segunda-feira, 21 de julho de 2014

Somos o país que mais perde tempo para combater indisciplina de alunos

Brasil em primeiro, por Tania Zagury, filósofa e educadora.

É verdade, ficamos em primeiro, mas não na Copa! Estou me referindo ao estudo que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico divulgou no qual ocupamos o primeiro em bagunça na sala de aula. Somos o país cujos professores mais perdem tempo para combater a indisciplina (20% do tempo, mais 12,2% em tarefas como fazer a chamada, e somente 67% em atividades pedagógicas).

Diante do quadro, sobram especulações. Segundo alguns, falta ao docente domínio de classe; outros apontam a tecnologia como solução; há os que afirmam que as aulas são desmotivadoras e a bagunça, mera consequência. Preocupam-me afirmativas que culpam o professor - e param aí. Porque o problema é mais complexo e se agrava ano a ano. Professor apanhar de aluno ou ser xingado já é corriqueiro. E, sim, alguns docentes erram - afinal ninguém é perfeito.

Não nego que todas as hipóteses acima estejam corretas. Não atacam, porém, a raiz do problema. Estudo que empreendi em 2006, com cerca de dois mil docentes, mostrou que, de norte a sul do país, professores consideram a indisciplina e a falta de respeito dos alunos o seu mais grave problema. E sinto dizer: boa parte disso se origina na família e, claro, pode se agravar se a escola não for de qualidade. Verdade é que boa parte dos pais deixou de lado o que tão bem fazia: a socialização primária, que nada mais é do que ensinar limites, respeito a colegas e autoridades - enfim as bases da boa educação. O que faz muita diferença. E era o que permitia aos docentes iniciar a aula tão logo entrassem em sala. Hoje demanda meses para que alcancem a situação de aprendizagem - um conjunto de condições que têm que estar presentes no ambiente para propiciar concentração e foco, essenciais no processo de aprender.

Turmas muito indisciplinadas tornam impossível até mesmo escutar o que o professor diz, quanto mais se concentrar! Aprender assim é loteria. Claro, o professor tem ação preponderante no processo. Mas, na sala de aula que se rege pelo descompromisso, cadeiras e bolinhas voam! Além disso, há toda uma situação dita “politicamente correta” que inibe que se faça qualquer sanção a alunos recalcitrantes. A situação beira o insolúvel. Contribui bastante para o caos a postura de alguns pais que ameaçam trocar de escola quando contrariados ou “denunciar à imprensa” quem puniu o seu anjinho... Tudo isso levou os alunos à percepção de que podem fazer tudo que quiserem que nada lhes acontecerá. E podem mesmo, em muitos casos.

A escola tornou-se refém dos que insistem em torpedear a própria aprendizagem - e acabam prejudicando a todos. Então, antes de comprar tablets, é preciso garantir espaço mínimo de autoridade pedagógica ao gestor e sua equipe, sem o que é impossível propiciar qualidade. Claro, o professor pode e deve dar aulas modernas e usar meios que ajudem a motivar. Mas é importante saber que, se seis em cada 30 alunos não querem fazer nada a não ser pular e cutucar colegas, e se o professor não tem meios para impedi-los, acabam tornando impossível aos demais até mesmo... ligar o tablet! E aí, aprender o quê? E ensinar como?

Eu não tenho dúvidas que esse comportamento é fruto de 12 anos de governo do PT, cujo exemplo dado e incentivado pelos seus dirigentes é o desrespeito a tudo e a todos, a começar pelo seu deus apedeuta que, pelo que diz e faz, não respeita nada e tampouco se faz respeitar, um sujeito sem formação, não acadêmica, mas de valores morais e éticos. Um amoral nato.

Esse é o padrão do brasil do pt.

9 comentários:

  1. Os doze anos de PT agravaram a situação, mas ela começou há muito tempo. A filósofa e educadora diz que empreendeu um estudo em 2006, com certa de dois mil docentes, então eu gostaria de saber o que ela fazia antes de 2006, pois para ser filósofo e educador é necessário estar em estudo constante, mas pelo texto que ela apresentou ela não tem nenhuma informação anterior a 2006 sobre o “estudo que ela empreendeu”.

    Vou mencionar aqui algumas observações que fiz durante minha trajetória na escola e meu convívio com alunos e professores até o dia de hoje.

    1) A pedagogia tornou-se pautada pela psicologia, conforme a interferência da psicologia aumentava na pedagogia, a qualidade do ensino diminuía.
    2) A psicologia atingiu um grau de interferência tão grande que surgiu a psicopedagogia.
    3) Alunos com deficiência de aprendizado são sistematicamente encaminhados pelos professores aos psicólogos, que os encaminham para os psicopedagogos.
    4) Professores, psicólogos e psicopedagogos não se relacionam com os alunos, relacionam-se com “perfis psicológicos”. Os três responsabilizam a família pelo rendimento (ou comportamento) do aluno, mas se o aluno superar suas deficiências o mérito não será da família.
    5) Nenhum psicólogo, psicopedagogo ou professor se propõe a analisar e discutir a qualidade dos livros didáticos com os pais, nem sequer procuram fazer qualquer avaliação dos mesmos.

    Resumindo, os responsáveis pela destruição do ensino e pela desestruturação das famílias estão culpando as famílias pela catástrofe que produziram.

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    1. (argento) ... acertou na Mosca, Milton; é, sim, a Política que se pratica no BraZiu, Desde a época da Revolução de 1964, a Educação-Ensino vem se deteriorando a olhos vistos (só não vê quem não quer). Como nenhuma política para reversão deste quadro foi praticada por nenhum dos Partidecos-Sopa-de-Letrinhas que, hoje, tentam Impor a "Culpa na Família, por eles mesmos desestruturada, chegamos a este estado de Absurdidade. (argento)

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    2. (argento) ... o que são, a Sopa-de-Letrinhas e os Parlamentos senão um Grande Balcão de Negócios? (argento)

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    3. Bom, Milton, a qualidade do ensino não é o foco do artigo e sim uma consequência da indisciplina dos alunos, que é uma das suas causas. Você e o Argento foram para caminhos diferentes dos do artigo, que trata do comportamento dos alunos e do seu desrespeito às autoridades, uma total falta de noção de hierarquia.

      E isso começou bem depois de 64, porque até eu encerrar minha longa carreira de universitário, em 1977, ainda havia um relativo respeito ao corpo docente.

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    4. (argento) Embora a "qualidade" não seja o foco da abordagem, esta decaiu não só em função da indisciplina dos alunos, mas do descaso com a políticas de Educação, aliado ao "politicamente correto Estatuto" que retira o Arbítrio Disciplinador dos Pais e da Escola.

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    5. (argento) ... parte dos meus custeios vieram das aulas de reforço, onde pude acompanhar mais de perto a involução da qualidade do "ençino" ministrado nas escolas (argento)

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    6. (argento) hehehehehe... acredito que nem mesmo Tania Zagury, filósofa e educadora, acredite no que escreveu. (argento)

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  2. Caro Ricardo, o artigo responsabiliza o comportamento dos alunos pela qualidade do ensino, enquanto que eu me contraponho dizendo que a qualidade do ensino é responsável pelo comportamento dos alunos, pela desestruturação da família. Acabaram com a qualidade do ensino há muito tempo, e o comportamento dos alunos foi piorando junto com a qualidade do ensino, agora chegam os responsáveis pela destruição do ensino e culpam os alunos que são as vítimas.

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  3. (argento) ... a "escola" e o "ensino" foram bagunçados, a bagunça e o desinteresse dos alunos é uma consequência disto, não tenho dúvida, endosso Miltom. (argento)

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