terça-feira, 23 de setembro de 2014

Para finalizar com Cuba, um artigo sobre Porto Mariel, no Granma, dá uma noção de quanto dinheiro o Brasil jogou fora

"Cuba é uma prioridade para nosso governo e também Havana põe muita atenção no Brasil".
Hipólito Rocha, diretor-geral da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),.


Mariel: uma aposta de presente e futuro

A Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel (ZEDM), a obra de maior envergadura em muitas décadas em Cuba, nasceu graças ao respaldo financeiro do Brasil, que aglutinou decisão política, estratégia de integração e, também, visão de negócios.

Brasil financiou os bens e serviços da construção do terminal de contêineres e a remodelação do porto de Mariel, equipado com tecnologia de última geração para receber e operar cargas de navios de grande calado, como os chamados "Postpanamax", que começarão a chegar quando seja completada a ampliação do Canal de Panamá, em dezembro de 2015.

A instalação, a 45 quilômetros a oeste de Havana, está situada na rota dos principais fluxos de transporte marítimo do hemisfério, pelo que os especialistas coincidem em indicar que o porto tem características para ser o maior do Caribe quanto ao tamanho e volume de atividade.

O terminal é o coração da zona especial, de 465 quilômetros quadrados, que oferecerá uma infraestrutura de auto-estradas que ligarão o porto de Mariel com o restante do país, uma rede ferroviária, estruturas de comunicações e serviços variados.

Na zona especial, atualmente em construção, se realizarão atividades produtivas, comerciais, agropecuárias, portuárias, logísticas, de formação e capacitação, de lazer, turísticas, imobiliárias, e de desenvolvimento e inovação tecnológica, em instalações que incluem centros de distribuição de mercadorias e parques industriais.

Dividida em oito setores, para seu desenvolvimento por etapas, as primeiras serão destinadas às telecomunicações e a um parque de tecnologia moderna, no qual estarão montadas indústrias farmacêuticas e de biotecnologia, dos setores aos que se dará prioridade em Mariel, junto com o das energias renováveis e o agrícola e alimentar, entre outros.

O governo cubano estuda, atualmente, a aprovação de 23 projetos da Europa, Ásia e a América para estabelecer-se em Mariel, em setores químicos, de materiais da construção, logística e de arrendamento de equipamentos.

Inaugurada em 27 de janeiro, durante seus primeiros seis meses de operação, o terminal já recebeu 57 navios e uns 15 mil contêineres, uma quantidade mínima porque a capacidade de armazenamento é de 822 mil. Os navios Postpanamax poderão transportar até 12.600 contêineres, três vezes más que os navios que podem atravessar agora o canal interoceânico.

Outro economista, Pedro Monreal, calcula que o custo por contêiner cairá então, a metade.

O menor custo, analisou, melhoraria a competitividade das manufaturas brasileiras, por colocar um exemplo. Mariel, onde operará também uma zona franca, poderia converter-se em plataforma de produção e exportação para essas empresas, inclusive para abastecer seu próprio mercado.

O decreto Lei 313, que criou a ZEDM, é de 13 de setembro de 2013, mas a remodelação de Mariel tinha começado três anos antes, conduzida por una empresa mista formada, em fevereiro de 2010, pela companhia de Obras e Infraestrutura, subsidiária da construtora privada brasileira Odebrecht, e por Quality Cuba SA.

O terminal de contêineres é administrado pela Global Ports Management Limited, um dos maiores operadores portuários do mundo, que trabalha desde há tempo com a firma cubana Almacenes Universais S.A, proprietária, usuária e responsável por zelar pelo uso eficiente do enclave portuário.

Também a relação entre Cuba e o Brasil é de longa data. O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010) não oculta suas simpatias pela Revolução deste país caribenho, o qual visitou em inúmeras ocasiões, primeiro como dirigente sindical e político, depois como mandatário e agora como ex-governante.

Dois pacotes de acordos assinados em 2008 e 2010, entre Lula e o presidente cubano Raúl Castro, marcam seu interesse por reforçar os vínculos binacionais, um esforço continuado pela atual mandatária brasileira, Dilma Rousseff.

Anteriormente, tinha sido acordado o crédito para o Mariel. Roussef especificou, quando esteve presente na inauguração do terminal, que somou US$ 802 milhões para esta etapa, mais US$ 290 milhões para a segunda fase. O primeiro dos créditos foi destinado, inicialmente, à auto-estrada, mas o governo local determinou começar pelo porto.

O empréstimo foi outorgado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Brasil. Havana contribuiu com 15% do investimento necessário para as obras.

"Cuba é uma prioridade para nosso governo e também Havana põe muita atenção no Brasil", comentou o diretor-geral da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Hipólito Rocha.

A Apex-Brasil foi criada para promover negócios em parceria com Cuba, o Caribe e a América Central.

A Odebrecht é a companhia mais importante ligada a Mariel, mas fontes diplomáticas disseram que no total umas 400 empresas brasileiras participam das obras. "Entre nossos países há afinidade, decisão política, vocação para integrar-se, mas também são importantes os negócios", comentou o brasileiro Rocha.

Acrescentou que Cuba cumpre rigorosamente seus compromissos financeiros com o Brasil e que a relação binacional "está muito consolidada, é sustentável e deixa benefícios também ao nosso país".

Se de sinais se trata, os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, os deram quando realizaram duas visitas a Cuba, em julho, para ampliar os projetos de colaboração com Havana.

Os dois presidentes estiveram em Cuba, no âmbito de sua participação na Sexta Cúpula do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e a África do Sul), entre 14 e 16 de julho, que teve lugar no Brasil.

O reforço destes vínculos promete maior acesso aos mercados chinês e russo, atração para investimentos em áreas de interesse comum, como a indústria farmacêutica e energética, cooperação para a modernização em setores estratégicos, portos e telecomunicações, afirmam especialistas.

Um comentário:

  1. (argento) ... poizé, a pergunta que não quer calar: Houve alguma participação do Povo Brazileiro - a Massa que Paga (classe Merda - alvo da propaganda) nestes acordos de "Negócios" entre Poderes? ... (argento)

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