quarta-feira, 17 de junho de 2015

Venezuela libera voo de senadores - “E la nave (a nau dos insensatos) va”...

Hieronymus Bosch - A nau dos insensatos
“O filme de Federico Fellini é um cortejo fúnebre. O navio Glória N. parte com a nata da cena operística mundial em direção à Ilha de Erimo, para espalharem sobre o mar que a rodeia as cinzas da maior diva de todos os tempos: Edmea Tetua. Matronas fellinianas, clowns, tenores, sopranos, pervertidos sexuais, uma equipe de jornalismo que registra a viagem e um rinoceronte são passageiros desse navio que mais parece a alegoria medieval retomada por Foucault em seu estudo da história da loucura em “A nau dos insensatos” (1494), de Sebastian Brant (1457-1521), que foi escrito como longo poema satírico, de perspectiva moralizante, em que o autor aponta com dedo crítico e irônico para a sociedade de seu tempo, denunciando as falhas e vícios tanto da nobreza quanto do vulgo, não poupando Igreja, Justiça, universidades e outras instituições. Em 112 capítulos, cada qual dedicado a um tipo de insensato ou louco, Brant censura os excessos e o desleixo, a avidez por dinheiro e a falta de escrúpulos, a perda da fé e o desinteresse pelo cultivo do intelecto, em contraste com os sábios e prudentes. Com isso, o texto revela um panorama dos costumes do final do séc. XV - os seresteiros noturnos sendo afugentados da janela com o conteúdo dos penicos; a falsificação de dinheiro e a adulteração do vinho; o mensageiro ébrio que não consegue recordar a notícia que deveria transmitir; os exageros e o desconforto da moda mais recente; a mania de falar impropérios e lançar maldições, entre outros.”

Pois é. Lembrei do filme de Fellini “E la nave va” e também do filme de Stanley Kramer, “Ship of fools”, uma adaptação de “A nau dos insensatos”, já que a Venezuela resolveu aceitar o voo da FAB, repleto de senadores cujo desleixo, a avidez por dinheiro, a falta de escrúpulos e o desinteresse pelo cultivo do intelecto são patentes, não fossem eles os mais lídimos representantes da classe política brasileira. Troque-se a “loucura” por demagogia barata.

3 comentários:

  1. Minha sugestão para título: E o mico virou chimpanzé. A catástrofe épica será uma trilogia:

    a) Pagando mico.
    b) O mico virou chimpanzé.
    c) O chimpanzé virou gorila.

    O terceiro capítulo da trilogia será apresentado com a volta (dos que não deveriam ter ido) triunfante de viajantes que não saberão dizer o foram fazer naquela viagem.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. (argento) ... e la nave, dos insetos va, sur le mer de Veneris Zuela ...

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