Carlos Chagas, da Tribuna da Internet
Trocar a diretoria?
Ou Dilma pede para sair?
O governo Dilma produziu um déficit de 17 bilhões de reais
em 2014. O Bradesco, no mesmo ano, apresentou lucro de 15 bilhões. Por mais que
se exalte a livre concorrência, a prevalência do mercado, a excelência do
sistema capitalista e tudo o mais que for, qual a conclusão? Que o banco foi
bem administrado, e o país, não? Que os correntistas do Bradesco estão felizes,
mas os brasileiros, não?
Tendo o ministro Joaquim Levy sido alto funcionário do
Bradesco, presume-se que tenha levado para o governo a experiência da
iniciativa privada e que, no final do ano, possa divulgar números compatíveis
com a eficiência contábil. A solução seria transformar o país num grande banco?
Ironias à parte, os acionistas do Bradesco estão mais ricos,
mas os sócios do Brasil S.A., no prejuízo. Optaram por Dilma, na última
assembléia geral, mas ela demonstra não ser nenhum dr. Trabuco, tanto que o
chefão do Bradesco rejeitou o convite para tornar-se ministro da Fazenda. O
remédio foi convocar um de seus auxiliares, Joaquim Levy.
Por mais que a presidente da República proclame que nossas
dificuldades devem-se à má conjuntura internacional, a verdade está aqui mesmo.
É a diretoria que vem fracassando. Na empresa privada, quando isso acontece,
trocam-se os diretores. No governo, há que esperar as eleições. Ou aguardar que
os fracassados tomem a iniciativa.
A pergunta que se faz é se vai dar para esperar quatro anos.
No parlamentarismo as mudanças acontecem à margem de prazos fixos. No
presidencialismo, não. Mas como aguentar uma situação onde o déficit é apenas
um dos fatores da bancarrota? Anos atrás, num plebiscito, o eleitorado optou
por rejeitar o governo de gabinete. Só uma nova Constituição, quer dizer,
apenas com a ruptura das instituições, seria possível mudar o sistema vigente.
Recursos extremos, como o impeachment, parecem fora de cogitações. O velho
Sobral Pinto, na sua última e magistral intervenção, lembrou que todo poder
emana do povo. Pois está aí a solução: Dilma, ficando sem povo, perceber que
deve e que precisa sair, pela impossibilidade de permanecer. Por mais estranho
que pareça, conforme inconfidência das paredes do palácio da Alvorada, foi
assim que ela explodiu esta semana, claro que por apenas dois fugazes segundos.
Achou melhor aguardar o superávit…
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