quinta-feira, 11 de setembro de 2014

No Rio, 2.000 famílias debaixo de um galpão, mas as “otoridades” não estão nem aí

Vejam o absurdo
Uma semana após 500 pessoas invadirem o galpão onde funcionou, até meados da última década, a fábrica de plástico Tuffy Habib, no Complexo do Alemão, uma decisão judicial determinou a reintegração de posse do imóvel. Apesar da ordem expedida a pedido dos advogados do proprietário, ninguém foi removido. A invasão aconteceu na madrugada do dia 23 de março deste ano e, como nada foi feito desde então, o número de moradores se multiplicou por mais de dez. Hoje, vivem ali, segundo cálculos da associação da nova favela, 1.992 famílias, que construíram seus barracos colados uns nos outros.

Enquanto nada acontece, moradores vão sobrevivendo em condições subumanas. O prédio de 12 mil metros quadrados não tem água potável, nem sistema de coleta de esgoto. No andar superior do galpão, há três banheiros para serem compartilhados por cerca de 1.200 famílias. A água sai com ferrugem do encanamento, e a energia elétrica é conseguida graças a ligações irregulares, denunciadas por emaranhados de fios sobre os barracos. Nos últimos meses, foram registrados cinco incêndios no local. Em todos os casos, moradores conseguiram evitar que o fogo se alastrasse.

Já no andar de baixo, as demais famílias estão espalhadas por casebres que lembram as piores favelas de Nova Déli, capital da Índia. O mau cheiro é insuportável. Um sistema improvisado de canos com diâmetro menor que dois centímetros é a única maneira de conseguir água (com ferrugem), recolhida em baldes e garrafas pelos moradores.

Ao lado da saída de água, há uma tampa de acesso à rede de esgoto. O local, segundo moradores, é usado como banheiro. Alguns invasores fizeram buracos no chão, dentro dos barracos, também para serem usados como banheiros. Na parte de cima do galpão, como há canos de gás, os moradores não puderam fazer o mesmo.

Entre os moradores, já há casos de tuberculose e pneumonia. Alguns deles também sofrem com problemas de pele. Por causa da incidência de casos, uma equipe da Unidade Pronto Atendimento (UPA) do Morro do Alemão fará nesta quinta-feira uma visita ao local, para conversar com moradores e saber como o problema pode ser combatido.

Autoridades devem se reunir ainda este mês para decidir quando vai acontecer a operação de reintegração de posse. O Globo.

Vejam bem: “autoridades devem se reunir...”. Pombas, é muita safadeza! A reintegração de posse foi resolvida em março, sendo que até agora nada aconteceu a não ser piorarem as condições de habitabilidade e as “otoridades” não sabem nem se vão se reunir para cumprir uma ordem judicial!

É uma esculhambação geral, que começa pelo motivo da invasão. É o seguinte: com a implantação da UPP do Alemão, os alugueis na favela triplicaram de preço, muita gente ficou sem ter como pagar e resolveu invadir a tal fábrica. Tudo bem, mas eu pergunto: desde quando é justo que alguém que se apossa de um pedaço de terra urbano faça dele algum outro uso que não seja para moradia e lucre com isso?

A cidade do Rio de Janeiro tem a quantidade absurda 1.243 favelas! Os últimos dados percentuais disponíveis indicam que 20% da população da cidade vive nelas. Considerando que há 6 milhões de habitantes na cidade, temos 1,2 milhão de favelados (se considerarmos a áera metropolitana são 2,4 milhões). Não há como precisar quantos deles moram em imóveis alugados, mas estima-se que na Rocinha, por exemplo, sejam 30%.

A tolerância que se deve ter com uma favela é exatamente a necessidade dos pobres terem um lugar para morar, já que o poder público, assim como faz em todas as outras áreas de atendimento à população, não dá a mínima para a questão habitacional. Não faz o menor sentido alguém tomar posse de um bem alheio e usá-lo para obter lucro. Isso é ilegal, imoral, desumano e, pelo visto, as autoridades não estão nem aí para o problema. Há favelados espertinhos que fizeram fortuna se apropriando de terrenos públicos ou de terceiros, construindo e alugando ou mesmo vendendo o que não é seu.  Na Rocinha, por exemplo, há muitos desses e todos os moradores de lá sabem quem são. Há prédios de até oito andares por lá!

Como a presença política sempre se limita às trocas de favores – vota em mim que eu te deixo sossegado – a perspectiva que se tem é que esse percentual aumente, já que os políticos não estão nem aí para dar educação ao povo, nem no sentido da cidadania, para fazer saber ao povo o que lhes é de direito.

Se eu tivesse tendências terroristas, aconselharia aos favelados que pagam aluguéis a tomarem na marra o que lhes é de direito moral e formal em vez de ficarem fazendo protestos violentos, cujos atingidos são sempre quem não tem nada a ver com isso.

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