Eu estava conversando e tomando mais uma com o pai de um
amigo e resolvi perguntar por ele. E o pai:
- Ah, está na Europa, pagando uma promessa, com a mulher, um
casal e a mãe do marido desse casal. Semana passada foram a Fátima e ontem estiveram
no Vaticano.
- Puerra - disse eu -, promessa carinha essa!
(O cara pode. Tem dinheiro saindo pelo ladrão.)
- É - disse o pai -, cara mesmo. É que esse amigo tem um
filho que tinha um tumor do cérebro gravíssimo, quase sem expectativas de
sobrevivência, e meu filho indicou um médico amigo nosso para tratá-lo. E ambos
fizeram uma promessa à Nossa Senhora de Fátima, de que, se o menino fosse
curado, iriam ao seu santuário e ao Vaticano. E o menino hoje está perfeito!
Bebi um gole de cerveja e mudei de assunto, antes que eu
falasse o que não devia. Mas vou dizer agora.
Não é a primeira e nem a centésima vez - é mais que isso - que
eu tomo conhecimento desse tipo de idiotice e nem é a primeira vez que eu
escrevo sobre isso. Se não me engano, a última foi sobre um conhecido meu há 40
anos, judeu ortodoxo, cujo filho tinha um tumor aparentemente incurável. Esse
foi até mais idiota: prometeu ao seu deus que se o menino ficasse bom, ele, o
menino, iria estudar no rabinato de Petrópolis. Caceta!, se for pra usar pólvora
dos outros, eu atiro até em urubu! O cara faz promessa e o filho que paga! Quis a medicina que o rapaz ficasse bom, mas quis o pai que ele ficasse enfurnado no tal rabinato. Ficou seis meses e, como não é babaca como o pai, largou a coisa toda e foi para Israel, bem
longe daqui, se formou em publicidade e hoje trabalha por lá mesmo como um
cidadão, digamos, normal, bem longe do imbecil do pai.
Eu não admito que gente como esses dois que citei, um com
dois e outro com três diplomas universitários, portanto, no mínimo cultos e
preparados, tenham esse tipo de atitude. A cada vez que vejo que o que seria
próprio de gente sem instrução está passando a ser assimilado como verdade por
pessoas de alto grau de educação, mais a minha raiva cresce. Até porque
normalmente se comete injustiças irreparáveis com os reais fazedores dos “milagres”,
como nos dois casos citados, onde os médicos, únicos e verdadeiros responsáveis
pela cura de ambos os meninos, são solenemente ignorados.
É por essas e outras que o meu desprezo às religiões a cada
dia aumenta mais. A lógica que pressupõe a descrença em mitos e em homens que se
arvoram em “mensageiros” de deuses está dando lugar a uma fé inexplicável,
principalmente em casos de gente que deveria, pelo estudo e pela cultura, dar o
exemplo do bom senso.
Deuses, ainda vá lá, mas intermediários é dose!
Pô! - até o deus do rico é diferente!, recebe a promessa, mas atende o pedido!; o deus do pobre deixa-o morrer na fila do SUS ...
ResponderExcluirhehehehehe - tadinho do pobre!, nem a milagre tem direito ...
Excluir... olha só que coisa!:
Excluirhttp://oglobo.globo.com/blogs/ilimar/posts/2014/06/18/americanos-queriam-bloquear-celulares-539908.asp
... acho que Deus é Americano!!!
Até o Papa, quando a coisa tá feia, procura medicina de ponta; ele sabe, melhor que todo mundo, que lá de cima não vem ajuda que funcione.
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