Há oito anos eu escrevi esse comentário em um site petralha onde eu debatia. Mudou alguma coisa?
Entrar nesse site muda meu mundo. Aqui não há problemas de
segurança, o povo é feliz, ganha-se muito dinheiro sem se pagar impostos
escorchantes, o país é auto-suficiente em petróleo graças ao Vosso Guia, o FMI
é uma página virada, os juros são baixíssimos, o mensalão é mentira, Humberto
Costa não é sanguessuga, Dirceu, Delúbio e Genoíno são inocentes, Lula Filho é
um honesto empresário que venceu por seus próprios méritos e etecetera
coisasboas ltda..
Pena que eu não possa viver
integralmente nesse “País das Maravilhas” criado por Luiz Inácio. De vez em
quando eu tenho que acordar e voltar para o Brasil, cujo governo quer instituir
o racismo, onde se paga 12% ao mês de juros, onde já não se pode sair mais
sossegado em lugar nenhum e para lugar nenhum, onde 50 mil funcionários
públicos nomeados garantem o aparelhamento do Estado, onde intelectuais(?)
afirmam que mensalão não é crime ou que a ética não importa e onde o ensino já
não tem mais mérito.
Outro, da mesma época e no mesmo site, quando fui “xingado” de burguês:
Em que país você vive? A que classe pertence? Não é burguês? Será um burocrata do serviço público? Militar? Ou será algum alto membro da “corte” que nos governa?
Outro, da mesma época e no mesmo site, quando fui “xingado” de burguês:
Em que país você vive? A que classe pertence? Não é burguês? Será um burocrata do serviço público? Militar? Ou será algum alto membro da “corte” que nos governa?
Minha burguesia é feita de
trabalho, que resulta em algum dinheiro, que me permite manter alguns “luxos”
necessários e que também ajuda a sustentar compulsoriamente os “luxos da corte”
e todas aquelas quadrilhas de mensaleiros e sanguessugas, muitos deles com
passagens significativas pelo atual governo. Você, pelo visto, ou não paga
impostos ou não dá valor ao seu trabalho ou vive à custa do meu dinheiro.
Minha burguesia permitiu que eu educasse quatro filhos,
com muito esforço para pagar colégios decentes, em um país onde, principalmente
hoje, não se dá valor nenhum à educação. Mas temo por todo esse esforço ter
sido completamente em vão, porque os números que não interessam ser ditos pelos
apologistas da banalização mostram uma realidade trágica por trás da euforia
pelos pagamentos ao FMI e pelos 4,3 milhões de empregos formais criados
(segundo a promessa de campanha, seriam 10 milhões, mas deixa isso pra lá).
Os tais 4,3 milhões de empregos de que tanto se orgulham
os “companheiros”, foram criados única e exclusivamente para pessoas de baixa
escolaridade – analfabetos e pessoas até o quarto ano do ensino fundamental – e
muitos deles em estatais, mas atualmente o número de demissões entre os mais
escolarizados é maior que o de contratações, o que prenuncia um futuro negro
para a já combalida classe média que sempre sonhou em ver os filhos com um canudo
de doutor na mão. Enquanto se abre a porteira para a desqualificação as
exigências para os recém-formados em universidades vão de título de mestrado ou
doutorado ao domínio de línguas e de informática, de especialidades e
tecnicalidades a um longo tempo de experiência e como remuneração, salários
ridículos de até quatrocentos reais.
Mas coitados de mim e dos demais burgueses... Nós pensamos
errado: lugar de doutor é dirigindo táxi, é na camelotagem ou então como caixa
de um banco. Estudar é pra trouxa nesse país onde se faz a reforma de ensino ao
contrário, com o nivelamento bem por baixo, só faltando uma medida provisória
que obrigue esse estorvo que é a burguesia a emburrecer seu filhos que
estudaram demais. Méritos, para quê? Isso não nos pertence mais! Afinal, nenhum
país próspero cresceu por causa da qualificação do ensino, não é mesmo? Muito
menos a classe média foi responsável por progressos e riquezas em lugar nenhum.
Bom mesmo é Cuba.
Eu quero é ser pobre! Eles são felizes com Lula. Abaixo a burguesia!
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