Não, eu não me refiro à entrevista que Fernando Henrique deu
à revista alemã “Capital”, mas sim aos amigos inseparáveis Alz e Heimer, que
parecem estar em sintonia com nosso ex-brilhante ex-presidente. Quando o bom
senso abandona sem mais nem menos o raciocínio de um cidadão que se destacava
quase que exclusivamente por essa virtude, só os alemães explicam. Senão,
vejamos o que ele tem dito ultimamente:
“A Excelentíssima Presidente da República deveria ter mais
cuidado. Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre
mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de
consciência. Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao
aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que
se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor.”
FHC em nota divulgada à imprensa em fevereiro deste ano, referindo-se
à autorização da presidente pela compra de 50% da refinaria, no Texas (EUA),
quando era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da
Petrobras, em 2006, após Dilma afirmar que, se os escândalos de corrupção na
Petrobras tivessem sido investigados durante a gestão de FHC, alguns dos
funcionários corruptos não estariam mais praticando atos ilícitos. Na época,
FHC disse se sentia “forçado” a reagir, uma vez que “a própria presidente
entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da
velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai
gritando “pega ladrão!”.
“O momento não é para a busca de aproximações com o governo,
mas sim com o povo. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria
conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo.”
FHC ao rechaçar o tal papo proposto por Lula há alguns dias.
Isso tudo para, dias depois, FHC dizer que Dilma não está
envolvida no escândalo de corrupção na Petrobrás:
“Eu a considero uma pessoa honrada, e não tenho nenhuma
consideração por ódio na política, também não pelo ódio dentro do meu partido,
ódio que se volta agora contra o PT.”
Além de frisar que para que Lula seja preso, é preciso que
haja algo “muito concreto” e que isso dividiria o País, já que ele é um líder
popular. E disse que talvez Lula tenha que depor como testemunha, “o que já seria
suficientemente desmoralizante”.
“Não se deve quebrar esse símbolo (Lula), mesmo que isso
fosse vantajoso para o meu próprio partido. É necessário sempre ter em mente o
futuro do País. Ele certamente tem muitos méritos e uma história pessoal
emocionante. Um trabalhador humilde que conseguiu ser presidente da sétima
maior economia do mundo.”
Para terminar, nomeou-se deus, dizendo que Lula foi apenas
um seguidor seu:
“Eles fizeram dele um deus, mas ele apenas levou adiante a
minha política.”
Lamentavelmente a constatação é óbvia: FHC não está batendo
bem da cabeça.
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