O Informante
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, negociou com
traficantes. Sim, é exatamente isso que você leu. Embora não tenha ganhado o
devido destaque nos telejornais, a notícia saiu na edição de segunda-feira da
Folha de São Paulo.
Reproduzimos os trechos reveladores:
Auxiliares do prefeito Fernando Haddad (PT) conversaram com
traficantes da cracolândia, na região central de São Paulo, e anteciparam a eles
detalhes da operação realizada na quarta (29) e que terminou em confronto entre
usuários de drogas e policiais.
O diálogo foi mantido entre assessores do gabinete do
prefeito paulistano e ao menos seis pessoas que se identificavam como “líderes”
dos ocupantes da chamada “favelinha”, um conjunto de barracos dos viciados.
O objetivo era evitar uma reação violenta dos frequentadores
durante a operação. Mas, segundo a Folha
apurou, a prefeitura foi surpreendida minutos antes da ação: os que se
diziam líderes sumiram, e outros traficantes assumiram como interlocutores.
A prefeitura paulistana não se pronunciou para negar a
negociata com marginais desde a publicação da reportagem. No dia da ação na
“favelinha”, o site da prefeitura noticiou assim a ação, com destaques nossos:
A Prefeitura de São Paulo iniciou hoje uma ação para
desmontagem pactuada dos barracos na praça Julio Prestes (Luz), local conhecido
como fluxo ou favelinha da Cracolândia. Além de servir de “moradia” pessoas em
situação de rua e dependentes químicos, as lonas começaram a ser erguidas no
local no ano passado também por traficantes como forma de escapar do
monitoramento por imagem. A administração municipal está em diálogo há semanas
com o governo estadual sobre essa situação.
Neste parágrafo a prefeitura reconhece que existiam barracas
de traficantes no local e que fez um pacto com quem tinha barracas por lá. Como
fizeram a distinção entre quem era traficante e quem era apenas usuário?
Vejam um trecho do post em que Reinaldo Azevedo fundamenta o
pedido de impeachment do prefeito por quebra de decoro:
IO senhor Fernando Haddad tem de ser alvo de um processo de
impeachment. E já. Aliás, se os petistas tiverem um mínimo de juízo, não
moverão uma palha para salvar o mandato deste celerado. Se eu fosse do partido,
aplaudiria o impedimento de um sujeito que, obviamente, depõe contra uma
legenda cuja reputação já está no lixo. Ser tida como um covil de ladrões
parece ser ruim o bastante, não é mesmo?
Existe lei para pôr Haddad na rua? É claro que sim! Trata-se
do Decreto-Lei 201, de 1967, que foi recepcionado pela Constituição de 1988.
Vejam o que define o Inciso X do Artigo 4º da Lei:
Art. 4º São infrações político-administrativas dos Prefeitos
Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dos Vereadores e sancionadas com
a cassação do mandato:
X – Proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro
do cargo.
Negociar com traficantes é incompatível com a dignidade e o
decoro do cargo.
O Artigo 5º da mesma lei define a forma do processo,
destacando que a denúncia pode ser feita por qualquer cidadão — e, claro!, por
vereadores.
Reinaldo Azevedo repetiu esses argumentos em suas
participações na rádio Jovem Pan.
Diante da reportagem da Folha, resta perguntar quem foram
esses assessores do gabinete do prefeito. Quem foram os traficantes consultados?
A única forma de Fernando Haddad se ver livre da acusação de quebra de decoro
por negociar com traficantes seria dizer quem são esses assessores para que
saibamos se foi uma ação individual e independente deles ou estavam sob as
ordens do prefeito. Em último caso, os assessores do gabinete do prefeito podem
alegar que é tudo invenção dos repórteres da Folha, gerando assim a necessidade
de uma acareação.
O que não se pode é conviver com a hipótese do prefeito da
maior cidade do país ter se reunido e feito acordo com traficantes de drogas.
(argento) ... a simbiótica relação entre a Quadrilha que guverna, Tráfico e Favelas é evidente; só não vê quem não quer ...
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