Ih!... Errei de deputado! |
Também peguei pelaí um artigo em que um esquerdopata
bolivariano senta o pau (êpa!) em Jean Wyllys porque o rapaz alegre resolveu,
em um rasgo de lucidez, disse que “Maduro expressa seu desprezo pela democracia
e pelas liberdades democráticas”.
A coisa, escrita por um tal Eduardo Vasco, tem tanto absurdo
que eu custo a acreditar que alguém além do próprio Vasco, possa concordar a
ponto de publicar em seus sites, Faces, blogs, etc..
Deixei o troço sem cortes até porque cada parágrafo que se
sucede reforça mais ainda a demência de Vasco.
Diário Liberdade
Eduardo Vasco: O “socialista” Jean Wyllys faz o jogo da
direita e do imperialismo contra a Venezuela
A Venezuela vive um clima de tensão pré-eleições
legislativas, que acontecerão no começo de dezembro. A direita golpista, como é
de costume, já está chorando e esbravejando pela possível derrota, que seria a
19ª em 20 eleições desde que o “chavismo” chegou ao poder, há 16 anos.
São recorrentes as tentativas de desacreditar o sistema
eleitoral venezuelano por parte da oposição. Ela mantém uma campanha suja contra
o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), e dá mostras de que não irá aceitar, uma
vez mais, a possível derrota para os candidatos bolivarianos.
Mas o acusado de não aceitar o resultado das eleições é... o
presidente Nicolás Maduro. O autor de tal imbecilidade, porém, não é um
político da MUD (Mesa de Unidade Democrática) e muito menos um terrorista
financiado por Washington para desestabilizar o governo venezuelano. Jean
Wyllys, uma das mais destacadas figuras do PSOL, considerado o melhor deputado
federal em 2012 e um dos candidatos mais populares do Rio de Janeiro nas
últimas eleições, distorceu em boa medida a realidade social e política da
Venezuela, em um texto publicado em sua página do facebook.
“Maduro expressa seu desprezo pela democracia e pelas liberdades
democráticas”, afirmou o ex-BBB, ao citar uma fala do presidente venezuelano na
televisão estatal daquele país. Ao que parece, Wyllys, apesar de seu desempenho
ativo no parlamento brasileiro, demonstra total incapacidade interpretativa do
contexto da declaração ou de discernimento entre o Legislativo e o Executivo
venezuelano.
A frase de Maduro foi exatamente a seguinte: “Se sucedesse
esse cenário hipotético (da vitória da oposição) negado, negado e trasmutado,
eu governaria com o povo, sempre com o povo, e com união cívico-militar. Se
ocorrer esse cenário, negado e trasmutado, a Venezuela entraria em uma das mais
turvas e comovedoras etapas de sua vida política, e nós defenderíamos a
revolução, não entregaríamos a revolução, e a revolução passaria a uma nova
etapa (...) a revolução não será entregue jamais (...) com a Constituição nas
mãos, levaremos adiante a independência da Venezuela, custe o que custar e como
for”.
O presidente se referia ao cenário de golpismo
institucionalizado que, não é difícil de imaginar, a direita impulsionaria a
partir de seus parlamentares, tendo maioria. Obviamente, é fundamental para a
direita venezuelana reconquistar os aparelhos de Estado, tanto o Legislativo
como o Judiciário (atualmente governistas) para chegar ao poder. E isso
implicaria, como é habitual da direita, em uma campanha de desestabilização
elevada a um grau sem precedentes para o “chavismo”. A oposição, que daria
motivos para um aumento extraordinário do financiamento estadunidense, tornaria
a governabilidade impossível para Maduro, que só poderia então recorrer ao
apoio popular para permanecer à frente da nação e não ser derrubado por um
iminente golpe de Estado.
Esse é o contexto da declaração do presidente venezuelano.
Mas Jean Wyllys acredita que isso seja uma “ameaça velada” de Maduro ao seu
povo. O “socialista” apresenta os problemas da Venezuela como sendo provocados
somente pela má gestão administrativa do presidente, que, segundo ele, deixou
para trás os avanços sociais conquistados durante os mandatos de Chávez, e
esquece que a burguesia venezuelana está diretamente envolvida nisso. Primeiro,
porque parte dela se incorporou ao governo bolivariano, que mantém ligações com
setores abastados, apesar de ser apoiado nas massas, o que mostra o caráter de
conciliação de classes do “chavismo”, que não rompe totalmente com a burguesia,
mas que é vítima do imperialismo. Segundo, porque os setores mais reacionários
da burguesia levam adiante uma guerra econômica terrorista, o que ocasiona no
desabastecimento (com retenção, especulação e contrabando de produtos de
primeira necessidade) e na alta inflação. Apesar disso, o governo busca
compensar esses danos com constantes aumentos salariais, inclusive acima da
inflação.
Wyllys, que considera o governo bolivariano uma espécie de
regime totalitário, chama de “retórica anti-imperialista” as declarações de
Maduro, ao mesmo tempo em que o acusa de ameaçar expulsar do país repórteres da
CNN e cancelar as licensas da emissora, legítima porta-voz do imperialismo em
território soberano como é a Venezuela. Isso seria censura à imprensa, apesar
de 80% dos meios de comunicação do país serem controlados pela oposição e os
canais estatais não superarem 10% da audiência.
O pacifista (para os interesses da burguesia) do PSOL
critica os trabalhadores venezuelanos por se armarem em milícias de bairros com
ajuda do governo, mas outra contradição aparece quando, logo em seguida, fala
da “repressão aos estudantes” (sacrossantos, intocáveis, todos bem
intencionados), prisão de dirigentes da oposição, perseguição política,
autoritarismo, ameaça a oposicionistas, difamação a opositores desse mesmo
governo. Ora, por que um governo armaria suas vítimas? Há um esquecimento do
que frequentemente ocorre por lá. Na tentativa de golpe de Estado em 2002, a
oposição, com amplo apoio da imprensa e dos EUA, deixou vários mortos e repetiu
o banho de sangue em 2014, com protestos nos bairros nobres de Caracas. Uma
figura presente nos dois episódios foi Henrique Capriles, tradicional opositor
do “chavismo”, que incitou a violência direitista e o caos, mas protegido de
Wyllys.
Aliás, ele diz que o governo reprime violentamente
manifestações. O mesmo discurso da direita mais feroz e raivosa, venezuelana,
brasileira e latino-americana. “Tanques na rua, gás lacrimogêneo, grupos
armados e manifestantes mortos é uma violação aos direitos humanos”, mais uma
manipulação cínica do deputado. Ao colocar isso na mesma frase, passa
intencionalmente a impressão de que as mortes nas manifestações de 2014 foram causadas
pelo governo, sendo que ao menos metade delas era de chavistas, e a direita
contava inclusive com grupos de franco-atiradores para atacar os apoiadores do
governo que saíam às ruas para rechaçar o golpismo. Aliás, o governo tanto
viola os direitos humanos, que a Venezuela foi reeleita esta semana como membro
da Comissão de Direitos Humanos da ONU.
O clima de polarização política estremece de medo o
parlamentar pequeno-burguês. O povo armado e organizado e a consciência de quem
é o inimigo principal a ser combatido não são vistos com bons olhos por Jean
Wyllys.
Progressista em relação às liberdades individuais, um
liberal de esquerda, mas anticomunista, Wyllys acredita em um socialismo nos
marcos da democracia burguesa, por isso é tolerado pelos capitalistas. Esse
tipo de socialismo faz o jogo da burguesia.
Os limites do processo bolivariano encabeçado por Maduro são
evidentes. O governo também é gerido nos marcos da democracia burguesa. Mas, e
Chávez já tinha plena noção disso, o povo venezuelano é o motor desse processo,
que tem o potencial de se radicalizar e superar a fase de democracia
participativa bolivariana.
As massas ainda mantém fortes laços com seu líder histórico,
e também com Maduro. Apenas o apoio do povo poderá suportar seu presidente
diante de uma possível vitória opositora nas eleições legislativas. Esse
cenário tende a ser de um aprofundamento da luta de classes e organização da
classe trabalhadora venezuelana, tanto para impedir o golpe como para
radicalizar o processo revolucionário e ser ela mesma o único agente de sua
emancipação.
Mas em sua análise, Wyllys defende a “democracia e a
liberdade”. Esse é exatamente o discurso da direita que quer derrubar Maduro.
Ei, Ricardo.
ResponderExcluirDepois da sua introdução (epa!) resolvi não perder tempo em ler o desarrazoado...
Não vale a pena mesmo. Eu só botei a íntegra porque não tenho Plasil em casa...
ExcluirA bomba atômica em Hiroshima também foi uma ameaça velada?
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