Um cardiologista que eu prefiro não declinar o nome publicou
uma série de conselhos no Facebook se achando o rei da cocada preta na prevenção
dos infartos do coração e conseguiu me deixar profundamente irritado com a
série de besteiras que mais parecem cópias de matéria da revista Capricho,
principalmente porque virou moda agora entre nove entre dez doutores atribuir
os males às pessoas e não à incapacidade dos próprios médicos em lidar com
certas doenças. Se eu tive um infarto é porque não rezei o suficiente (sim, ele
fala isso no final dos “conselhos”); se eu tenho câncer é porque fumo, como
carne de vaca e verdura com agrotóxico; se eu tenho prisão de ventre é porque
eu não bebo água suficiente, apesar de beber três litros por dia... E por aí
afora, sem falar nas vezes que eu tenho febre alta e nenhum dotô sabe o que é:
aí eles batizam de “virose” e me dão um puta antibiótico que acaba
esculhambando o resto que ainda está são.
Leiam o esculápio e o que eu disse. Lógico que fiz disso uma
gozação... Mas é piada mesmo sem a minha participação:
Quando publiquei estes conselhos em meu site, recebi uma
enxurrada de e-mails, até mesmo do exterior, dizendo que isto lhes serviu de
alerta.
“Lhes” quem, cara-pálida? Os e-mails? O cara já começa
errado!
São eles:
Não cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades
pessoais e familiares são prioritárias.
Então tá. Arranje-me uma aposentadoria decente que eu faço
isso.
Não trabalhe aos sábados o dia inteiro e, de maneira
nenhuma, trabalhe aos domingos.
Serve para o senhor também? No caso de um paciente seu
sofrer um infarto, o senhor vai dizer “não trabalho aos domingos de maneira
nenhuma”?
Não permaneça no escritório à noite e não leve trabalho para
casa e/ou trabalhe até tarde.
O senhor vai contratar um assistente para mim?
Ao invés de dizer "sim" a tudo que lhe
solicitarem, aprenda a dizer "não".
Não!
Não procure fazer parte de todas as comissões, comitês,
diretorias, conselhos e nem aceite todos os convites para conferências,
seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.
Sim, e se você depender disso para se atualizar na sua
profissão, fique para trás.
Se dê ao luxo de um café da manhã ou de uma refeição
tranquila. Não aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer
reuniões importantes.
Até porque é feio falar de boca cheia e começar frases com
pronomes oblíquos...
Não centralize todo o trabalho em você, não é preciso
controlar e examinar tudo para ver se está dando certo... Aprenda a delegar.
E veja seu trabalho ir pras cucuias. Quem quer, faz, quem
não quer, manda.
Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar
aquela dor de estômago, não tome logo remédios, estimulantes, energéticos e
antiácidos. Procure um médico.
Isso, procure o SUS e marque uma consulta para daqui a seis
meses.
Não tome calmantes e sedativos de todos os tipos para
dormir. Apesar deles agirem rápido e serem baratos, o uso contínuo fazem mal à
saúde.
Mesmo que seu médico lhe oriente para fazê-lo, não o faça: em
vez disso, embriague-se ou enlouqueça de vez.
E por último, o mais importante: permita-se a ter momentos
de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto
não é só para crédulos e tolos sensíveis; faz bem à vida e à saúde.
Gozado que o “por último” não bate com o primeiro. Combinar
oração, meditação e reflexão com família é impossível!
Melhor mesmo é seguir o MEU conselho: faça tudo ao contrário
do que disse o médico e aproveite a vida. O infarto é uma LOTERIA, uma questão
de SORTE. Se há algo errado no caso, é a MEDICINA, que quando não sabe a
cura diz que o culpado é VOCÊ!
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