Carlos Newton
Na sexta-feira, quando o Ibope aplicou “o golpe da pesquisa
atrasada”, divulgando depois do Datafolha um levantamento antigo e induzindo a
opinião pública a julgar que Dilma Rousseff seguia em viés de alta e Marina
Silva entrara em tendência de baixa, quando estava acontecendo justamente o
contrário, o mais interessante foi a repercussão na internet, especialmente nos
sites dos jornais, revistas e outros órgãos de comunicação.
Jornalistas, cientistas políticos e todo tipo de
intelectuais logo apareceram dando peruadas a propósito de explicar a subida de
Dilma, sem perceberem que na verdade as duas pesquisas mostravam que a
candidata do PT estava em queda. Vamos omitir os nomes desses “analistas”, para
poupá-los do ridículo.
Um deles começou assim o artigo, no site de um dos maiores
jornais de São Paulo: “A reação da presidente Dilma Rousseff na corrida
eleitoral mostra que previsões feitas por analistas políticos, algumas delas baseadas
em trabalhos empíricos, vêm se mostrando acertadas”. E atribuiu o fato (que era
factóide) à duração da propaganda na TV, elogiando “a competência de sempre do
marqueteiro João Santana”.
Um cientista político da Fundação Getúlio Vargas alegou o seguinte:
“A subida da candidata do PT é causada pelo fato de que no atual nível de
aprovação (considerada como a soma de ótimo e bons), Dilma já fica numa zona
mais confortável em termos de possibilidade de reeleição”.
Outro especialista perguntou e ele mesmo respondeu: “Mas por
que a popularidade de Dilma se recuperou a partir de níveis bem medíocres, e
que indicavam dificuldade de reeleição, há apenas poucos meses? Há, na verdade,
um padrão de evolução da popularidade presidencial que aproximadamente se
repete em 2013 e 2014 (mas apenas do final do primeiro semestre em diante),
sugerindo algum fator sazonal. No ano passado, o pior momento foi, como em
2014, aproximadamente na metade do ano, na sequência das manifestações de
junho. A partir daí, a popularidade teve gradual e moderada recuperação nos
meses seguintes, como parece estar acontecendo este ano também”.
Fator sazonal? Como são criativos esses analistas… Mas vamos
à opinião de um conhecido jornalista político, que afirmou: “Três fatores
contribuem para equilibrar o cenário eleitoral no segundo turno: a propaganda
positiva na TV que aumenta a popularidade do governo e dá coesão à base de
apoio do PT, a propaganda negativa que rebaixa o teto da oposição, e uma cisão
religiosa que distancia eleitores católicos de evangélicos”, vejam como são
delirantes esses supostos analistas.
Muitas outras peruadas foram postadas nos mais importantes
sites, para explicar a “subida” de Dilma, quando estava acontecendo justamente
o contrário: na verdade o confronto entre as pesquisas Datafolha e Ibope no
primeiro turno mostrava que Marina se estabilizara e voltara a subir (31% para
36%), enquanto Dilma parara de subir e começara a cair (caindo de 39% para
36%). E no segundo turno Marina continua vencendo a eleição, com 47% a 43%.
E la nave va, cada vez mais fellinianamente.
(argento) ... poizé, não faltam "razões" para mover, moldar a Massa-Alvo-das-Balas-Perdidas, assim como pessoas ou instituições dispostas a faze-lo ... (medo / culpa / ganãncia)
ResponderExcluir(argento) ... tem um lado perverso nas "pesquisas" que querem justificar o injustificável ou induzir uma "realidade-fictícia", tava lendo "Um País de Analfabetos Científicos" ... no enttanto, estes "analfabetos científicos" usam, com proficiência, aparelhos celulares, computadores, "hackeiam contas em bancos", quebram senhas, usam multiplos aparelhos com tecnologia de ponta, ... e são considerados "analfas científicos" ... estranho, não?
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