No momento quem ganha as eleições para a Presidência da República é a dúvida.

O resultado dessa pesquisa do Datafolha sobre “quais dos candidatos você não votaria de jeito nenhum no primeiro turno” foi muito estranho. Vejam que a soma dos resultados deu apenas 158, ou seja, entre os dez candidatos há uma média de rejeição de 15,8%, muito pouco para o meu gosto.

Se você tem um candidato definido, suponhamos, Dilma, não vai nem pensar em votar em outros no primeiro turno, portanto, marcaria o “não votaria de jeito nenhum” nos outros nove, é claro.

Então vamos ao quadro completo: Dilma tem 38% de votos declarados, Aécio 20%, Campos 9% e os outros sete somados, mais 9%, o que significa que 76% dos eleitores já têm seus candidatos definidos no primeiro turno. Se houvesse coerência entre as duas perguntas, desconsiderando os 24% de brancos, nulos, nenhum (13%) e indecisos (11%), teríamos Dilma com 38% de rejeição, Aécio com 56% e Campos com 67% e os outros sete, variando entre 72% e 76% de rejeição, o que somaria 684, ou, uma média de 68,4% de rejeição, mais de quatro vezes a média de 15,8% da pesquisa.

E o que significa isso? Bom, partindo do pressuposto de uma pesquisa confiável, chega-se à conclusão que a parte não confiável são os eleitores, porque 52,6% (68,4% - 15,8% = 52,6%) dos que declararam seus votos em candidatos específicos admitem votar em outros, por exclusão.

Concluindo, se somarmos esses 52,6% que declararam seus votos em candidatos específicos, mas admitem votar em outros, aos 11% indecisos, temos 63,6% de eleitores que ainda não sabem em quem votar. Portanto, se dois terços do eleitorado estão nessa situação, qualquer previsão ou mesmo favoritismo atual é maluquice. No momento quem ganha as eleições para a Presidência da República é a dúvida.