Folha
Em Cuba, matar e vender uma vaca pode dar até 18 anos de
prisão. Segundo o código penal, trata-se de “sacrifício ilegal de gado e venda
de suas carnes”. O cubano que matar uma vaca sem autorização do governo, mesmo
que o animal pertença a ele (50% das cabeças de gado da ilha são particulares
ou de cooperativas), fica entre 4 e 10 anos atrás das grades. Se vender essa
carne diretamente ao consumidor, no mercado negro, em vez de repassar ao Estado
por preços irrisórios, fica mais 3 a 8 anos preso. Ou seja, quem mata e vende
uma vaca em Cuba pode ficar mais tempo preso do que alguém que comete homicídio
simples, que passa até 15 anos na prisão.
Resultado: muitos cubanos são “criativos”. Alguns amarram
suas vacas nos trilhos do trem para que elas sofram “acidentes” (ainda que
possam ser multados por isso). Outros fingem que o gado foi roubado para poder
vender a carne.
De qualquer modo, carne é artigo de luxo. Só turistas, gente
que recebe remessas de parentes ou ganha em dólares consegue comprar. O produto
não faz parte da cesta básica disponível em pesos cubanos. Quem precisa de
proteína, come frango, quando tem, ou apela para salsicha ou um atroz
“picadillo” feito de soja, gordura e miúdos.
Até existe carne à venda nas lojas dolarizadas, que vendem
em CUCs, o peso conversível. Mas o preço é proibitivo. O salário médio em Cuba
é de 30 CUC (US$ 33) e o quilo da carne de vaca sai a 12 CUC (US$ 13). O único
jeito é comprar no mercado negro, a 2 CUC o quilo. Isso implica muitas vezes
comprar do pessoal que chega com bifes escondidos debaixo do casaco, de
procedência duvidosa.
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