sábado, 21 de novembro de 2015

“Em matéria de Oriente Médio, o senhor (Caetano) Veloso toca de ouvido e jamais leu a partitura”

Toma Mais Uma, tia!  

Zevi Ghivelder: A razão da ocupação

Embora soe recorrente, é preciso voltar ao assunto Caetano Veloso/Israel, sobretudo em função do recente artigo de Donna Nevel, publicado neste jornal. Em matéria de Oriente Médio, o senhor Veloso toca de ouvido e jamais leu a partitura. Ele se apieda dos palestinos nos territórios ocupados por Israel, mas ignora, ou finge ignorar, o motivo da ocupação. Em junho de 1967, Israel foi atacado pelo Egito, ao sul, e pela Síria, ao norte. Durante 72 horas, o rei Hussein da Jordânia ficou em cima do muro, até que falou pelo telefone com o ditador egípcio Nasser, que o exortou a entrar no conflito. Há uma gravação histórica dessa conversa. Assim como também está documentado o pedido feito pelo então primeiro-ministro israelense Eshkol, diretamente a Hussein, para que este se abstivesse da guerra.

Como se sabe, a Jordânia foi derrotada, e Israel ocupou a Cisjordânia, onde viviam cerca de 800 mil palestinos, dos quais 400 mil ali já eram residentes, e a eles se somaram mais 300 mil oriundos de Israel, após a Independência daquele país. Em tempo: não foram expulsos, apenas atenderam às promessas árabes de que voltariam no dia seguinte para esmagarem o novo país e se banharem na bela praia de Tel Aviv. Estes palestinos viveram de 1948 a 1967 como súditos servis do rei da Jordânia, sem jamais reivindicarem a criação de um estado próprio. Quando esboçaram algum desejo neste sentido, foram massacrados pelo rei Hussein no Setembro Negro de 1970 e aí, sim, milhares deles foram expulsos de seu território, deixando um rastro de quatro mil a seis mil mortos.

Àquela altura, a Faixa de Gaza pertencia ao Egito. No acordo de Camp David, de 1978, o então presidente Sadat sabiamente abriu mão de Gaza e deixou a batata quente nas mãos de Israel, que dali se retirou unilateralmente em 2005. Como recompensa, continua vítima de foguetes disparados pelo Hamas contra sua população civil.

O senhor Caetano se refere ao assunto da troca de paz por terra. Esta não é a questão. Quando a discórdia foi territorial, Israel devolveu todo o Sinai ao Egito e foi assinado entre ambos um tratado de paz que perdura desde 1979. O problema atual não se resume à posse de mais ou menos quilômetros quadrados. Do lado palestino há uma perniciosa junção de fanatismo religioso com um nacionalismo hoje dividido entre as aspirações (a destruição de Israel) do Hamas, em Gaza, e do Fatah, na Cisjordânia. Do lado de Israel, há também fanatismo religioso, nacionalismos exacerbados e uma impossibilidade de interlocução no caminho da paz. Com quem negociar? Com o Hamas ou com o Fatah?

Enfim, o povo de Israel sobreviveu ao faraó, sobreviveu à Inquisição, sobreviveu ao Holocausto e vai sobreviver ao senhor Veloso também.


3 comentários:

  1. (argento) ... hehehehehe, trata-se de (mais) um caso, muito comum no BraZiu, conhecido como Ouvido Absoluto!, ... Absolutamente SELETIVO

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  2. Caetano é um poeta... quando compõe letras de músicas e quando fica calado sobre outras questões.

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  3. "Seu" Zevi
    Não se preocupe. O que o Caetoso Velano fala não se escreve.
    O dito latino 'verba volant' foi criado em função dele (rs)
    Suas bobagens perdem-se na fumaça. E o Milton fez um B I N G O !

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