeu-se governador, ela
simulou se afastar, a pretexto de assumir o comando das Voluntárias Sociais,
cargo tradicionalmente reservado às primeiras-damas, mas continuou recebendo o
salário. Segundo a então corregedora do Conselho Nacional de Justiça, Eliana
Calmon, que é baiana, na verdade a enfermeira Fátima jamais trabalhou no
Tribunal, apenas constava (e consta) da folha de pagamentos.
Então tá. O Ricardo é chefão do TMU, eu (Milton) o secretário que não faz nada, o Argento é o cara que serve cafezinho. O Ricardo passa a função de servir cafezinho para o Milton que resolve transferir para outra pessoa, ninguém menos que o Argento, que já servia cafezinho antes. Como o PT sempre consegue piorar, ninguém sabe porque mandaram publicar, ninguém sabe quem assinou ou deixou de assinar, mas o que ninguém se deu conta é que no momento ninguém sabe quem deve servir o cafezinho.
ResponderExcluir(argento) ... Epa!, peralá!, aqui quem serve o cafezinho sou eu! ...
ExcluirMilton, a esculhambação é tal que isso ser verdade já não surpreende ninguém.
ExcluirArgento, o povo brasileiro está esperando que os militares digam exatamente isso.
ExcluirRicardo, você disse quase tudo, faltou dizer que a única coisa que surpreende alguém é a capacidade que ele tem de encontrar algo ainda está inteiro para poder quebrar.
ExcluirEx: Manchete da Folha, Estadão, Globo e Veja: Dima quebrou uma xícara.
ExcluirSurpresa: ainda tinha uma xícara inteira?