quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Em Cuba, matar uma vaca, mesmo que seja sua, dá 18 anos de cana

Folha

Em Cuba, matar e vender uma vaca pode dar até 18 anos de prisão. Segundo o código penal, trata-se de “sacrifício ilegal de gado e venda de suas carnes”. O cubano que matar uma vaca sem autorização do governo, mesmo que o animal pertença a ele (50% das cabeças de gado da ilha são particulares ou de cooperativas), fica entre 4 e 10 anos atrás das grades. Se vender essa carne diretamente ao consumidor, no mercado negro, em vez de repassar ao Estado por preços irrisórios, fica mais 3 a 8 anos preso. Ou seja, quem mata e vende uma vaca em Cuba pode ficar mais tempo preso do que alguém que comete homicídio simples, que passa até 15 anos na prisão.

Resultado: muitos cubanos são “criativos”. Alguns amarram suas vacas nos trilhos do trem para que elas sofram “acidentes” (ainda que possam ser multados por isso). Outros fingem que o gado foi roubado para poder vender a carne.

De qualquer modo, carne é artigo de luxo. Só turistas, gente que recebe remessas de parentes ou ganha em dólares consegue comprar. O produto não faz parte da cesta básica disponível em pesos cubanos. Quem precisa de proteína, come frango, quando tem, ou apela para salsicha ou um atroz “picadillo” feito de soja, gordura e miúdos.

Até existe carne à venda nas lojas dolarizadas, que vendem em CUCs, o peso conversível. Mas o preço é proibitivo. O salário médio em Cuba é de 30 CUC (US$ 33) e o quilo da carne de vaca sai a 12 CUC (US$ 13). O único jeito é comprar no mercado negro, a 2 CUC o quilo. Isso implica muitas vezes comprar do pessoal que chega com bifes escondidos debaixo do casaco, de procedência duvidosa.

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