Patrimônio de André Vargas cresce 50 vezes em 10 anos
Quando resolveu viajar com a família para João Pessoa logo
após o réveillon deste ano, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR),
solicitou um jatinho ao doleiro Alberto Youssef, de quem diz ser amigo há duas
décadas. Essa foi apenas a coroação simbólica de uma mudança radical de vida
ocorrida ao longo de quatorze anos de vida pública. Apenas nos dez anos que
separam sua primeira eleição, como vereador de Londrina, em 2000, para sua
última disputa para a Câmara, em 2010, seu patrimônio cresceu 50 vezes.
Nem sempre o luxo fez parte da vida de Vargas. Até entrar na
política, em 2000, tudo o que o ele tinha era um Monza 1993, avaliado em R$ 9 mil,
e a sociedade em três pequenas empresas, cujas cotas somavam R$ 2.100. Dois
anos depois, quando se candidatou a deputado estadual, tinha vendido o Monza
por R$ 4 mil e declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 2.565,59 - as
mesmas empresas e um título de capitalização. Ele ainda devia R$ 1.275,87 a um
banco.
Mas a vida começou a melhorar quando se elegeu deputado
estadual em 2002. Nos quatro anos seguintes, Vargas adquiriu por R$ 80 mil uma
caminhonete Ford F-250 usada e comprou duas casas em Londrina, por mais R$
80.576,30. Mas o grande salto veio com sua primeira eleição para deputado
federal em 2006. Nos quatro anos seguintes, o deputado saiu definitivamente da
penúria.
Entre 2006 e 2010, Vargas comprou um terreno de 121 mil m²
em Iboporã, por R$ 100 mil, além de outra casa e um lote em Londrina por R$
21.563,47. Os tempos de Monza foram esquecidos e o deputado chegou às eleições
de 2010 como proprietário de três caminhonetes: Toyota Hilux, GM Tracker e
Hyundai Vera Cruz. Na mesma época, tornou-se dono de duas empresas, com capital
social de R$ 23.500. De acordo com sua declaração, Vargas guardava R$ 56.211,17
na Caixa Econômica Federal. O patrimônio total declarado na eleição passada foi
de R$ 572.050,54.
Procurado, o deputado negou problemas no crescimento de seu
patrimônio: “A evolução patrimonial ocorrida entre os anos de 2000 e 2010 é
totalmente compatível com minha renda ao longo desses dez anos”, disse em nota.
Na próxima semana, o PSDB e o DEM vão protocolar uma representação no Conselho
de Ética da Câmara contra Vargas por quebra de decoro no caso do avião pago
pelo doleiro. O PSOL já havia feito um pedido para que a Corregedoria da Casa
investigasse o envolvimento do deputado com o doleiro, que foi arquivado ontem
pela Secretaria Geral da Mesa Diretora.
De O Globo.
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