quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Marina é politicamente funesta e eleitoralmente uma potência. Aí é que mora o perigo.

O defunto ainda estrebuchava e neguinho já estava especulando sobre quem vai substituí-lo como candidato à Presidência da República. Claro que o tempo é curto, mas não precisava exagerar. Mas lá vou eu na onda.

Na verdade, a corrida presidencial não perdeu muita coisa com a morte de Eduardo. Nem política nem eleitoralmente. Muito longe de ser o candidato merecedor de todas as loas ditas ontem a seu respeito, Campos era um político confuso, indeciso e sem rumo, tanto que, agindo totalmente contra sua postura habitual, escolheu Marina, uma intransigente defensora da ecologia e do humanismo - tudo falso, mas Marina é assim para uso externo. Sobre tal escolha pesou, obviamente, o pouco cacife eleitoral de Eduardo, que, agregando Marina, somou preciosos votos de quem chegou a 19,3% nas últimas eleições presidenciais, mas não o esperado e suficiente para sua candidatura ser considerada relevante.

Na verdade, Eduardo Campos era uma cria política de Lula, que chegou a prometer lançá-lo a presidente em 2018 caso ele aceitasse ser o vice de Dilma agora. Só que a criatura, mordida pela mosca azul, voltou-se contra o criador e lançou-se à aventura solo.

A se lamentar apenas a morte do homem que passava uma imagem de excelente chefe de família, não do líder, não do político.

Mas é agora que a coisa complica. Com Marina como substituta natural, cuja sombra dos 19,3% dos votos de 2010 - neste caso, intransferíveis - ainda pesam, municiada pela comoção do trágico acidente, a tendência é que sua candidatura seja robusta, infelizmente, porque calhordas a gente já tem o suficiente. Só para lembrar, em 2010 Marina venceu em Brasília (41% dos votos válidos), Belo Horizonte (39% dos votos válidos) e Vitória (37% dos votos válidos) e foi segunda em estados como Rio de Janeiro (31% dos votos válidos), Amapá (29% dos votos válidos), Amazonas (25% dos votos válidos) e Pernambuco (20% dos votos válidos).

Marina é politicamente funesta e eleitoralmente uma potência. Aí é que mora o perigo.

8 comentários:

  1. Não seria a Marina o trunfo dos evangélicos?
    Ainda não podem eleger um dos seus, ainda não, logo mais.
    Os únicos que podem fazer frente aos petistas serão os evangélicos, enquanto eles não se reproduzem o suficiente o país ficará nas maos da "dilma lu xu", ela parece com o querido líder norte-coreano, os dois gostam do mesmo tipo de roupa.

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    1. Sei não. Ela é evangélica mas não faz o perfil chato desses idiotas que ficam chamando Jesus a cada traque. O candidato Pastor Everaldo é que faz esse gênero.

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    2. Comentei sobre o fator religião (abaixo), cabeça de evangélico nem Deus entende.

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    3. Talvez ela seja uma dissidente ideológica, não sei. O tempo dirá algo mais sobre a Marina. Ela cuspiu duas vezes nas maos daqueles que a alimentaram. Certamente tera os seus motivos, o tempo dirá.

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    4. Todos nós temos o direito de acreditar ou não acreditar em nada ou em alguma coisa, isso tampem é valido para os políticos, o que eu não concordo é que um pastor evangélico que faz milagres, cura surdos, mudos e cegos, exorciza "demónios " e faz operações "mandrakianas" arrancando veias e quistos aventure-se a comandar o país, seria totalmente surreal.
      No Brasil tudo pode acontecer, vamos ver.

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  2. Na verdade a votação de 2010 não é uma referência segura, Marina não conseguiu as 500 mil assinaturas, aproximadamente 2,5% da votação obtida, com muito mais tempo de campanha e com significativo apoio financeiro.

    Mas tem um fator que está sendo esquecido (até agora) pelos comentaristas mais conhecidos: o efeito religião. Marina é evangélica e a "intervenção de Deus" para ela ser candidata pode trazer mais votos do que a "luta pela natureza".

    Outro fator que está sendo esquecido, é que o agronegócio ficará mais ameaçado, se nesse ramo eram poucos os que apoiavam Eduardo Campos, com Marina não sobrará nenhum que esteja com plena sanidade mental.

    A reação na coligação que apoiava Eduardo Campos é outra questão imprevisível. Se Marina fosse a candidata desde o início, certamente a coligação seria menor, então é possível que o impacto emocional da tragédia mantenha a coligação por algum tempo, mas a possibilidade de se desagregar após 15 ou 20 dias é grande.

    É difícil avaliar quanto tempo o impacto emocional vai ajudar Marina na conquista de votos, mas a campanha não poderá ficar apenas baseada na continuidade do Eduardo Campos. Conforme Marina vai se transformando na candidata de fato, as intenções de voto também vão se transformando em intenção de fato, ou seja, deixarão de ser intenção de votar em defunto para serem intenção de votar em candidato(a). Na coligação o processo será mais acelerado.

    Meu palpite: Marina poderá atingir 20% até setembro, depois começará a cair e terminará com 10%. A situação da economia atualmente não permite repetir o discurso nem resgatar os votos de 2010, as posições de Marina não conseguirão manter os votos do Eduardo nem a unidade da coligação.

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    1. Que pena que no Brasil votam não pela capacidade talvez conhecida do candidato ou pelo programa do partido, mas sim na crença do candidato, votam no candidato que torce pelo mesmo time que o eleitor, ou ainda votam no candidato que mais palhaçada faz e finalmente no candidato que consegue mentir ainda mais que os outros, façanha quase divina.

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  3. MAGU DISSE:
    Milton fez boa análise.
    Eu me reservo o direito de assistir ao resultado, porque penso que os 20 milhões de votos que Marina teve deveu-se muito ao voto de protesto (?) em 2010. Votos dela mesmo acho que bem menos da metade. Lembrando que Luiza Erundina foi eleita prefeita de SP com esse tal de voto de protesto. E foi aquela merda que vimos...

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