O assédio cubano - Roberto Lopes
Oficiais lotados no Ministério da Defesa tentaram
neutralizar a atuação dos civis petistas que facilitam a parceria com os
cubanos na área das informações estratégicas
A inteligência militar brasileira está inquieta. Diplomatas
de Cuba vêm assediando funcionários de missões diplomáticas brasileiras no
exterior, em busca de informações sobre: (a) a expansão do esforço antidrogas
do Brasil na América do Sul, em substituição ao papel antes desempenhado pelo
governo americano - fato que ocorre, por exemplo, na Bolívia; (b) a real medida
da resistência brasileira à importação de médicos cubanos; (c) os motivos que
levam a maioria dos formadores de opinião do país a se entrincheirar contra o
chavismo.
Tal aproximação representaria o início de um processo de
infiltração da inteligência cubana no Brasil, já que, em Havana, o recrutamento
de diplomatas para serviços de coleta de informações é rotineiro.
Recentemente, oficiais lotados no Ministério da Defesa
tentaram neutralizar a atuação dos civis petistas que facilitam a parceria com
os cubanos na área das informações estratégicas. Mas não conseguiram. Tais
servidores parecem ser irremovíveis, e não porque tenham sido nomeados pela
presidente Dilma Rousseff, mas porque fazem parte da cota pessoal do
ex-presidente Lula na administração federal.
O pessoal do G2 - Seguridad del Estado - e da
contraespionagem militar cubana teve facilidade em dominar o aparato de
segurança interna e a contraespionagem venezuelanos, porque lá o chavismo
exigiu a politização das Forças Armadas. Coronéis (e simples majores)
castristas desfilam como se fossem divindades pelos quartéis venezuelanos. À
passagem deles, diz-se, os militares locais juntam os calcanhares e adotam
rígida posição de sentido.
O Brasil é, felizmente, um desafio imensamente maior para os
cubanos que a Venezuela, ou a Bolívia do compañero Evo. Tanto o ex-presidente
Lula quanto o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, já
precisaram ouvir de patentes militares que o pior que poderia acontecer no país
seria a politização das Forças Armadas brasileiras. E isso porque, no Palácio
do Planalto, houve quem (do alto da barba, dos óculos e da gravata borboleta)
sonhasse com oficiais-generais lulistas...
Nunca existiu um partido que apoiasse tanto a renovação dos
meios de Defesa no país quanto o PT (e um que frustrasse tanto as expectativas
dos militares quanto o PSDB), mas o preço que os petistas cobram por seu apoio
é alto.
Essa conjunção de fatores fez surgir certa expectativa em
relação à dupla Eduardo Campos/Marina Silva. Ele, neto de um político no
passado perseguido pelos militares; ela, a guerreira da Amazônia, que
representa um potencial de problemas a certas medidas consideradas urgentes
pelos militares, como a modernização da BR-319 (Manaus-Porto Velho).
A questão é que, além dos seus históricos pessoais, a dupla
Eduardo/Marina também oferece um compromisso com ética e ação governamental
(desenvolvimentista) mais eficiente. E isso é, verdadeiramente, novo.
Talvez eles até consigam deixar o Itamaraty esticar o
pescoço por cima da linha do Equador, para enxergar que existem chances de
cooperação fora do eixo Sul-Sul. E, ao afrouxar a rigidez sobre o leme,
permitam que a nau gire suavemente, adotando outra proa.
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