quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Os canalhas e suas desculpas

Do Sensacionalista

Cunha e mais sete desculpas mirabolantes de políticos que nem o Sensacionalista inventaria
Eles são muito, muito criativos. Basta que denúncias sejam feitas e investigações estejam em curso para que nossos políticos de maior destaque comecem a oferecer desculpas mirabolantes sobre a origem da própria riqueza.

Por isso, vamos voltar um pouco no tempo e relembrar histórias fantásticas de alguns representantes eleitos (e reeleitos) pelo povo brasileiro.

Tudo 100% verdade. A gente do Sensacionalista não teria capacidade de inventar algo assim. Estes são mestres. Como tal, merecem todo respeito e deferência.

“O dinheiro na Suíça foi conseguido vendendo carne enlatada para a África” Eduardo Cunha (2015)
Não foi só esta justificativa para os milhões numa conta em seu nome na Suíça que pareceu coisa do Sensacionalista. Cunha também afirma que parte do dinheiro foi depositado a sua revelia pelo deputado Fernando Diniz, morto em 2009. O deputado teria pegado dinheiro emprestado com Cunha porque perdeu tudo no esquema pirâmide de Bernie Madoff. Comprovantes? Ele não tem. Mas os comprovantes de que sua mulher, Cláudia Cruz, retirou US$ 59 mil para pagar aulas de tênis na Flórida? Estes existem

“Deus me ajudou e eu ganhei muito dinheiro” João Alves (1993)
Homem de sorte, o deputado João Alves, morto em 2004, foi um dos chamados “anões do orçamento”,  grupo de congressistas que desviou mais de 100 milhões de reais das contas públicas. João, que acabou conhecido como “João de Deus”, disse à CPI que havia ficado rico porque era um homem sortudo. Ele afirmou ter ganhado 200 vezes na loteria com a ajuda das forças divinas. Era verdade: ele ganhou, sim. Mas tudo não passava de um esquema para lavar o dinheiro desviado

“O dinheiro era para comprar panetones para entregar nos asilos e nas creches” José Roberto Arruda (2009)
Enquanto governava o Distrito Federal, Arruda foi flagrado, em vídeo, recebendo 50 mil reais de empresários por baixo dos panos. Sua justificativa? Era tudo para comprar panetones para os pobres. Que fofo. Pena que a Polícia Federal não acreditou muito e foi atrás das iguarias natalinas. Acabou descobrindo que Arruda tinha, em sua contabilidade, 1,39 milhão de reais em notas frias, tudo para comprar panetones. O destino do dinheiro, segundo as investigações, era alimentar o propinoduto do “Mensalão do DEM”, suposto esquema de pagamento de propina a deputados do DF. Arruda perdeu o cargo e foi preso mas solto em seguida

“A carta é falsa. A letra não é minha” Paulo Maluf (2004)
Quando foi entregue de bandeja pelas autoridades suíças (bem parecido com o caso de Eduardo Cunha, aliás), o ex-prefeito de São Paulo negou, negou e negou que tivesse conta no paraíso fiscal. No seu estilo bonachão, disse: “A carta é falsa. A letra não é minha. Eu não sou carteiro, não sei se foi enviada da Suíça ou se foi falsificada aqui”. Carteiro ou não, Maluf teve que usar uniforme logo depois, quando foi preso junto a seu filho. Foi solto 40 dias depois e, em seguida, eleito por São Paulo o deputado mais votado do país. Nas últimas eleições, foi reeleito mas teve a candidatura indeferida pela Lei da Ficha Limpa. Com recurso, em dezembro, assumiu. Até hoje, Maluf não pode deixar o país porque está na lista de criminosos procurados pela Interpol

Sou agricultor. É dinheiro da venda de verduras José Adalberto Vieira da Silva (2005)
Assessor do PT, José Adalberto Vieira da Silva é o famoso homem dos dólares na cueca. Em 2005, ele foi preso no aeroporto de Congonhas com 200 mil reais em uma mala e 100 mil dólares dentro da sua roupa de baixo. Assessor do irmão de José Genoino, então presidente do PT, ele disse que o dinheiro havia sido conseguido vendendo verduras para um armazém em São Paulo. Haja verdura

“Eu não sei o que é ato secreto. Aqui ninguém sabe” José Sarney (2009)
O imortal da Academia Brasileira de Letras e da política nacional fez-se de desentendido quando foi descoberto que, entre 1995 e 2009, o Senado aprovava medidas administrativas sem qualquer conhecimento público. Uma série de nomeações e benefícios que só quem recebia ficava sabendo. Na farra, empregaram parentes, distribuíram salários de até 15 mil e pagavam planos dentários para aliados. Sarney era um dos que fazia isso: primeiro, negou. Depois, admitiu e conseguiu se safar

“O painel eletrônico do Senado é inviolável” Antônio Carlos Magalhães (2000)
Há quem o considere o “papa” das maracutaias, e com razão. Chamado pelos inimigos de Toninho Malvadeza, ACM queria saber quem votaria a favor da cassação de um aliado seu, o senador Luís Estêvão. Este seria cassado por quebra de decoro após investigações comprovarem seu envolvimento no escândalo da construção do Tribunal Regional do Trabalho de SP. ACM, com a ajuda de José Roberto Arruda, deu um jeito de violar o painel do Senado. Conseguiu e foi descoberto. Depois negou. Acabou tendo que renunciar, junto a Arruda, para evitar as punições. Em 2002, foi eleito senador pela última vez. Morreria em 2007, com a denúncia já arquivada

“Nunca estive neste estabelecimento” Pedro Novais (2010)
Haja Viagra! No primeiro ano de governo Dilma, seu ministro do Turismo, o octagenário deputado federal Pedro Novais, pagou por uma festinha em um motel de São Luis (MA) e levou a nota fiscal para ser ressarcido pela Câmara. Descoberto, negou ter posto os pés no tal motel. Além da pajelança na casa de pecado, ele também foi acusado de pagar a empregada e o motorista com dinheiro público. Durou mais um ano até renunciar ao cargo, mas só quando denúncias de um esquema de corrupção no ministério explodiram na mídia.


2 comentários:

  1. Sobra a frase do ACM é importante lembrar que não ele quem quis saber quem votou a favor ou contra, o responsável pela violação do painel foi o José Roberto Arruda então no PSDB e líder do governo FHC no Senado. Arruda chorou no seu depoimento ao Senado.

    Arruda renunciou e filiou-se ao DEM, elegeu-se governador do DF, onde foi filmado pagando "mensalão", hoje chamado de mensalão do DEM, mas que em verdade era mensalão pessoal do Arruda. Expulso do DEM e com o mandato cassado, parece (não tenho certeza) que atualmente está filiado ao PSD, da base aliada do PT.

    O ACM, que foi o melhor presidente do Senado que eu conheci, encrencou-se com esse episódio porque teve acesso ao relatório da votação mas não denunciou nem abriu investigação. ACM declarou que tinha perdido o documento, mas também renunciou ao mandato de Senador.

    Uma parte interessante sobre esse episódio é que ele veio a tona por denúncia da então Senadora Heloísa Helena (PT), que teria votado contra a cassação, não lembro de quem, embora tenha proferido severos discursos contra o acusado e defendido com veemência a cassação. A confusão toda começou por que o Arruda falou para a Heloísa, em particular, que ela tinha se vendido e votado contra a cassação.

    Então o episódio revelou que Heloísa Helena votou contra a cassação que ela defendeu veementemente e que o painel tinha sido violado, mas o mais interessante é que durante as investigações, os técnicos do congresso revelaram que pedidos de relatórios das votações eram banais (desde a implantação dos painéis) e o político que pedia relatórios com mais frequências era... José Dirceu.

    Nossa gloriosa imprensa direcionou todo o foco em ACM e Arruda e tudo ficou com antes no quartel de Abrantes. O voto é secreto... para o público.

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  2. Esqueceram de mencionar os bois do Renan, que ele vendia para para um açougue que não tinha estrutura nem para abater um frango.

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