Brasil - Vice-líder do partido do governo classifica
jornalistas como “pitbulls”
A tensão entre o governo e os jornalistas da oposição acaba
de subir de tom.
Num artigo publicado a 16 de junho de 2014 no site do
Partido dos Trabalhadores (PT), atualmente no poder, o vice-presidente do partido
Alberto Cantalice estabelece uma lista negra de jornalistas designados como os
“pitbulls da grande mídia”.
Para o dirigente petista, o ódio de Reinaldo Azevedo,
Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli, Guilherme Fiúza, Augusto Nunes Diogo Mainardi,
Lobão e dos humoristas Danilo Gentili e Marcelo Madureira contra as medidas
progressistas dos governos Lula e Rousseff se tornou ainda mais evidente desde
o começo do Mundial, que esperam que fracasse.
Esses “inimigos da pátria” não demoraram a responder. O
jornalista Demétrio Magnoli denunciou em Globo um artigo “calunioso” e uma ação
de propaganda por parte do PT. Magnoli se mostra preocupado pelo fato de um
político do partido no poder convidar à “caça” dos jornalistas opositores “na
rua”. Já Reinaldo Azevedo, da revista VEJA, afirmou sua intenção de processar
Alberto Cantalice por “difamação”.
“Repórteres sem Fronteiras expressa sua inquietação pelas
graves acusações dirigidas contra os jornalistas provenientes de um alto cargo
do PT”, declara Camille Soulier, responsável da seção Américas da organização.
“Não ignoramos o contexto polarizado da mídia, que pode exagerar o
descontentamento geral. No entanto, as dificuldades sentidas pelo PT não
justificam o recurso à propaganda de Estado.”
Essas acusações foram lançadas num clima social tenso, com a
multiplicação de movimentos populares contra as despesas do governo com a Copa
do Mundo. A polícia militar tem respondido através da força e alguns
jornalistas foram agredidos.
No total, a Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (ABRAJI) já contabilizou 17 agressões de jornalistas no âmbito de
manifestações desde a abertura do Mundial. Entre as vítimas, contam-se
correspondentes da CNNe de agências internacionais, como a Reuters e a
Associated Press, assim como jornalistas da mídia local ou profissionais
independentes. Karinny de Magalhães, jornalista e ativista do coletivo Mídia
NINJA, foi detida e espancada até desmaiar.
Aos 17 casos citados se juntou a detenção arbitrária de Vera
Araújo, do diário O Globo, no passado dia 15 de junho, elevando para 18 o
número de abusos. A jornalista estava filmando a detenção de um turista
argentino e acabou também sendo presa. Uma investigação foi aberta contra o
policial militar responsável pela detenção.
O Brasil se situa no 111º lugar em 180 países na última
Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa, elaborada por Repórteres sem
Fronteiras. Por ocasião da Copa do Mundo de futebol, a organização lançou uma
campanha para sensibilizar o público sobre a situação da liberdade de
informação nos países participantes.
C A N T A L I C E
ResponderExcluirC A N A L H I C E