terça-feira, 16 de junho de 2015

Que morra como um mártir

A partir de matéria do Globo.

O brasileiro-palestino Islam Hamed, de 30 anos, que está em greve de fome há 64 dias numa prisão mantida pelas forças de seguranças palestinas em Ramala, atual sede política dos palestinos, teve pioras em seu estado de saúde: está desidratado, tem desmaios frequentes, e há suspeitas de icterícia. Hamed tem ingerido apenas líquidos, como água, leite e chá.

A família acredita que alguns órgãos de Hamed já estão comprometidos, devido ao longo período de greve de fome, mas não há confirmação médica. Diariamente, ele é levado ao posto de saúde para avaliação. Ou seja, Hamed está sendo bem tratado - a debilidade da saúde é sua culpa exclusiva.

Hamed, que pretende seguir com estudos religiosos do Islã, foi preso pela primeira vez aos 17 anos por atirar pedras em tanques israelenses e, desde então, não chegou a viver dois anos em liberdade. Nesse período, ele atuou politicamente em defesa do reconhecimento do Estado da Palestina e se aproximou do Hamas (considerado, por Israel, como um grupo terrorista). Como partido político, o Hamas é de oposição ao Fatah, que preside a Autoridade Nacional Palestina.

Uma decisão do Tribunal de Justiça da Palestina foi favorável à sua soltura, mas a Autoridade Nacional Palestina alega que Israel não dará salvo-conduto para o rapaz atravessar o país, o que poderia agravar a situação. Segundo sua própria família, ele é considerado “uma ameaça à segurança nacional”. A pena do palestino-brasileiro deveria ter acabado em setembro de 2013, mas ele segue detido. O objetivo da greve de fome é deixar a cadeia e ter o direito de ser repatriado pelo Brasil.

Já a diplomacia brasileira tem feito consultas com autoridades palestinas e israelenses para garantir a repatriação de Hamed, o que, até agora, não deu resultados. Israel nega a liberação. Para a família, Hamed pode ser preso e julgado por Israel pelos mesmos crimes já condenados pela lei palestina. Embora seja um cidadão brasileiro, Hamed seria julgado por tribunais militares de exceção israelenses, pois todos os chamados crimes de segurança cometidos por palestinos contra o governo ou contra cidadãos israelenses nos territórios ocupados são julgados não pelo Direito Penal comum israelense, mas, sim, pelo Direito Penal Militar. A Autoridade Nacional Palestina diz que Hamed pode ser liberado se conseguir o salvo-conduto para vir ao Brasil, o que depende de Israel, país que controla as fronteiras do território palestino.

Agora me expliquem a troco de que o governo brasileiro se empenha tanto para repatriar traficantes e terroristas condenados? Se Hamed é palestino de fato - pois luta pelo reconhecimento do Estado Palestino -, mora com sua mãe, Nádia Hamed, em um vilarejo próximo a Ramala, se é considerado “ameaça à segurança nacional” por palestinos e israelenses - por isso, há 13 anos, vive mais preso que solto - e se foi condenado pelas leis palestinas, essa tentativa de repatriação fajuta por parte do Brasil soa como um indulto que desrespeita a Justiça palestina.

E o que é que Hamed faria aqui? Se uniria aos Black Blocs, à CUT ou a alguma quadrilha de traficantes?

Que morra como um mártir pela sua causa. Lá na Palestina. Não é isso que todo islâmico almeja na vida? Ou será que quem, ao morrer, não leva junto pelo menos uns dez inocentes, não pode ser considerado mártir?

2 comentários:

  1. O cara não quer morrer como mártir porque não é chegado numa virgem.

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  2. (argento) ... "Que morra como um mártir" ... até porque o "céu de Islâ" é o mó barato!!!

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