Mary Zaidan: Simpatia pelo Diabo
A 6ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas
Contra a Corrupção, encerrada sexta-feira, na Rússia, aprovou uma resolução
proposta pelo Brasil que prevê a troca de provas e informações entre os países
nos âmbitos civil e administrativo. Acordo essencial para o combate à
corrupção. O que a ONU e os outros 176 países signatários talvez não saibam é
que por aqui se anda no caminho inverso.
Por maiores que sejam os esforços da Justiça, de setores do
Ministério Público e da polícia, em vez de facilitar os procedimentos para
investigar e punir corruptos, o governo Dilma Rousseff e aliados no Congresso
Nacional dificultam ao máximo.
Em setembro, Dilma propôs, e o Congresso está prestes a
aprovar, a repatriação de recursos não declarados depositados por brasileiros
no exterior, algo que oficializa a lavagem de dinheiro. O projeto que já era
ruim foi piorado pelo Parlamento, que introduziu anistia ampla, geral e
irrestrita para todo tipo de trambiqueiro ao descartar a confissão da origem
dos recursos a quem quiser trazer o dimdim – ainda que roubado – de volta.
Com interpretações menos rigorosas dos acordos de leniência,
o governo pretende ainda abrandar a lei anticorrupção, sancionada pela
presidente há menos de um ano. A ideia é sustar a punição das empresas que
participaram de transações ilícitas. Um entendimento torto, pelo qual a culpa
recai sobre pessoas e não sobre as empresas, como se elas não auferissem
qualquer benefício com a roubalheira.
Dilma, que iniciou seu primeiro mandato fantasiada de
faxineira, adora dizer que é uma combatente incansável contra a corrupção. Mas
não perde a chance de criticar a delação premiada – instrumento precioso para
descobrir a ladroagem e os caminhos dela. Na mesma linha, seu padrinho Lula
chama os depoimentos, que agora constrangem a ele e seus familiares, de
“mentira premiada”.
O mesmo país aplaudido na ONU pela resolução anticorrupção
continua a ostentar números pornográficos de roubalheira.
Não existe um cálculo exato quanto aos prejuízos causados
pela ação dos larápios públicos. Em 2011, o deputado Mendes Thame (PSDB-SP)
divulgou um estudo apontando que a corrupção custava ao ano nada menos do que
R$ 82 bilhões. Um ano antes, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp)
estimara perdas de R$ 69 bilhões, cifra que, na atualização do estudo, saltou
para R$ 102 bilhões em 2012. Absurdos 2,25% do PIB daquele ano.
Os números da época não incluíam o Mensalão, cujo desvio
comprovado de R$ 55 milhões virou troco perto dos R$ 7,2 bilhões apurados pela
Operação Lava-Jato, R$ 2,4 bilhões já recuperados para os cofres públicos.
Protagonistas no combate à corrupção, PF, MP e Justiça são
achincalhados por Lula, PT e aliados. Lula exige a PF sob controle, reclama da
ingratidão de ministros do Supremo nomeados por ele e por Dilma. Vai a público
denunciar perseguição das elites contra ele e, entre quatro paredes, negocia no
Congresso proteção para o filho encrencado com serviços prestados a lobistas
que nada têm a ver com esportes, atividade fim declarada pelo rebento. Muito
menos explica ao distinto público como amealhou tantos milhões em tão pouco
tempo.
O Brasil aplaudido na ONU é roubado todos os dias. Pior: é
complacente e permissivo. Trata a corrupção e a roubalheira desenfreada como
crimes banais. Frequenta o inferno.
Convive com presidentes da República que chamam de aloprados
gente flagrada em delito, que dão nome de malfeito ao roubo deslavado dos
cofres. Engole Caixa 2 como recursos não contabilizados e chama os ladrões que
compraram votos de mensaleiros. Dá o simpático apelido de pedaladas aos graves
crimes de responsabilidade fiscal cometidos por Dilma.
Está longe de fazer jus aos aplausos.
(argento) ... bão! - claros indícios de que, embora esteja atado para "guvernar", ainda Retém Controle suficiente (efetivo) para barrar (impedir) a "oposição" (outra Facção) de agir ...
ResponderExcluir(o velho caiu no banheiro e fraturou o fêmur!!!)