Quando li essas duas notícias, uma em seguida da outra, tive
ganas de pegar uma arma das boas, daquelas que traficante usa, e fuzilar, um
por um, esses 2.734 caroneiros de merda, que até para trocar de peruca usam
aviões da FAB. E digo mais: não o faria apenas porque seria preso. Com absoluta
certeza eu não teria nenhum remorso em fazê-lo. É o fim que merecem, um governo
genocida, seus asseclas e baba-ovos.
Falta de avião da FAB
impede transplante de coração em criança
Globo
Gabriel tem 12 anos e precisa de um coração novo. Doadores
para crianças na fila de espera são raros. Doações de coração, então, são
raríssimas. O órgão é o que tem o menor tempo de isquemia — o menor período em
que pode ficar sem irrigação sanguínea nenhuma: quatro horas, o prazo completo
para trocar de peito. No primeiro dia do ano, o menino de Brasília teve uma
oportunidade real de transplante. O coração novo, porém, não chegou ao Planalto
Central.
O órgão surgiu em Pouso Alegre (MG), a menos de mil
quilômetros de Brasília, e a oferta foi oficialmente feita pela Central
Nacional de Transplantes à central de regulação no Distrito Federal. A equipe
que cuida de Gabriel nem embarcou: faltou um avião da Força Aérea Brasileira
(FAB) para buscar o coração em Minas.
A FAB confirmou ao GLOBO que recebeu o pedido para o
transporte do órgão e que “não pôde atender por questões operacionais.” O
episódio passou a ser investigado pela FAB: “As circunstâncias envolvidas no
caso estão sendo apuradas”, diz nota do Centro de Comunicação Social da
Aeronáutica à reportagem.
Pouco mais de uma semana depois, Gabriel continua na lista
de espera por um coração. Em Brasília, são duas crianças na fila: Gabriel e
Laura, uma bebê de nove meses. A perda da oportunidade, por falta de
transporte, foi considerada grave pela equipe médica, gerou mobilização e
revolta de profissionais e vem sendo cercada de sigilo.
O sistema de transplante de órgãos, quase que inteiramente
feito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), é considerado eficiente. Mas
não está imune a falhas, em especial o transporte interestadual de órgãos. O
GLOBO apurou que o caso de Gabriel não é o único. Em Brasília, ao longo de
2015, houve outras recusas, em especial de coração, por falta de uma aeronave
da FAB ou comercial.
Gabriel é acompanhado no Instituto de Cardiologia do DF, o
único em Brasília a fazer transplante de coração. O instituto não divulgou
boletins médicos sobre a saúde do garoto e não permitiu o acesso à família. O
hospital confirmou que, no dia 1º, a equipe médica não embarcou para Minas para
fazer a avaliação do coração por falta de transporte.
A Central Nacional de Transplantes fez a oferta do coração a
diferentes centrais locais, entre elas a do DF. No e-mail disparado às centrais
já foi informada a falta de logística para transportar o órgão. Até o primeiro
semestre de 2014, cabia aos estados organizar essa logística. Agora, a Central
Nacional cuida de horários, dias e disponibilidade de voos.
As condições eram favoráveis para o coração de Minas bater
no peito de Gabriel. Pouso Alegre, a menos de mil quilômetros de Brasília, tem
aeroporto. A Central Nacional de Transplantes não fez objeção à qualidade do
órgão, apenas à falta de disponibilidade de aeronaves. E, naquele dia 1º,
aviões da FAB não decolaram para transportar autoridades.
Em 30 de dezembro, uma aeronave da FAB decolou de Brasília a
São Paulo para transportar o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo
Lewandowski. No dia anterior, a FAB transportou de Brasília para o Rio o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Não houve voos nos dias 2 e 3.
Aeronaves da FAB já percorreram distâncias maiores para
buscar um coração. Foi assim em 4 de agosto de 2015, quando um morador de
Brasília recebeu um órgão de Jaraguá do Sul (SC), a 1,5 mil quilômetros. A FAB
fez mais dois transportes de coração para Brasília em 2015. O segundo mais
distante foi buscado em Arapongas (PR), a 1,1 mil quilômetros. Ministério da
Saúde e FAB assinaram um acordo de cooperação técnica no fim de 2013 para
priorizar o transporte de órgãos e tecidos.
— Já esbarrei em situações como essa. Quando vemos que não
há transporte, já paramos o procedimento — afirma um médico que atua com
transplantados de coração na capital.
O presidente da Associação Brasileira de Transplante de
Órgãos, Roberto Manfro, elogia o sistema de transplantes e diz que situações
como a envolvendo o coração em Minas não são frequentes:
— Não existe sistema que funciona 100% o tempo todo. A falta
de transporte ocorre em situações de estresse do sistema. Nessa área, a taxa de
sucesso é alta e a atuação do poder público é elogiável. Agora, cada órgão que
deixa de ser transplantado, uma pessoa deixa de ser beneficiada.
O GLOBO perguntou à FAB e ao Ministério da Saúde se a falta
de disponibilidade de uma aeronave para buscar o coração em Minas estava
relacionada a cortes de despesas em razão do ajuste fiscal e, consequentemente,
à falta de combustível. As duas instituições não responderam. O ministério
também não respondeu se o coração disponível para doação se perdeu. “O paciente
G.L.A. encontra-se na lista nacional de espera por transplante, em caráter
prioritário e com acompanhamento da sua situação de saúde”, informou.
O Ministério da Saúde afirmou ainda que o possível doador
surgido no dia 1º estava em Itajubá, “a 40 minutos de carro de Pouso Alegre,
onde fica a pista de pouso mais próxima”. O registro da Central Nacional de
Transplantes diz que era Pouso Alegre.
“O tempo para a realização de todo o procedimento, desde a
retirada do coração do peito do doador até seu implante no peito do receptor
não pode ultrapassar quatro horas, sob pena de insucesso do procedimento. Esse
exíguo tempo dificulta a sua realização da retirada e do transplante em casos
em que o potencial doador se encontra no interior do país”, diz a nota do
ministério.
“A existência de um potencial doador com morte encefálica
confirmada não significa que seu coração, por exemplo, possa ser utilizado ou
mesmo possa ser adequado ao candidato a receptor primeiro colocado na lista de
prioridades para transplante ou para qualquer outro candidato a receptor na
lista de espera”, completa. Segundo o ministério, em 2014 foram mais de 5 mil
voos para transporte de órgãos, de graça, na aviação civil.
***
Em 2015, Força Aérea
realizou 2.734 voos para os três Poderes
Folha
Em 2015, a FAB (Força Aérea Brasileira) realizou 2.734 voos
para transportar ministros de Estado e os presidentes da Câmara, do Senado e do
STF (Supremo Tribunal Federal), segundo os dados oficiais. Março, mês em que a
crise política se intensificou — com os primeiros panelaços, a rejeição recorde
da presidente Dilma Rousseff, a demissão do então ministro Cid Gomes (Educação)
e 210 mil pessoas na avenida Paulista a favor do impeachment —, foi recordista,
com 324 voos.
Ano passado registrou uma queda no número de viagens feitas
pela FAB —foi o menor desde 2012. O campeão da série histórica continua sendo
2014, quando Dilma se reelegeu à Presidência, usando o Aerolula para fazer
campanha.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), viajou 144
vezes. Seu antecessor no cargo, o atual ministro Henrique Eduardo Alves
(Turismo), passou 2014 com só 54 voos.
Uma das explicações da diferença é o programa Câmara Itinerante,
criado por Cunha, pelo qual ele visitou assembleias nos Estados para divulgar
seu trabalho. Em várias dessas visitas, acabou vaiado — em São Paulo,
manifestantes petistas foram tirados do plenário à força.
Presidente do Fundo Social de Solidariedade de SP, a
primeira-dama, Lu Alckmin, utilizou as aeronaves do governo mais vezes do que
todos os secretários de Geraldo Alckmin somados desde 2011. Até 2015, a mulher
do governador teve helicópteros e jatos do Estado à disposição para 132
deslocamentos em que foi a passageira principal. Os auxiliares de Alckmin
juntos foram passageiros principais em 76 ocasiões. Os dados dos 1.900 voos
foram obtidos via Lei de Acesso à Informação.
Alckmin também autorizou 36 empréstimos de aeronaves para
pessoas de fora da administração paulista. A lista vai do ex-premiê britânico
Tony Blair aos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Delcídio do Amaral (PT-MS).
O governo diz que Dona Lu “desenvolve amplo trabalho
voluntário, com agenda transparente” e que empréstimos a terceiros atendem a
“interesse público”.
O Estado justifica os voos em decreto que diz caber à Casa
Militar operar “deslocamentos do governador e primeira-dama” em suas aeronaves,
além de, excepcionalmente, secretários e agentes públicos a serviço.
O dia que a FAB disser, "chega, não vamos mais pactuar com essa imoralidade, não vamos mais nos sujeitar às leis dos nossos politiqueiros" pode indicar que os militares estão dispostos a tomar o poder.
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