quarta-feira, 18 de junho de 2014

Deuses, ainda vá lá, mas intermediário é dose!

Eu estava conversando e tomando mais uma com o pai de um amigo e resolvi perguntar por ele. E o pai:

- Ah, está na Europa, pagando uma promessa, com a mulher, um casal e a mãe do marido desse casal. Semana passada foram a Fátima e ontem estiveram no Vaticano.

- Puerra - disse eu -, promessa carinha essa!

(O cara pode. Tem dinheiro saindo pelo ladrão.)

- É - disse o pai -, cara mesmo. É que esse amigo tem um filho que tinha um tumor do cérebro gravíssimo, quase sem expectativas de sobrevivência, e meu filho indicou um médico amigo nosso para tratá-lo. E ambos fizeram uma promessa à Nossa Senhora de Fátima, de que, se o menino fosse curado, iriam ao seu santuário e ao Vaticano. E o menino hoje está perfeito!

Bebi um gole de cerveja e mudei de assunto, antes que eu falasse o que não devia. Mas vou dizer agora.

Não é a primeira e nem a centésima vez - é mais que isso - que eu tomo conhecimento desse tipo de idiotice e nem é a primeira vez que eu escrevo sobre isso. Se não me engano, a última foi sobre um conhecido meu há 40 anos, judeu ortodoxo, cujo filho tinha um tumor aparentemente incurável. Esse foi até mais idiota: prometeu ao seu deus que se o menino ficasse bom, ele, o menino, iria estudar no rabinato de Petrópolis. Caceta!, se for pra usar pólvora dos outros, eu atiro até em urubu! O cara faz promessa e o filho que paga! Quis a medicina que o rapaz ficasse bom, mas quis o pai que ele ficasse enfurnado no tal rabinato. Ficou seis meses e, como não é babaca como o pai, largou a coisa toda e foi para Israel, bem longe daqui, se formou em publicidade e hoje trabalha por lá mesmo como um cidadão, digamos, normal, bem longe do imbecil do pai.

Eu não admito que gente como esses dois que citei, um com dois e outro com três diplomas universitários, portanto, no mínimo cultos e preparados, tenham esse tipo de atitude. A cada vez que vejo que o que seria próprio de gente sem instrução está passando a ser assimilado como verdade por pessoas de alto grau de educação, mais a minha raiva cresce. Até porque normalmente se comete injustiças irreparáveis com os reais fazedores dos “milagres”, como nos dois casos citados, onde os médicos, únicos e verdadeiros responsáveis pela cura de ambos os meninos, são solenemente ignorados.

É por essas e outras que o meu desprezo às religiões a cada dia aumenta mais. A lógica que pressupõe a descrença em mitos e em homens que se arvoram em “mensageiros” de deuses está dando lugar a uma fé inexplicável, principalmente em casos de gente que deveria, pelo estudo e pela cultura, dar o exemplo do bom senso.

Deuses, ainda vá lá, mas intermediários é dose!

4 comentários:

  1. Pô! - até o deus do rico é diferente!, recebe a promessa, mas atende o pedido!; o deus do pobre deixa-o morrer na fila do SUS ...

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    1. hehehehehe - tadinho do pobre!, nem a milagre tem direito ...

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    2. ... olha só que coisa!:

      http://oglobo.globo.com/blogs/ilimar/posts/2014/06/18/americanos-queriam-bloquear-celulares-539908.asp

      ... acho que Deus é Americano!!!

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  2. Até o Papa, quando a coisa tá feia, procura medicina de ponta; ele sabe, melhor que todo mundo, que lá de cima não vem ajuda que funcione.

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