Reinaldo Azevedo, hoje, sobre o charivari entre Barbosa e Lewandowski,
ontem:
“Mas Barbosa? Não lhe cabe dirigir esse tipo de acusação a
um colega, por mais que discorde dele. O julgamento está sendo transmitido ao
vivo, os jornais, sites e blogs estão aí, tudo está aos olhos de todo. Mas
Barbosa é quem é. Mesmo quando no exercício da chefia do Poder - e isso
recomenda especial contenção -, põe o homem acima do cargo. A atuação de
Lewandowski, com a devida vênia, é mesmo exasperante, para ser delicado. Mas
não cabe ao presidente do tribunal acusar um membro da corte de fazer chicana.
Ainda que Lewandowski estivesse a fazer… chicana!”
Como sempre Reinaldo quer ser mais real que o rei. Dessa vez
começa pisando na bola, argumentando que Barbosa não poderia acusar Lewandowski
de chicaneiro porque o julgamento estava sendo transmitido ao vivo. Quer dizer
então que, pela ótica do Reinaldo, há dois tipos de Justiça, um para ser
desempenhado ao vivo, com script sobre boas maneiras, e o outro nos bastidores,
à sorrelfa, onde o pau pode comer solto?
Outro ponto é a crítica contumaz que Reinaldo faz ao
comportamento de Barbosa, talvez por não estar acostumado a assistir um
ministro simples, direto, que não usa o juridiquês para se expressar e que,
principalmente, não usa chicanas, nem para criticar as... chicanas dos seus
pares.
Reinaldo também exagera quando diz que Barbosa “põe o homem acima do cargo”,
até porque são os homens que fazem os cargos e não o contrário. Estamos cheios
de exemplos disso neste Brasil de petralhas. Quando se fala em senador ou
deputado, por exemplo, a primeira palavra que nos vem à cabeça é “filho da puta”,
exatamente porque nas últimas legislaturas os filhos da puta gozaram e gozam
até hoje de ampla maioria, portanto os senadores e deputados “fizeram” os cargos.
Vamos deixar Barbosa como está. Faz bem para a Justiça e
para a Democracia.
Não são os “homens que fazem o cargo”, os homens apenas “exercem o cargo”, portanto “por o homem acima do cargo” é contra o estado democrático de direito. No meu entendimento o Joaquim Barbosa não pôs o homem acima do cargo, pois não usou o cargo em benefício de suas convicções (ou interesses), muito pelo contrário, defendeu os interesses da nação de acordo com o cargo que exerce. Quem colocou o homem acima do cargo foi o Lewandowski, que usou o cargo para defender convicções com intenção explícita de retardar o andamento do processo. Se o Joaquim Barbosa poderia (ou deveria) ser mais diplomático, é uma questão controversa, pois ele não exerce cargo diplomático.
ResponderExcluirMilton, os homens "fazem" os cargos sim, dignificando-os e valorizando-os ou não, e, na minha opinião, Barbosa, apesar do pavio curto, é um que dignifica o seu, aumentando em muito as expectativas e as cobranças que o próximo presidente do STF vai ter sobre si, com o cargo extremamente valorizado. Até ele, recentemente, Gilmar Mendes foi o menos ruim, mas mesmo assim estava muito longe da desenvoltura de Barbosa.
ResponderExcluirRicardo, alguns exercem o cargo com maior ou menor propriedade, mas não é o Joaquim Barbosa de dignifica o cargo. O exemplo mais explícito é o Lewandowski, que está colocando o cargo à disposição do homem para agradar aqueles que o indicaram. Como o tema dá margem para interpretação, será difícil chegarmos ao consenso, mas tenho certeza que concordamos em algo: o homem que exercerá o cargo deverá mostrar que é tão digno quanto o cargo, antes mesmo de ser indicado.
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