segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Luiz Felipe Pondé: O soldado e os mimados

Uma cena da semana: um soldado na tela da CNN. Alta patente do exército conhecido como Peshmerga, o Exército curdo. Povo distante este, o curdo. Muitos de nós nem sabe que existem. Viviam, até agora, na solidão de nossa ignorância. Só quem se ocupa do Oriente Médio sabia da existência deles.

Mas, pouco importa conhecer algo hoje em dia, basta ter opiniões. Todo mundo tem opinião, a começar pelos idiotas do bem. Pergunto-me o que faria um desses diante do inimigo que este soldado enfrenta todo dia.

De volta ao soldado peshmerga. Rosto tenso, inglês difícil, pedido de socorro ao Ocidente –esta região do mundo que mergulhou nos delírios de intelectuais que se preocupam mais com os direitos dos terroristas do que com os das vítimas.

Os peshmergas combatem o Estado Islâmico (EI), grupo fundamentalista e terrorista sunita (será que algum inteligentinho discorda dos termos “fundamentalista e terrorista” aqui?) que gosta de cortar cabeças e clitóris em nome de Alá (Alá nada tem a ver com isso, coitado!).

Surgiu em meio à ridícula visão ocidental de que existiu um dia uma coisa chamada “Primavera Árabe” pela democracia, quando, na realidade, o que houve foi o que há naqueles lados do mundo há séculos: grupos brigando pelas mais variadas questões, inclusive pré-históricas. Mas ainda temos que viver mais mil anos pra passar esta febre do “moderno” que se pensa “novo” na face da Terra.

Um soldado como aquele, com o rosto marcado pelo medo e pela coragem (problema de quem de fato enfrenta a morte e não apenas assina manifestos afetados), pedia socorro ao Ocidente.

Ele, caso caia nas mãos do Estado Islâmico, terá, muito provavelmente, sua cabeça cortada. Ou será crucificado. Sua mulher e filhas vendidas como escravas, seus filhos crucificados também. Mas, em nossas terras de queijos e vinhos, os manifestos dos mimados contra a violência no Oriente Médio, quem sabe, deveriam pedir dinheiro ao Estado Islâmico, que é, aliás, bem rico.

Alguns intelectuais culpam os EUA pelo surgimento do Estado Islâmico. Mas o que fazer? Faz parte da infância mental acreditar em Papai Noel e culpar os EUA e Israel por tudo o que acontece.

Talvez, melhor, seria responsabilizar alguns professores dos departamentos de ciências humanas no Ocidente, por brincarem com coisa séria em suas sessões de queijos e vinhos.

O soldado peshmerga sabe o que é sério e o que é afetação de manifestos. Nós, não. Cremos no relativismo de butique que assola nossas universidades.

Existe sim um relativismo filosófico, desde Protágoras na Grécia, mas este é sempre uma demanda ao intelecto atento (desde Sócrates e Platão), não uma desculpa para afetações de quem confunde o mundo real com queijos e vinhos.

Não só muitos intelectuais vestiram o manto da pureza. Muitos artistas também manifestam sua superioridade moral. Formam o novo clero hipócrita do mundo. Confundem seus mundos seguros de ideias e formas com o mundo onde amor e ódio pesam mais do que ideias e formas de amor e ódio.

O soldado, que sabe que sua atitude pode custar sua vida, segue na sua solidão da guerra. A guerra é solitária. A solidão da morte.

Sonham, esses corajosos curdos que enfrentam de peito aberto os terroristas do Estado Islâmico, com uma democracia estável, na qual possam trabalhar, estudar e viver suas vidas comuns, como a de todos nós.

Sonham que um dia, em meio ao Oriente Médio, essa terra de sangue, possam ter, como eles dizem, uma sociedade como os EUA e Israel. Mas estou seguro que nosso clero de puros no Ocidente não concordaria com esses homens e mulheres que de fato podem morrer pelo que se recusam a fazer: aceitar o fundamentalismo do Estado Islâmico.

Agora o Reino Unido terá de enfrentar seus filhos do EI, criados pelo relativismo de butique de Oxford Street.

Imagino que poderíamos chamar todos os membros do clero puro de intelectuais e artistas para assessorarem o governo britânico em seu pânico com os passaportes europeus que os terroristas têm em mãos.

Afinal, uma nova era para o terrorismo islâmico se abre.

4 comentários:

  1. (argento) ... poizé, "direitos-humanos-politicamente-correto" ... quando se juntam porrilhões de Cadus, supostamente esquizofrênicos, libertados, zanzando por aí, ... aí fudeu, né não?

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    1. (argento) ... Direitos-Humanos-Politicamente-Corretos-de-Butique ...

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  2. Luiz Felipe Pondé deixou a esquerda e declara-se de direita... mas, como é pensador não pode deixar de explicitar em seus textos a existência da elite a da ralé, dos dominados e dos dominadores, não importa em que situação isso aconteça: se na geopolítica, na eterna luta entre fés diferentes ou apenas na economia onde os "shopping's" que vendem queijos e vinhos são vizinhos dos aglomerados que ostentam altos índices de criminalidade e "outras coisitas más".
    *
    Será que o Luiz Felipe Pondé arrependeu-se de ter estudado, ter se tornado um filósofo e por isso, ser obrigado a praticar a filosofia para o resto da vida?

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  3. (argento) ... poiszé, aqui em terras brazilis, o Soldado (indivíduo), presa do Medo, não sai de suas grades ... nem o Desarmamento, nem as UPP, dos "mimadores", surtiu o efeito prometido aos mimados ... (argento)

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