Agora, já não há mais dúvidas. O acordo indecente entre a
presidente Dilma Rousseff e o deputado Eduardo Cunha, costurado pelo
ex-presidente Lula e pelo ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, é mesmo para
valer e os dois serão mantidos nos respectivos cargos. Não haverá processo de
impeachment de Dilma nem processo de cassação de Cunha, e a política brasileira
ficará mais enlameada do que as águas do antigo Rio Doce.
Reportagem de Débora Álvares e Ranier Bragon, na Folha,
revela que Cunha disse a deputados da bancada do PMDB que não aceitará nenhum
dos pedidos de abertura de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, sob
alegação de que a campanha perdeu força. Depois de ter dado sucessivas
declarações de que decidiria sobre os pedidos até o final de novembro, Cunha
agora diz que a questão ficará para 2016, no mínimo.
“Ele disse ter a impressão de que a possibilidade de
impeachment perdeu força, que não há nesse momento apoiamento popular, embora o
ocorrido nas contas da Dilma [o Tribunal de Contas da União rejeitou a
contabilidade de 2014] seja fato para levar o impeachment adiante”, afirmou o
deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), aliado de Cunha e que participou do jantar em
que o assunto foi tratado
Segundo o deputado do PMDB do Maranhão, Cunha condicionou a
possibilidade de deferir um pedido de impeachment somente se o Congresso
ratificar a decisão do TCU pela rejeição das contas de Dilma. “Se isso
acontecer, ele disse que a deflagração do impeachment volta à tona com toda a
força, mas que neste ano não há a menor possibilidade de isso acontecer”,
completou Rocha.
Não causa espanto o fato de autoridades como Dilma Rousseff
e Eduardo Cunha celebrarem esse tipo de acordo rasteiro, de troca de favores
institucionais, tão grave e surpreendente que chega a ser difícil de acreditar
e impossível de aceitar. Trata-se de pessoas desclassificadas, sem o menor
compromisso com a honra, a dignidade, o decoro e – sobretudo – o interesse
nacional. Comportam-se como se estivessem acima da lei e da ordem, como se
pudessem dispor das instituições nacionais a seu bel prazer, como se dizia
antigamente.
O pior é que este acordo só pode existir se tiver a
conivência e cumplicidade das três outras autoridades máximas do país – o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente do Supremo Tribunal
Federal, Ricardo Lewandowski, e o presidente do Congresso, Renan Calheiros.
Recordar é viver. Janot pediu a abertura de inquérito no
Supremo contra Cunha, anexou provas abundantes de irregularidades cometidas
pelo deputado e há mais de um mês a Procuradoria vazou à imprensa informes de
que seria oficialmente pedido seu afastamento
da presidência da Câmara. No dia 27 de outubro, Cunha reagiu, ameaçando
aceitar o pedido de impeachment, caso Janot solicitasse seu afastamento da
presidência da Câmara. Estranhamente, nada aconteceu, Janot se recolheu e só
tem investido com o senador Fernando Collor, deixando Cunha de lado, sinal de
que está no esquema.
O ministro Ricardo Lewandowski soltou a franga e anunciou na
semana passada que considera “um golpe” a possibilidade de ser aberto o
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na condição de presidente do Supremo, ele
jamais poderia dar esse tipo de declaração, pois a possibilidade de impeachment
está expressamente prevista na Constituição e dois pedidos que aguardam
despacho do presidente Eduardo Cunha já foram aprovados pela Assessoria
Jurídica da Câmara – o requerimento do advogado Luiz Carlos Crema e o novo
pedido dos juristas Helio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal. Ou seja,
Lewandowski já está no esquema.
Por fim, o presidente do Congresso, Renan Calheiros, está
empurrando com a barriga o exame do parecer unânime do Tribunal de Contas da
União, que pede a rejeição das contas da presidente Dilma no ano de 2014, por
causa das pedaladas fiscais, que configuram crimes de responsabilidade, na
forma da lei, além dos dez decretos ilegais liberando despesas não autorizadas
pelo Congresso. Portando, Renan também está no esquema.
Tradução simultânea de tudo isso: as cinco autoridades
máximas do país entraram por caminhos escuros, totalmente à margem da lei, em
benefício próprio e desprezando os interesses nacionais. Isso não é democracia,
em que as leis têm de ser cumpridas por todos, especialmente por aqueles que se
encontram no poder. Na verdade, este acordo escuso significa formação de
quadrilha. Mas quem se interessa?
Quando milhões fizeram manifestação pedindo o impeachment, diziam que não havia fato jurídico, agora que tem fato jurídica dizem que não tem manifestação?
ResponderExcluir(argento) ... "O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto" (Henry Ford, cuja Fundação financiou o Desarmanento no BrraZiu) - "O Povo Unido Jamais Será Vencido", musiquinha cantada por aí mas que escode um "Desde Que" jamais revelado pelos "autores" (desde que seja Preto) ...
ResponderExcluir(argento) ... he he he, e os tolinhos acreditam, até hoje, que os "caras-pintaddas" tiraram Collor ...
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