sábado, 2 de janeiro de 2016

Não dá a ideia, Claudio Humberto...

O crescimento de Cuba em 2015 é de fazer inveja. O Produto Interno Bruto da ilha, que vive sob ditadura, vai crescer 4%. Por aqui, só lamentação: o PIB vai fechar o ano com contração de quase 4%.

7 comentários:

  1. (argento) ... graças ao Porto de Mariel ...

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  2. É incrível a falta de entendimento das porcentagens aqui no Brasil. Muitas vezes eu vi notícias ou comentários de "especialistas" dizendo que o Brasil cresceu mais que os EUA. Brasil tinha crescido 3 ou 4$ e os EUA tinha crescido 2%, agora dizem que Cuba cresceu 4% e isso é de dar inveja.

    Então vejamos, qual é o déficit de moradia, escolas vagas em hospitais, tratamento de esgoto ou estradas pavimentadas nos EUA? Praticamente ZERO, portanto não há como haver crescimento nessas áreas.

    No caso de automóveis, a média de anos para substituição de um veículo é de 5 anos, ou seja, com cinco anos um veículo tende a ser retirado de circulação. Portanto, aumentar a fronta de veículos nos EUA é muito difícil, pois grande parte dos veículos novos correspondem à veículos que saíram de circulação.

    Então quando os EUA crescem 2%, significa crescer em um sentido muito diferente do crescimento do Brasil, sem mencionar que 1% de crescimento dos EUA representam, em valor nominal, umas dez vezes o valor nominal de 1% de crescimento no Brasil.

    Lembram que foi divulgado que a Petrobras cresceu mais que a Saudi da Arábia Saudita? Então... a Saudi cresceu o equivalente a duas ou três “Petrobrases”, mas o crescimento foi de uns 10%, No mesmo período a Petrobras cresceu 50%, ou seja, MEIA Petrobras.

    Agora vamos ver o que significa crescer 4% em Cuba? O PIB de Cuba é inferior a 100 Bilhões, Basta uma fábrica de automóveis produzindo 350 automóveis por dia, com valor médio de 10 mil dólares para crescer 1 Bilhão. A fábrica da Fiat em Betim (MG) DIMINUIU sua produção em 300 veículos por dia, então veja o que significaria a implantação de uma fábrica como essa em Cuba.

    Resumindo, que não sabe analisar percentagem acaba comparando alhos com bugalhos e concluindo que meia Petrobras é maior que uma Petrobras inteira.

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    1. É lógico que essa percentagem cubana é brincadeira. Que me conste não houve mudança nenhuma na ilha-presídio, a não ser para pior, com a intensificação das prisões de mais "dissidentes".

      A única coisa que pode estar mais intensa é o aumento do movimento no tráfico de drogas em função do porto que o braziu do pt lhe deu de presente, já que Cuba é o entreposto de vários produtores da "mercadoria". Mas isso não é contabilizado. Assim espero...

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    2. Um peido a mais em Cuba, já aumenta significativamente o percentual da produção de gás.

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  3. Deixo escrito este artigo uma semana antes de sua publicação: passarei os próximos dias em Lisboa para coordenar um encontro internacional na Fundação Champalimaud sobre o futuro da ciência no decorrer do século. Tema ousado no qual posso arriscar apenas algumas hipóteses na área das “ciências” humanas. Daí minha preocupação: a situação político-econômico-social do país muda tanto que o escrito hoje pode se tornar inadequado ou envelhecido em uma semana. Sem alternativa (a não ser calar sobre o que nos aflige), escrevi o que segue.
    Economizemos palavras, a paralisação de decisões, tanto no Executivo como no Legislativo, e a sensação subsequente de anomia sufocam todos. Ainda agora o governo, em confissão pública de incapacidade de prever e agir, bloqueou dez bilhões de reais de despesas correntes. Gesto extremo, mas de pouca eficácia. Estimativas mostram que este ano o País terá um déficit primário de cerca de 1% do PIB, maior do que o do ano passado, um déficit que se aproxima de 10% do PIB, quando contabilizado o pagamento de juros! Para evitar que a dívida pública continue a crescer como bola de neve, deveríamos passar a ter um superávit de 2,5% ao longo dos próximos anos, com a economia crescendo pelo menos 2% e o juro real caindo a 4%. Essa mudança parece cada vez mais improvável no quadro político atual. Para evitar a perda de controle sobre a evolução da economia, são urgentes atos e gestos que abram um horizonte de esperança e devolvam a confiança perdida.
    Como fazer isso, se maior do que a crise econômica é a falta de credibilidade e respeito?
    Há uma crise político-moral. Desnecessário repetir os fatos que nos levaram a tal situação: basta a prisão, com anuência do Senado, do líder do governo, senador em pleno exercício do mandato, para exemplificar a gravidade extrema do momento vivido pelo País. Poucos ousaram levantar a questão das imunidades ou puseram em dúvida o “flagrante continuado”. Não porque faltassem argumentos, mas porque faltavam condições morais para tanto. A mera suspeita de malfeitos políticos gera imediatamente a sensação de que os acusados são culpados e, pior, nos casos da Lava Jato, em geral são mesmo.
    Existe nas pessoas a sensação do “não dá mais”. Há indícios veementes, quando não provas, de responsabilidade criminal de um número crescente de figuras que ocupam altas posições nas instituições políticas e no mundo empresarial, parte delas sendo pessoas próximas ao antecessor da atual mandatária. Embora não pareça haver envolvimento pessoal na montagem e gestão da organização criminosa que tomou de assalto o Estado brasileiro, Dilma Rousseff tem responsabilidade política pelo que aí está, quando mais não for porque ocupa hoje a Presidência da República.
    Verificado isso, que fazer? Falemos português claro: ninguém sairá por si mesmo de tamanha encrenca, nem governo, nem oposição, nem empresários, nem muito menos o povo, que no final paga o custo da inflação e do desemprego provocados pelos desatinos dos que estão mandando. A responsabilidade pelas crises é do lulopetismo, como há anos venho denunciando. Basta ler meu livro sobre A Miséria da Política para ver há quanto tempo. E não estou só nesta posição, há muitíssimos outros que desde o início viram com clareza o que aconteceria.
    Trata-se agora de, ao reduzir os malefícios do lulopetismo, restabelecer a crença na democracia, dar prevalência à Constituição e criar uma nova situação de poder. Como? Há alternativas. A mais fácil seria a própria Presidente pedir um crédito de confiança à nação, sendo humilde e verdadeira, reconhecendo que errou, que desde o primeiro dia de sua reeleição (sabe-se a que custo…) deveria ter apelado à coesão nacional, nomeado um ministério isento de acusações de corrupção, formado por gente competente, respaldada politicamente pela nação e não apenas por partidos, pondo fim ao execrável e falso “nós” (os bons) e “eles” (os malditos). Não o fez. Terá condições ainda de fazê-lo? Duvido, mas não fecho as portas à possibilidade.

    (Parte 1)

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  4. Quando a situação de um país parece sem saída é preciso buscá-la. Afastemos com firmeza, por indesejáveis, quaisquer soluções à margem da Constituição. Há o caminho da renúncia (o menos custoso), não por gesto de grandeza, mas ditada pelas circunstâncias de que, paralisado o sistema decisório, chegará o momento em que ministros mais responsáveis e parte das forças políticas que ainda sustentam o governo poderão adverti-la de que não dá mais. Se quiserem saber minha torcida íntima (e não política), tomara que a própria Presidente ainda encontre forças para reconstruir seu papel na história. Mas esta é impiedosa quando os atores ficam aquém do que o momento exige.
    Há outros caminhos. Nem preciso voltar a falar de impeachment, dos cuidados que ele requer. Essa medida não deve ser objeto de desejo, mas pode brotar de investigações e fatos. Que há este caminho há, se não agora, mais à frente, pois é fragilíssima a aliança de conveniências que ora se vê entre a presidência da Câmara e a presidência da República. Iniciado o impeachment, ou a Presidente demonstra que ainda tem forças para se recuperar ou se dá a substituição dentro da lei. Isso sem falar que o Supremo Tribunal Eleitoral pode vir a esbarrar em fatos incontornáveis que levem a convocação de eleições antecipadas.
    Mas este não é o ponto central deste artigo. Seja qual for o caminho de superação do impasse, com ou sem a Presidente, precisamos promover a coesão nacional, incluindo todos aqueles dispostos a fazer as mudanças necessárias. Primeiro,no sistema partidário-eleitoral. Segundo nas contas públicas, inclusive as da Previdência. Terceiro, na burocracia, para fazer valer a impessoalidade e o profissionalismo, eliminando o sectarismo ideológico e a incompetência. E por ai segue, com uma condicionante geral: nada a preço de silenciar a Justiça e entorpecer a Lava Jato e outras investigações em curso.
    Não é o momento de pensar no “meu” interesse, nem no partidário, mas sim no do povo que está perdendo emprego e renda, e nos interesses do Brasil, que está perdendo lugar no mapa dos países com futuro promissor. O Brasil espera grandeza.
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    (Parte 2)
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    Escrito por FHC e publicado no Observador Político em 04/12/2015

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  5. Quatro frases escolhidas "a dedo" dentro do artigo de FHC:
    1 - ... superação do impasse
    2 - ... coesão nacional
    3 - (A história) é impiedosa quando os atores ficam aquém do que o momento exige.
    4 - ... todos aqueles dispostos a fazer as mudanças necessárias.
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    Será que minha escolha irá atingir o alvo?

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