Segundo informações do site Congresso em Foco, um projeto de
lei do deputado Cláudio Cajado (DEM-BA) cujo texto está em fase final de
elaboração e deverá ser apresentado em setembro, pretende punir pessoas que
criam páginas ofensivas e difamatórias contra parlamentares e políticos em
geral na internet. A proposta quer acelerar a identificação dos usuários linguarudos
e responsabilizar criminalmente os provedores, portais e redes sociais que
hospedam o conteúdo. Caso um usuário crie um perfil falso no Facebook que
atinja a honra de algum deputado, por exemplo, a empresa será acionada, assim
como o internauta.
Detalhe: a proposta tem o apoio do infausto Eduardo Cunha
(PMDB - RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e deve ser votada em regime de
urgência nos próximos meses.
Então vamos ver quem é Cláudio Cajado. Para começo de
conversa, segundo o site Excelências, não parece haver ocorrências envolvendo o
parlamentar, o que pode acontecer por ausência de menção a processo em que o
parlamentar é réu ou foi punido porque tais informações dependem da
disponibilidade de dados em cada Corte, havendo grande disparidade entre elas.
Parece ser um bom moço...
Na atual legislatura, que começou este ano, Cláudio Cajado já
faltou a 24 sessões plenárias das 74 realizadas até 19/8 (32,9%), sendo que 21 faltas
foram em “missões autorizadas”: 8 dias em Paris, no 51º Salão Internacional da
Aeronáutica e do Espaço, e 13 dias em Hanói, na 132 ª Assembléia da União
Interparlamentar.
Eu gostaria de saber quais foram os benefícios ao País que
Cajado trouxe dessas viagens. Aliás nunca soube nada sobre qualquer dessas corriqueira
viagens de parlamentares ao exterior, à nossa custa, a não ser a de José
Lourenço, deputado federal constituinte de nacionalidade portuguesa, quando foi
multado em Lisboa por estar fazendo pipi em uma ponte...
Na atual legislatura, a quarta de Cajado como deputado
federal, ainda não propôs coisa nenhuma, mas nas anteriores mostrou pouquíssima
produção, com apenas 23 propostas em 12 anos, muitas delas irrelevantes, entre
as quais uma “Sessão Solene para comemoração dos vinte anos de vigência do
Código de Defesa do Consumidor”, a instituição do ano de 2013 como “Ano da
Coreia do Sul no Brasil” e o requerimento de “manifestação de apoio à paz, ao
fim da violência e à integridade da soberania e da unidade territorial da
Ucrânia, fazendo-se consignar nos anais da Comissão”. É chegado a um obaoba.
Fora o valor das passagens e estadias a Paris e Hanói (que
deve ser uma baba), que ainda não foram computadas, Cajado usou R$ 64.160 em cotas
parlamentares até o dia 19/8.
Falando em grana, a campanha de Cajado em 2014 arrecadou R$
1.901.580,00 (R$ 40.000,00 em autodoações), mais de R$ 500 mil acima da média das
receitas dos deputados eleitos na Bahia, o que dá o custo de R$ 21,34 por cada
um dos seus 89.118 votos, contra uma média de menos de R$ 0,50 entre todos os
eleitos (do site Às Claras). Gastador o rapaz...
Custo de cada voto |
Mas o que mais chama atenção, depois da irrelevância das
suas propostas, é a sua evolução patrimonial. Senão vejamos:
Em 2006: R$ 3.408.327,00;
Em 2010: R$ 4.289.321,00 (mais 26%);
Em 2014: R$ 7.876.714,00 (mais 83%).
Interessante como a carreira política dá um “realce” no
patrimônio das pessoas, não é mesmo? Um sujeito que teve vencimentos de R$ 26,7
mil entre 2010 e 2014 conseguiu aumentar seu patrimônio em exatos R$ 3.587.393,00,
ou seja, para cada mês “trabalhado”, R$ 74.737,35 “incorporado” - três vezes
seu salário.
Não é um milagre? Acho curioso que, apesar dessa competência
toda dos políticos em aumentar seus patrimônios, não apareça um só que dê jeito
no País. Por que será, que enquanto eles enriquecem o Brasil empobrece, hem?...
Bom, mas aonde eu estava?... Ah, sim, na censura da
Internet. Será que falar a verdade pode? Se eu disser que Eduardo Cunha - que
apóia a censura - é um criminoso porque foi condenado juntamente com Domingos
Brazão (PMDB-RJ) por captação ilícita de sufrágio e por uso eleitoral de
serviços custeados pelo poder público na campanha eleitoral de 2006, vou ser
punido?
Aliás, será que alguém já andou
fazendo indagações sobre a variação patrimonial de Cláudio Cajado e, e exatamente por isso, ele esteja tão preocupado com a reputação dos políticos? Pergunto porque não me
consta que alguém do DEM apoie ideias tipicamente esquerdopatas como a dele,
portanto, desconfio que Cajado esteja apenas legislando em causa própria.
Não falar mal de político na internet significa que noventa porcento daquilo que se fala na internet sobre políticos deixará de ser falado. Eu desafio o ilustre deputado a falar do Collor na internet sem falar mal dele, o próprio nome Collor já virou sinônimo de coisa ruim.
ResponderExcluirEu disse que Dilma não duraria até setembro na presidência, errei por excesso de boa-fé, Dilma não renunciou cargo, mas renunciou à função, enviou um orçamento bomba para o congresso consertar, Dilma transferiu o governo para o legislativo. O Papa Francisco que se cuide, a Dilma é capaz de transferir o governo para o Vaticano.
(argento) ... aliás, virou fato corriqueiro, político enriquecer durante sucessivos mandatos ,,, quanto ás diferenças entre Collor - não foi Impedido porque renunciou - e Dilma - apesar dos "desejos" de Impedi-la - é que Collor serviu aos próprios interesses e Dilma ao Sistema ,,, falar mal (expor fatos relevantes) não pode ,,, e xingar (sem expor fatos relevantes) pode?
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