Tentando justificar a ausência de escritores liberais e
conservadores na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) deste ano,
assim se pronunciaram seus mais destacados representantes:
Miguel Conde, curador: “Não acho que escritores associados à
direita sejam numerosos. Tenho até dificuldade em pensar em nomes.”
Sérgio Miceli, membro da principal mesa de debates: “Bons
pensadores à direita são peça rara no País.”
Milton Hatoum, conferencista encarregado da palestra de
abertura do evento: “De escritor importante no Brasil, não me lembro de nenhum
de direita.”
Para começo de conversa, esses três são os famosos quem? Se
alguém souber que me responda. Eu não vou me dar ao trabalho de procurar,
porque quem reduz a arte e a intelectualidade a uma discussão vagabunda sobre
preferências políticas não pode passar de um imbecil e nada que se disser sobre
eles vai mudar meu pensamento.
Há anos venho dizendo aqui que a esquerda brasileira transformou
a cultura numa mera questão maniqueísta, onde o pensamento é dividido em duas
partes antagônicas e excludentes entre si. Esse engessamento intelectual grosseiro,
essa estúpida simplificação da realidade, também não aceita indiferenças: tudo
está obrigatoriamente ligado à política que não admite alternativas que não
sejam o Bem e o Mal, onde obviamente o primeiro representa a esquerda.
Ainda que esse maniqueísmo se restringisse à intelectualidade
em sua forma pura já seria lamentável, mas o problema é que a coisa tomou tal
vulto que o simples fato de eu dizer que prefiro Machado de Assis a José
Saramago, por exemplo, com certeza vai me render o “status” de reacionário.
Aqui no Brasil a arte e a cultura de uma forma geral não
passam de instrumentos da política de esquerda que hoje dita suas regras e distribui dinheiro aos borbotões, buscando inutilmente fazer que a obrigatoriedade de segui-los seja palatável, mesmo que comprada, coisa que, assevero, é impossível, a não ser na cabeça desses “intelequituais
arteiros” de merda, dado ao caráter absolutamente independente dessas duas
manifestações humanas em relação a tudo o mais, até mesmo ao vil metal que, paradoxalmente, vem dos que se dizem anticapitalistas.
Há muitas décadas que a cultura esquerdista domina o cenário integralmente no Brasil, politicamentes incluídos. Basta verificar os espaços a ela reservados nas livrarias brasileiras: a quantidade animal, lato sensu, de livros, teses que se transformaram em livros, estudos em geral sobre Marx, Hegel e seus sucessores. O manifesto cumunista - eu escrevi cu-munista - já tem 150 anos, e a luta do mal é organizada, estruturada.
ResponderExcluirNão há a menor dúvida que ser de direita no Brasil é ser da minoria oprimida.
O problema é mais grave do que parece. A esquerda não DOMINA a pauta cultural, apenas predomina, ou seja é maioria. Mas a direita não age de maneira muito diferente da esquerda, quando promove algum evento restringe a participação ao grupelho que concorda com tudo antecipadamente, jamais abre espaço para alguém com novas ideias ou novas informações e fica se fazendo de vítima quando não recebe espaço nos eventos da esquerda. É lamentável.
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