Fala sério, Boff, de quem é na verdade esse “texto de um
padre que é teólogo e historiador e conhece bem a situação da França atual”? Vai enganar o cacete e tome a resposta de Vlady Oliver como parâmetro!
Leonardo Boff: Eu não sou Charlie, je ne suis pas Charlie
Há muita confusão acerca do atentado terrorista em Paris,
matando vários cartunistas. Quase só se ouve um lado e não se buscam as raízes
mais profundas deste fato condenável mas que exige uma interpretação que
englobe seus vários aspectos ocultados pela midia internacional e pela comoção
legítima face a um ato criminoso. Mas ele é uma resposta a algo que ofendia
milhares de fiéis muçulmanos. Evidentemente não se responde com o assassinato.
Mas também não se devem criar as condições psicológicas e políticas que levem a
alguns radicais a lançarem mão de meios reprováveis sobre todos os aspectos.
Publico aqui um texto de um padre que é teólogo e historiador e conhece bem a situação
da França atual. Ele nos fornece dados que muitos talvez não os conheçam. Suas
reflexões nos ajudam a ver a complexidade deste anti-fenômeno com suas
aplicações também à situação no Brasil: Lboff
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Eu condeno os atentados em Paris, condeno todos os atentados
e toda a violência, apesar de muitas vezes xingar e esbravejar no meio de
discussões, sou da paz e me esforço para ter auto controle sobre minhas
emoções…
Lembro da frase de John Donne: “A morte de cada homem
diminui-me, pois faço parte da humanidade; eis porque nunca me pergunto por
quem dobram os sinos: é por mim”. Não acho que nenhum dos cartunistas “mereceu”
levar um tiro, ninguém o merece, acredito na mudança, na evolução, na
conversão. Em momento nenhum, eu quis que os cartunistas da Charlie Hebdo
morressem. Mas eu queria que eles evoluíssem, que mudassem… Ainda estou
constrangido pelos atentados à verdade, à boa imprensa, à honestidade, que a
revista Veja, a Globo e outros veículos da imprensa brasileira promoveram nesta
última eleição.
A Charlie Hebdo é uma revista importante na França, fundada
em 1970, é mais ou menos o que foi o Pasquim. Isso lá na França. 90% do mundo
(eu inclusive) só foi conhecer a Charlie Hebdo em 2006, e já de uma forma
bastante negativa: a revista republicou as charges do jornal dinamarquês
Jyllands-Posten (identificado como “Liberal-Conservador”, ou seja, a direita
europeia). E porque fez isso? Oficialmente, em nome da “Liberdade de
Expressão”, mas tem mais…
O editor da revista na época era Philippe Val. O mesmo que
escreveu um texto em 2000 chamando os palestinos (sim! O povo todo) de
“não-civilizados” (o que gerou críticas da colega de revista Mona Chollet
(críticas que foram resolvidas com a demissão sumaria dela). Ele ficou no
comando até 2009, quando foi substituído por Stéphane Charbonnier, conhecido só
como Charb. Foi sob o comando dele que a revista intensificou suas charges
relacionadas ao Islã, ainda mais após o atentado que a revista sofreu em 2011…
A França tem 6,2 milhões de muçulmanos. São, na maioria,
imigrantes das ex-colônias francesas. Esses muçulmanos não estão inseridos
igualmente na sociedade francesa. A grande maioria é pobre, legada à condição
de “cidadão de segunda classe”, vítimas de preconceitos e exclusões. Após os
atentados do World Trade Center, a situação piorou.
Alguns chamam os cartunistas mortos de “heróis” ou de os
“gigantes do humor politicamente incorreto”, outros muitos os chamam de
“mártires da liberdade de expressão”. Vou colocar na conta do momento, da
emoção. As charges polêmicas do Charlie Hebdo, como os comentários políticos de
colunistas da Veja, são de péssimo gosto, mas isso não está em questão. O fato
é que elas são perigosas, criminosas até, por dois motivos.
O primeiro é a intolerância. Na religião muçulmana, há um
princípio que diz que o Profeta Maomé não pode ser retratado, de forma alguma.
Esse é um preceito central da crença Islâmica, e desrespeitar isso desrespeita
todos os muçulmanos. Fazendo um paralelo, é como se um pastor evangélico
chutasse a imagem de Nossa Senhora para atacar os católicos…
Qual é o objetivo disso? O próprio Charb falou: “É preciso
que o Islã esteja tão banalizado quanto o catolicismo”. “É preciso” porque?
Para que?
Note que ele não está falando em atacar alguns indivíduos
radicais, alguns pontos específicos da doutrina islâmica, ou o fanatismo
religioso. O alvo é o Islã, por si só. Há décadas os culturalistas já falavam
da tentativa de impor os valores ocidentais ao mundo todo. Atacar a cultura
alheia sempre é um ato imperialista. Na época das primeiras publicações,
diversas associações islâmicas se sentiram ofendidas e decidiram processar a
revista. Os tribunais franceses, famosos há mais de um século pela xenofobia e
intolerância (ver Caso Dreyfus), como o STF no Brasil, que foi parcial nas
decisões nas últimas eleições e no julgar com dois pessoas e duas medidas caos
de corrupção de políticos do PSDB ou do PT, deram ganho de causa para a
revista.
Foi como um incentivo. E a Charlie Hebdo abraçou esse
incentivo e intensificou as charges e textos contra o Islã e contra o
cristianismo, se tem dúvidas, procure no Google e veja as publicações que eles
fazem, não tenho coragem de publicá-las aqui…
Mas existe outro problema, ainda mais grave. A maneira como
o jornal retratava os muçulmanos era sempre ofensiva. Os adeptos do Islã sempre
estavam caracterizados por suas roupas típicas, e sempre portando armas ou
fazendo alusões à violência, com trocadilhos infames com “matar” e
“explodir”…). Alguns argumentam que o alvo era somente “os indivíduos
radicais”, mas a partir do momento que somente esses indivíduos são mostrados,
cria-se uma generalização. Nem sempre existe um signo claro que indique que
aquele muçulmano é um desviante, já que na maioria dos casos é só o desviante
que aparece. É como se fizéssemos no Brasil uma charge de um negro assaltante e
disséssemos que ela não critica/estereotipa os negros, somente aqueles negros
que assaltam…
E aí colocamos esse tipo de mensagem na sociedade francesa,
com seus 10% de muçulmanos já marginalizados. O poeta satírico francês Jean de
Santeul cunhou a frase: “Castigat ridendo mores” (costumes são corrigidos
rindo-se deles). A piada tem esse poder. Mas piada são sempre preconceituosas,
ela transmite e alimenta o preconceito. Se ela sempre retrata o árabe como
terrorista, as pessoas começam a acreditar que todo árabe é terrorista. Se esse
árabe terrorista dos quadrinhos se veste exatamente da mesma forma que seu
vizinho muçulmano, a relação de identificação-projeção é criada mesmo que
inconscientemente. Os quadrinhos, capas e textos da Charlie Hebdo promoviam a
Islamofobia. Como toda população marginalizada, os muçulmanos franceses são
alvo de ataques de grupos de extrema-direita. Esses ataques matam pessoas. Falar
que “Com uma caneta eu não degolo ninguém”, como disse Charb, é hipócrita. Com
uma caneta se prega o ódio que mata pessoas…
Uma das defesas comuns ao estilo do Charlie Hebdo é dizer
que eles também criticavam católicos e judeus…
Se as outras religiões não reagiram a ofensa, isso é um
problema delas. Ninguém é obrigado a ser ofendido calado.
“Mas isso é motivo para matarem os caras!?”. Não. Claro que
não. Ninguém em sã consciência apoia os atentados. Os três atiradores
representam o que há de pior na humanidade: gente incapaz de dialogar. Mas é
fato que o atentado poderia ter sido evitado. Bastava que a justiça tivesse
punido a Charlie Hebdo no primeiro excesso, assim como deveria/deve punir a
Veja por suas mentiras. Traçasse uma linha dizendo: “Desse ponto vocês não
devem passar”.
“Mas isso é censura”, alguém argumentará. E eu direi, sim, é
censura. Um dos significados da palavra “Censura” é repreender. A censura já
existe. Quando se decide que você não pode sair simplesmente inventando
histórias caluniosas sobre outra pessoa, isso é censura. Quando se diz que
determinados discursos fomentam o ódio e por isso devem ser evitados, como o
racismo ou a homofobia, isso é censura. Ou mesmo situações mais banais: quando
dizem que você não pode usar determinado personagem porque ele é propriedade de
outra pessoa, isso também é censura. Nem toda censura é ruim…
Deixo claro que não estou defendendo a censura prévia,
sempre burra. Não estou dizendo que deveria ter uma lista de palavras/situações
que deveriam ser banidas do humor. Estou dizendo que cada caso deveria ser
julgado. Excessos devem ser punidos. Não é “Não fale”. É “Fale, mas aguente as
consequências”. E é melhor que as consequências venham na forma de processos
judiciais do que de balas de fuzis ou bombas.
Voltando à França, hoje temos um país de luto. Porém, alguns
urubus são mais espertos do que outros, e já começamos a ver no que o atentado
vai dar. Em discurso, Marine Le Pen declarou: “a nação foi atacada, a nossa
cultura, o nosso modo de vida. Foi a eles que a guerra foi declarada”. Essa
fala mostra exatamente as raízes da islamofobia. Para os setores nacionalistas
franceses (de direita, centro ou esquerda), é inadmissível que 10% da população
do país não tenha interesse em seguir “o modo de vida francês”. Essa colônia,
que não se mistura, que não abandona sua identidade, é extremamente incômoda.
Contra isso, todo tipo de medida é tomada. Desde leis que proíbem imigrantes de
expressar sua religião até… charges ridicularizando o estilo de vida dos
muçulmanos! Muitos chargistas do mundo todo desenharam armas feitas com canetas
para homenagear as vítimas. De longe, a homenagem parece válida. Quando chegam
as notícias de que locais de culto islâmico na França foram atacados, um deles
com granadas!, nessa madrugada, a coisa perde um pouco a beleza. É a resposta
ao discurso de Le Pen, que pedia para a França declarar “guerra ao
fundamentalismo” (mas que nos ouvidos dos xenófobos ecoa como “guerra aos
muçulmanos”, e ela sabe disso).
Por isso tudo, apesar de lamentar e repudiar o ato bárbaro
do atentado, eu não sou Charlie. Je ne suis pas Charlie.
Vlady Oliver: Anatomia de um imbecil
Leonardo, o Bofe, não é Charlie. Je ne suis pas Charlie.
Leonardo, o Bofe, é tão somente um cretino. Ele publica o texto de um padre
teólogo que, se não me falha a memória, atende pela alcunha dele mesmo, o
idiota. Ele condena os atentados, mas entre aspas. Ele xinga e esbraveja,
apesar de ser da paz. Para esse cretino fundamental, os cartunistas não
“mereciam” levar um tiro; eles mereciam “evoluir”.
E quanto aos atiradores? Estes não merecem “evoluir”,
segundo sua ótica rasteira e vagabunda? Ou eles servem aos seus “propósitos”
pacíficos armando guerra? Ele está constrangido. Mas com a VEJA e a Globo, que,
segundo o deliquente senil - o upgrade do deliquente juvenil - atentam contra a
verdade e a boa imprensa. Ele conheceu o “Pasquim de lá” de um forma bastante
negativa, segundo o bravo. Porque republicou charges de um jornal dinamarquês
“liberal-conservador”, em nome de uma tal de “liberdade de expressão”. Tudo
entre aspas.
Foi esse o crime cometido pelas vítimas do terror - julgadas
e condenadas à morte por um tribunal de exceção que o bode velho finge não ver.
Mas tem mais… ACUMA? Mais o quê, cara pálida? O crime é esse? Ser
“liberal-conservador”? Não serem seres evoluídos como os algozes que tangem em
ferro, engordam e matam seu grupamento bovino? Nenhuma linha contra a violência
e a barbárie do grupo, é evidente. Está preocupado, o bofe, é com as “charges
de péssimo gosto” do Charlie. Com a “França dos excluídos”. Para o vagabundo,
criminosas mesmo são as charges do jornal.
Dá pra entender a inversão de valores? Segundo o irado
picareta o islã não pode ser banalizado como o catolicismo. Talvez por isso,
pela rédea solta, que um carcamano se denomine “padre teólogo” e siga essa
doutrinação rasteira e vigarista entre os cérebros baldios. Ninguém cassa a carteirinha
de habilitação desse cretino? O vagabundo continua por aí a dirigir paróquias
com essa desfaçatez? Segundo o padreco, a justiça deveria traçar uma linha
enquadrando o Charlie… e a VEJA !!! Quanta meiguice. “Nem toda censura é
ruim…”, sentencia o cavalgadura da teologia barata. Mas censura prévia não, que
ela é burra.
Inteligente é ele, com sua visão contida nas viseiras do
esquerdismo mais rampeiro. A comunidade é incômoda porque não se mistura. É
incômoda porque não abandona sua identidade. Eu já vejo diferente, meu caro
bofe. Ela é incômoda porque é encostada num barranco. Por que não larga as
armas. Por que mata gente que, se não é inocente como você prega, NÃO ANDA
ARMADA como a cambada que você defende. Eu entendo. Tem gente que não serve nem
pra adubo. Vagabundo.
Hai!!! Que preguiça!!!!
ResponderExcluirNão é somente um imbecil, alem de imbecil é petista, isso acarreta um perfil psicologico a ser analisado para o bem da sociedade.
ResponderExcluirEssa criatura é no final das contas um aniquilado mental.
(argento) ... well!, ola só o que descobri!: crimes e criminosos, religiões, politica, ..., podem ser "banalizados", menos a do islão, claro, eles, com suas "tropas de choque", matam!; descobri, também que, no passado, o velho cristianismo também tinha suas "tropas de choque" (conversões à força ou morte, algumas na fogueira) - já sei, alguns, cristãos, vão me "crucificar"...
ResponderExcluirNão vou crucificar não.
ExcluirSim aconteceu, é historia, vivemos no presente não é?
A historia não deve ser esquecida, mas comparar a cristandade de hoje com a epoca da inquisicao é realmente medonho.
Os cristianos desenvolveram, se hoje você pode ser curado de um câncer ou qualquer outra doença a qual ja existe cura, agradeca aos cristianos e aos judeus. Aliás, você não precisa agradecer, no entanto acho que não deveria parar no passado, a historia não pode ser criticada, pode sim e não deve ser repetida quando foi barbara aos olhos de hoje.
(argento) ... ganha a humanidade quando não repete a barbárie por que passou. É conveniente guardar (conhecer) a história para não repeti-la - lições da Roda de Samsara ... (das "minhas" conversas com Deus e Napoleão)
Excluir(argento) ... quanto aos "bofes" da vida, são (!)inocentes úteis(?), apenas repetem a "cantilena" ...
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