quarta-feira, 5 de agosto de 2015

O pascácio dorminhoco

Janio de Freitas: Dirceu de novo

A prisão de José Dirceu foi a menos surpreendente de quantas a Lava Jato faz desde março do ano passado. Se justificada ou não, vamos saber quando os integrantes da Lava Jato apresentarem em juízo o que veem como provas convincentes. A carga pesada de acusações apenas verbais, feitas pelo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, desde logo criou uma imprecisão sujeita a reparo histórico e atual. Foi quando definiu Dirceu como “o instituidor e beneficiário” do “esquema” de corrupção na Petrobras.
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A corrupção na Petrobras investigada pela Lava Jato seguiu o “esquema” praticado há décadas pelas grandes empreiteiras nas licitações e acréscimos de custo, em contratos com estatais e administração pública. Se houve um “instituidor” do “esquema”, seu nome perdeu-se na desmemória do tempo.
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José Dirceu teve farta oportunidade de fugir. Com a experiência de quem entrou e viveu no Brasil da ditadura com rosto e nome mudados, e levou vida tranquila por anos, poderia evaporar por aí sem dificuldade.

José Dirceu ficou, à espera. Não quis fugir. Isto tem um significado. Não há como deixar de tê-lo. As suposições a respeito podem variar, sobretudo ao compasso das posições políticas, mas só o próprio Dirceu mostrará qual é.

O petralha da Folha está errado. Ou por outra, se finge de bobo. É claro que a corrupção envolvendo a Petrobras existe desde a sua fundação, e isto é público e notório, mas é mais claro ainda que a institucionalização da prática como “esquema” é obra do PT e, por conseguinte, do Dirceu, que mandou e desmandou naquela espelunca até explodir o mensalão.

Quanto a fugir, sei não, mas cagão do jeito que Dirceu é, eu duvido. Além disso o exemplo dado não serve, já que quando ele foi deportado em 1969 - com mais 14 bandidos, em troca da libertação do embaixador americano Charles Elbrick - e voltou clandestinamente em 1971, ele não fugiu de coisa nenhuma a não ser de uma vida sem futuro em Cuba, onde, certamente, não tinha nada para roubar e enriquecer, preferindo encarar a possibilidade de prosperar, mesmo como clandestino e anônimo.

Janio é mais um lorpa, só que ainda não acordou do sonho forjado em mentiras.

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