terça-feira, 30 de maio de 2017

Um terço do Congresso levou grana da J&F - Eis as listas

“Eleitos foram 179 deputados estaduais, de 23 estados; 167 deputados federais, de 19 partidos. Demos propina para 28 senadores da República, sendo que alguns disputaram e perderam eleição para governador e alguns disputaram reeleição ou eleição para o Senado. E demos propina para 16 governadores eleitos.”

Sem especificar o que é propina, caixa dois ou doação legal, o presidente e o diretor de Relações Institucionais do grupo J&F contaram que financiaram, direta ou indiretamente, 1.829 candidatos de 28 partidos na eleição de 2014, entre postulantes a presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Foram repassados quase R$ 600 milhões.





sexta-feira, 26 de maio de 2017

O deus de Spinoza

Einstein, perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.

Não sou muito chegado a deuses e derivados. Muito menos aos que se dizem seus representantes, porta-vozes ou intermediários, e ao que eles falam e escrevem em nome dos divinos, incluindo bíblias, corões, bhagavad-gitas e por aí afora.

Mas hoje Nelson Motta, em sua coluna no Globo, reproduziu um trecho do texto do filósofo holandês Baruch Spinoza em que ele se fez deus, que reproduzo na íntegra, abaixo. Pode parecer piegas, mas se eu algum dia acreditar numa “força superior” vai ser por aí.

“Para de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Para de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.
Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.
Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre.
Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.
Vive como se não o houvesse.
Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir.
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Para de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Para de louvar-me!
Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
Não me procures fora!
Não me acharás.
Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.”



quinta-feira, 25 de maio de 2017

quarta-feira, 24 de maio de 2017

No final das contas, quem vazou o áudio de Reinaldo Azevedo?

A PF nega, a PGR nega e diz que ainda não recebeu a Ação Cautelar.

Nota de esclarecimento da PGR

Brasil 23.05.17 22:11

“A Procuradoria-Geral da República esclarece que a informação veiculada na matéria do Buzzfeed ‘PGR anexa grampos de Reinaldo Azevedo com Andrea Neves em inquérito (...)’ está errada. A PGR não anexou, não divulgou, não transcreveu, não utilizou como fundamento de nenhum pedido, nem juntou o referido diálogo aos autos da Ação Cautelar 4316, na qual Andrea Neves figura como investigada.

Todas as conversas utilizadas pela PGR em suas petições constam tão somente dos relatórios produzidos pela Polícia Federal, que destaca os diálogos que podem ser relevantes para o fato investigado. Neste caso específico, não foi apontada a referida conversa.

A ação cautelar contém quatro mídias. As duas primeiras referem-se aos termos de confidencialidade firmados com os colaboradores (folhas 55 e 57), anexados com a inicial da cautelar. As outras duas, juntadas pela PF, referem-se aos relatórios (autos circunstanciados) parciais de análise das interceptações telefônicas autorizadas pelo ministro-relator (folha 249, anexada dia 24/04, e folha 386, anexada dia 19/05).

A Ação Cautelar 4316 ainda não deu entrada na PGR, tendo sido aberta vista nesta terça-feira, 23 de maio, com chegada prevista para quarta-feira, 24 de maio.”


terça-feira, 23 de maio de 2017

A delação que é um escândalo - Estadão

O vazamento da delação de Joesley Batista na semana passada deixou uma vez mais o País profundamente consternado, ao envolver em ações criminosas graduados personagens da vida nacional, a começar pelo presidente da República, Michel Temer. Surpreende que denúncias tão graves tenham sido divulgadas – assumindo, assim, ares de veracidade – sem que nada do que delas consta, e tampouco as circunstâncias que envolvem os fatos, tenha sido averiguado previamente. Tal açodamento foi, no mínimo, irresponsável. Haja vista as consequências da divulgação nos campos político, econômico e financeiro.

A delação do empresário da JBS é escandalosa, e não apenas pelos crimes relatados. As histórias que a cercam são de enorme gravidade, indicando, no mínimo, o pouco cuidado com que se tratou um material com enorme potencial explosivo para o País.

Em primeiro lugar, causa escândalo o fato de que a principal notícia vazada na noite de quarta-feira passada não foi confirmada e, mesmo assim, o Ministério Público Federal (MPF) não fez qualquer retificação. Foi afirmado que um áudio gravado por Joesley Batista provava que o presidente Michel Temer havia dado anuência à compra do silêncio de Eduardo Cunha e de Lúcio Funaro. Ainda que a conversa apresentada seja bastante constrangedora para o presidente Michel Temer pelo simples fato de ter sido travada com alguém da laia do senhor Joesley Batista, das palavras ouvidas não se comprova a alegada anuência presidencial. Ou seja, aquilo que tanto rebuliço vem causando na vida política e econômica do País desde a semana passada não foi comprovado e, pelo jeito, não o será, pelo simples fato de não existir.

Como o Broadcast – serviço de notícias em tempo real da Agência Estado – revelou no sábado passado, a gravação da conversa entre Joesley Batista e Michel Temer no Palácio do Jaburu não foi periciada antes de ser usada no pedido de abertura de inquérito contra o presidente. Ou seja, nem mesmo essa medida de elementar prudência foi adotada pelo Ministério Público Federal. Em razão de a denúncia envolver altas personalidades, seria curial dar os passos processuais com extrema segurança, até mesmo para evitar eventual nulidade da ação e consequente impunidade dos eventuais culpados. Tudo indica, no entanto, que o principal objetivo do MPF era obter notoriedade, e não fazer cumprir a lei.

A fragilidade da delação de Joesley Batista não se esgota nesses pontos. De forma um tanto surpreendente, o MPF não apresentou denúncia contra o colaborador, como se a revelação dos supostos crimes cometidos pelo presidente da República e por outros nomes importantes da vida nacional fosse suficiente para remir a pena do criminoso confesso. Trata-se de evidente abuso, a merecer pronta investigação da Justiça. Se, como o MPF denuncia, os crimes foram tão graves e abrangem toda a política nacional, é um grave e escandaloso erro – para dizer o mínimo – conferir perdão a quem os perpetrou e lucrou abundantemente. Note-se que a lei proíbe que se dê imunidade aos líderes de organização criminosa. Não seria essa a função dos senhores Joesley e Wesley Batista nos acontecimentos em questão?

Além disso, até o momento não foi apresentada uma possível razão que justificasse o procedimento seguido pelo MPF e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à delação de Joesley Batista. Como não estava ligado à Operação Lava Jato, o caso deveria ter sido distribuído por sorteio, e não encaminhado diretamente ao ministro Edson Fachin.

A delação de Joesley Batista ainda expõe o Ministério Público em dois pontos muito sensíveis. O delator contou que o procurador Ângelo Goulart Villela, mediante pagamento de R$ 50 mil mensais, era seu informante dentro do MP. Ora, tal fato leva a checar com lupa todos os passos do empresário nesse processo de colaboração. Além disso, um procurador da República, que atuava muito próximo a Rodrigo Janot, deixou a Procuradoria-Geral da República (PGR) para trabalhar no escritório que negocia com a própria PGR os termos da leniência do Grupo JBS. Tudo isso sem cumprir qualquer quarentena.


Ansiosamente, o País espera que avance o combate à corrupção. Tal avanço deve ser feito, porém, de forma menos descuidada.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Entrevista de Temer à Folha: “Se quiserem, me derrubem”

Fábio Zanini, Daniela Lima e Marina Dias
Folha

Enfrentando a mais grave crise de seu governo, o presidente Michel Temer (PMDB) diz que renunciar seria uma admissão de culpa e desafia seus opositores: “Se quiserem, me derrubem”.Em entrevista à Folha no Palácio da Alvorada, Temer afirma que não sabia que Joesley Batista, que o gravou de forma escondida, era investigado quando o recebeu fora da agenda em sua residência em março –embora, naquele momento, o dono da JBS já fosse alvo de três operações.
Sobre o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, flagrado correndo com uma mala de dinheiro, Temer diz que mantinha com ele apenas “relação institucional”. A atitude de Loures, para o presidente, não foi “aprovável”. Mas ele defende o caráter do ex-assessor. “Coitado, ele é de boa índole, de muito boa índole.”
O sr. estabeleceu que ministro denunciado será afastado e, se virar réu, exonerado. Caso o procurador-geral da República o denuncie, o sr. vai se submeter a essa regra?
Não, porque eu sou chefe do Executivo. Os ministros são agentes do Executivo, de modo que a linha de corte que eu estabeleci para os ministros, por evidente não será a linha de corte para o presidente.

Mas o sr. voluntariamente poderia se afastar.
Não vou fazer isso, tanto mais que já contestei muito acentuadamente a gravação espetaculosa que foi feita. Tenho demonstrado com relativo sucesso que o que o empresário fez foi induzir uma conversa. Insistem sempre no ponto que avalizei um pagamento para o ex-deputado Eduardo Cunha, quando não querem tomar como resposta o que dei a uma frase dele em que ele dizia: “Olhe, tenho mantido boa relação com o Cunha”. [E eu disse]: “Mantenha isso”. Além do quê, ontem mesmo o Eduardo Cunha lançou uma carta em que diz que jamais pediu [dinheiro] a ele [Joesley] e muito menos a mim. E até o contrário. Na verdade, ele me contestou algumas vezes. Como eu poderia comprar o silêncio, se naquele processo que ele sofre em Curitiba, fez 42 perguntas, 21 tentando me incriminar?

O Joesley fala em zerar, liquidar pendências. Não sendo dinheiro, seria o quê?
Não sei. Não dei a menor atenção a isso. Aliás, ele falou que tinha [comprado] dois juízes e um procurador. Conheço o Joesley de antes desse episódio. Sei que ele é um falastrão, uma pessoa que se jacta de eventuais influências. E logo depois ele diz que estava mentindo.

Não é prevaricação se o sr. ouve um empresário dentro da sua casa relatando crimes?
Você sabe que não? Eu ouço muita gente, e muita gente me diz as maiores bobagens que eu não levo em conta. Confesso que não levei essa bobagem em conta. O objetivo central da conversa não era esse. Ele foi levando a conversa para um ponto, as minhas respostas eram monossilábicas…

Quando o sr. fala “ótimo, ótimo”, o que o sr. queria dizer?
Não sei, quando ele estava contando que estava se livrando das coisas etc.

Era nesse contexto da suposta compra de juízes.
Mas veja bem. Ele é um grande empresário. Quando tentou muitas vezes falar comigo, achei que fosse por questão da [Operação] Carne Fraca. Eu disse: “Venha quando for possível, eu atendo todo mundo”. [Joesley disse] “Mas eu tenho muitos interesses no governo, tenho empregados, dou muito emprego”. Daí ele me disse que tinha contato com Geddel [V. Lima, ex-ministro], falou do Rodrigo [Rocha Loures], falei: “Fale com o Rodrigo quando quiser, para não falar toda hora comigo.”

Ele buscou o sr. diretamente?
Ele tentou três vezes me procurar. Ligou uma vez para a minha secretária, depois ligou aquele rapaz, o [Ricardo] Saud, eu não quis atendê-lo. Houve um dia que ele me pegou, conseguiu o meu telefone, e eu fiquei sem graça de não atendê-lo. Eu acho que ele ligou ou mandou alguém falar comigo, agora confesso que não me recordo bem.

Por que não estava na agenda? A lei manda.
Você sabe que muitas vezes eu marco cinco audiências e recebo 15 pessoas. Às vezes à noite, portanto inteiramente fora da agenda. Eu começo recebendo às vezes no café da manhã e vou para casa às 22h, tem alguém que quer conversar comigo. Até pode-se dizer, rigorosamente, deveria constar da agenda. Você tem razão.

Foi uma falha?
Foi, digamos, um hábito.

Um hábito ilegal, não?
Não é ilegal porque não é da minha postura ao longo do tempo [na verdade, está na lei 12.813/13]. Talvez eu tenha de tomar mais cuidado. Bastava ter um detector de metal para saber se ele tinha alguma coisa ou não, e não me gravaria.

É moralmente defensável receber tarde da noite, fora da agenda, um empresário que estava sendo investigado?
Eu nem sabia que ele estava sendo investigado.

O sr. não sabia?
No primeiro momento não.

Estava no noticiário o tempo todo, presidente [Joesley naquele momento era investigado nas operações Sepsis, Cui Bono? e Greenfield].
Ele disse na fala comigo que as pessoas estavam tentando apanhá-lo, investigá-lo.

Um assessor muito próximo do sr. [Rocha Loures] foi filmado correndo com uma mala pela rua. Qual sua avaliação?
Vou esclarecer direitinho. Primeiro, tudo foi montado. Ele [Joesley] teve treinamento de 15 dias, vocês que deram [refere-se à Folha], para gravar, fazer a delação, como encaminhar a conversa.

A imagem dele correndo com dinheiro não é montagem.
[Irritado] Não, peraí, eu vou chegar lá, né, se você me permitir… O que ele [Joesley] fez? A primeira coisa, o orientaram ou ele tomou a deliberação: “Grave alguém graúdo”. Depois, como foi mencionado o nome do Rodrigo, certamente disseram: “Vá atrás do Rodrigo”. E aí o Rodrigo certamente foi induzido, foi seduzido por ofertas mirabolantes e irreais. Agora, a pergunta que se impõe é a seguinte: a questão do Cade foi resolvida? Não foi. A questão do BNDES foi resolvida? Não foi.

O Rocha Loures errou?
Errou, evidentemente.

O sr. se sente traído?
Não vou dizer isso, porque ele é um homem, coitado, ele é de boa índole, de muito boa índole. Eu o conheci como deputado, depois foi para o meu gabinete na Vice-Presidência, depois me acompanhou na Presidência, mas um homem de muito boa índole.

Ele foi filmado com R$ 500 mil, que boa índole é essa?
Sempre tive a convicção de que ele tem muito boa índole. Agora, que esse gesto não é aprovável.

O sr. falou com ele desde o episódio?
Não.

O sr. rompeu com ele?
Não se trata de romper ou não romper, não tenho uma relação, a não ser uma relação institucional [com ele].

Quando o sr. diz para o Joesley que ele poderia tratar de “tudo” com o Rodrigo Rocha Loures, o que o sr. quer dizer?
Esse tudo são as matérias administrativas. Não é tuuudo [alongando o “u”]. Eu sei a insinuação que fizeram: “Se você tiver dinheiro para dar para ele, você entregue para ele”. Evidentemente que não é isso. Seria uma imbecilidade, da minha parte, terrível.

O sr. o conheceu há quantos anos?
Quando ele era deputado, portanto, há uns dez anos.

E mesmo o conhecendo há dez anos, ele tendo sido seu assessor…
Mas espera aí, eu conheço 513 deputados há dez anos.

Mas apenas ele foi seu assessor próximo.
Como são próximos todos os meus assessores.

E mesmo próximo era apenas uma relação institucional?
Institucional, sem dúvida.

Nos últimos dias, o sr. veio numa escalada nas declarações. Acha que a Procuradoria-Geral armou para o sr.?
Eu percebo que você é muito calma [risos]. Espero que você jamais sofra as imputações morais que eu sofri. Eu estava apenas retrucando as imprecações de natureza moral gravíssimas, nada mais do que isso. Agora, mantenho a serenidade, especialmente na medida em que eu disse: eu não vou renunciar. Se quiserem, me derrubem, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa.

No pronunciamento o sr. foi muito duro com o acordo de delação.
Não faço nenhuma observação em relação à Procuradoria. Agora, chamou a atenção de todos a tranquilidade com que ele [Joesley] saiu do país, quando muitos estão na prisão. Ou, quando saem, saem com tornozeleira. Além disso, vocês viram o jogo que ele fez na Bolsa. Ele não teve uma informação privilegiada, ele produziu uma informação privilegiada. Ele sabia, empresário sagaz como é, que no momento em que ele entregasse a gravação, o dólar subiria e as ações de sua empresa cairiam. Ele comprou US$ 1 bilhão e vendeu as ações antes da queda.

Se permanecer no cargo, em setembro tem de escolher um novo procurador. O sr. acha que tem condição de conduzir esse processo sem estar contaminado depois de tudo isso que está acontecendo?
Contaminado por esses fatos? Não me contamina, não. Aliás, eu tiro o “se”. Porque eu vou continuar.

É preciso alguma mudança na maneira como esses acordos são feitos? Mudança na lei?
Acho que é preciso muita tranquilidade, serenidade, adequação dos atos praticados. Não podem se transformar em atos espetaculosos. E não estou dizendo que a Procuradoria faça isso, ou o Judiciário. Mas é que a naturalidade com que se leva adiante as delações… Você veja, as delações estão sob sigilo. O que acontece? No dia seguinte, são públicas. A melhor maneira de fazer com que eles estejam no dia seguinte em todas as redes de comunicação é colocar uma tarja na capa dizendo: sigiloso.

Esse processo dá novo impulso ao projeto de lei de abuso de autoridade?
É claro que ninguém é a favor do abuso de autoridade. Se é preciso aprimorar toda a legislação referente a abuso de autoridade, eu não saberia dizer. Abusar da autoridade é ultrapassar os limites legais.

O sr. falou muito do Joesley. Mas qual a culpa que o sr. tem?
Ingenuidade. Fui ingênuo ao receber uma pessoa naquele momento.

Além dos áudios, há depoimentos em que os executivos da JBS fazem outras acusações. Por exemplo, que o sr. pediu caixa dois em 2010, 2012 e 2016. Inclusive para o [marqueteiro] Elsinho Mouco, para uma campanha da internet.
No caso do Elsinho, ele fez a campanha do irmão do Joesley, e por isso recebeu aquelas verbas. Fez trabalhos para a empresa. Diz que até recentemente, esse empresário grampeador pediu se o Elsinho poderia ajudá-lo na questão da Carne Fraca.

Empresário grampeador?
Mas qual é o título que ele tem de ter? Coitadinho, ele tem de ter vergonha disso. Ele vai carregar isso pelo resto da vida. E vai transmitir uma herança muito desagradável para os filhos.

Nos depoimentos, há conversa do Loures com o Joesley sobre a suposta compra do Cunha que é muito explícita.
Por que é explícita?

Porque eles conversam sobre pagamentos.
Você está falando de uma conversa do Joesley com o Rodrigo. De repente, você vai me trazer uma conversa do Joesley com o João da Silva.

O Rocha Loures não é um João da Silva.
[Irritado] Eu sei, você está insistindo nisso, mas eu reitero que o Rodrigo era uma relação institucional que eu tinha, de muito apreço até, de muita proximidade. Era uma conversa deles, não é uma conversa minha.

Um desembarque do PSDB e do DEM deixaria o sr. em uma situação muito difícil. O sr. já perdeu PSB e PPS.
O PSB eu não perdi agora, foi antes, em razão da Previdência. No PPS, o Roberto Freire veio me explicar que tinha dificuldades. Eu agradeci, mas o Raul Jungmann, que é do PPS, está conosco.

Até onde o sr. acha que vai a fidelidade do PSDB?
Até 31/12 de 2018.

Até que ponto vale a pena continuar sem força política para aprovar reformas e com a economia debilitada?
[Irritado] Isso é você quem está dizendo. Eu vou revelar força política precisamente ao longo dessas próximas semanas com a votação de matérias importantes.

O sr. acha que consegue?
Tenho absoluta convicção de que consigo. É que criou-se um clima que permeia a entrevista do senhor e das senhoras de que vai ser um desastre, de que o Temer está perdido. Eu não estou perdido.

O julgamento da chapa Dilma-Temer recomeça no TSE em 6 de junho. Essa crise pode influenciar a decisão?
Acho que não. Os ministros se pautam não pelo que acontece na política, mas pelo que passa na vida jurídica.

Se o TSE cassar a chapa, o sr. pretende recorrer ao STF?
Usarei os meios que a legislação me autoriza a usar. Agora, evidentemente que, se um dia, houver uma decisão transitada e julgada eu sou o primeiro a obedecer.

O sr. colocou ênfase no fato de a gravação ter sido adulterada. Se a perícia concluir que não há problemas, o sr. não fica em situação complicada?
Não. Quem falou que o áudio estava adulterado foram os senhores, foi a Folha [com base em análise de um perito feita a pedido do jornal]. E depois eu verifiquei que o “Estadão” também levantou o mesmo problema. Se disserem que não tem modificação nenhuma eu direi: a Folha e o “Estadão” erraram.

Como o sr. vê o fato de a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] ter decidido pedir o seu impeachment?
Lamento pelos colegas advogados. Eu já fui muito saudado, recebi homenagens da OAB. Tem uma certa surpresa minha, porque eles que me deram espada de ouro, aqueles títulos fundamentais da ordem, agora se comportam dessa maneira. Mas reconheço que é legítimo.

Em quanto tempo o sr. acha que reaglutina a base?
Não sei se preciso reaglutinar. Todos os partidos vêm dizer que estão comigo. É natural que, entre os deputados… Com aquele bombardeio, né? Há uma emissora de televisão [TV Globo] que fica o dia inteiro bombardeando.

Essa crise atrasou quanto a retomada da economia?
Tenho que verificar o que vai acontecer nas próximas semanas. [Henrique] Meirelles [Fazenda] me contou que se não tivesse acontecido aquele episódio na quarta [dia da divulgação do caso], ele teria um encontro com 200 empresários, todos animadíssimos. Causam um mal para o país.

Como o sr. está sentindo a repercussão de seus dois pronunciamentos, mais incisivos?
Olha, acho que eles gostaram desse novo modelito [risos]. As pessoas acharam que “enfim, temos presidente”.

domingo, 21 de maio de 2017

A irresponsabilidade de Janot

Associação Nacional dos Peritos Criminais

Em relação às recentes notícias veiculadas pela mídia, que dizem respeito a existência de possíveis edições na gravação da conversa entre Joesley Batista e o presidente da República Michel Temer, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais esclarece que, ao se ouvir o áudio divulgado pela imprensa, percebe-se a presença de eventos acústicos que precisam passar por análise técnica, especializada e aprofundada, sem a qual não é possível emitir qualquer conclusão acerca da autenticidade da gravação. Ademais, sempre que houver vestígios materiais, é temerária a homologação de delações sem a devida analise pericial.

Cabe destacar, ainda, ser inaceitável que, tendo à disposição a Perícia Oficial da União, que possui os melhores especialistas forenses em evidências multimídia do país, não se tenha solicitado a necessária análise técnica no material divulgado; permitindo que um evento de grande importância criminal para o país venha a ser apresentado sem a qualificada comprovação científica.

Por fim, a APCF recomenda o envio imediato do áudio e do equipamento gravador ao Instituto Nacional de Criminalística (INC), órgão central de perícia criminal da Polícia Federal, de reconhecida idoneidade e imparcialidade; estando convicta de que tudo será devidamente esclarecido quando forem realizados os necessários exames periciais por Perito Oficial.

sábado, 20 de maio de 2017

Globo prepara o “ippon”. Tem o comando e cartas na manga. Crime perfeito em curso

Ricardo Capelli

Por que o jornalista Lauro Jardim teve o “privilégio” de dar “o furo do século”? Por que a Globo resolveu exigir a saída de Temer e colocar a família de Aécio no presídio no JN? Teria a família Marinho dado uma súbita guinada à esquerda? Seria Lauro Jardim o mais competente jornalista de todo hemisfério sul? Por que Meireles anunciou ontem ao mercado que, seja qual for o presidente, ele e sua equipe permanecerão? Quem lhe deu esta segurança?

Por que foram feitas sonoras com alguns Ministros do STF defendendo a manutenção das atuais regras constitucionais (indiretas)? As revelações “exclusivas” da Globo são mais um capítulo da parceria de sucesso entre a emissora e setores da burocracia estatal de caráter antinacional que começou com o impeachment de Dilma e pode acabar instaurando uma “democracia de fachada” no país. São eles que estão no comando.

O “furo”, ou o vazamento, como queiram, foi milimetricamente planejado no jogo em curso. Temer e Aécio foram a “manga do kimono” dada de caso pensado. Querem utilizar a “força da suposta imparcialidade” para o grande golpe final. Após o enfrentamento Lula x Moro ficou evidente a fragilidade de um contrato em branco para decretar a prisão de alguém. A partir daí foi colocada em curso a estratégia final. Do lado do mercado foi ficando claro também a dificuldade de Temer aprovar as reformas. A saída foi a “Operação Patmos (Apocalipse)”. Obviamente que aparecerá munição pesada contra os governos Lula e Dilma em seguida. As cartas estão com eles e serão usadas no momento certo.

Afastado Temer e destruído o PSDB, ninguém se levantará contra uma prisão “parcial” de Lula e outros da esquerda. Está em curso o Apocalipse do sistema político brasileiro. Alguém lembra o que fazia Meireles até o ano passado? Acertou quem respondeu que ele era um dos principais executivos do grupo....JBS, isto mesmo. Joesley está agora no seu apartamento de 45 milhões de dólares nos EUA, pelo acordo com “eles” não será preso nem usará tornozeleira eletrônica, é o segundo maior anunciante da Globo, e seu principal executivo (Meireles), garantido pelo Globo, continuará a comandar a economia do país sem os políticos com quem antes tinha que negociar.

Existe crime perfeito só em filme? Parece que não. A sanha da Globo por uma queda rápida de Temer reside no medo de que, se arrastando, possa levantar a população por Diretas, o que bagunçaria toda sua estratégia. Os jornais de hoje são categóricos. Folha e Estadão pedem prudência, equilíbrio e racionalidade, o Globo fuzila. As manifestações de ontem foram importantes, mas foram pão com mortadela. Nós com nós mesmos. Se não ampliarmos rapidamente, a Aliança do Coliseu, formada pela Globo e setores da burocracia estatal de caráter antinacional, nomeará o biônico pelo Congresso.

Parte da esquerda se ilude com uma saída mediada no congresso. Com Rodrigo Maia no alvo e munição de sobra para ele e para seus deputados, dificilmente não ficarão de cócoras para a Globo. Teremos um governo biônico com a política de joelhos, um arremedo de democracia. Conseguir colocar a população na rua parece o único caminho para tentar impor eleições Diretas, mas não será tarefa fácil. A população está anestesiada. Hora é de muita amplitude e mobilização. Haverá força para um contragolpe? Dias difíceis pela frente. Infelizmente, o jogo é bruto, e vai piorar.


Vixi!!! Quem levou quanto e por que, segundo a JBS

Congresso em Foco

Os valores são astronômicos. Pelo menos R$ 500 milhões e de US$ 80 milhões a US$ 150 milhões foram distribuídos pela JBS a políticos, lobistas, advogados e agentes públicos, segundo os delatores do grupo. Dinheiro que, de acordo com eles, foi repassado a algumas das principais lideranças da política nacional, como o presidente Michel Temer, os ex-presidentes Lula e Dilma, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e os últimos dois candidatos do PSDB à Presidência, os senadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).

Mas a lista dos beneficiários, conforme a delação, é muito maior: inclui governadores, ex-governadores, parlamentares, ministros, ex-ministros, jornalista, entre outras pessoas. Uma relação com 1.829 candidatos a cargos eletivos de 28 partidos, nas contas do diretor de Relações Institucionais do grupo, Ricardo Saud. Segundo ele, os repasses chegaram a R$ 600 milhões. “Tirando esses R$ 10 milhões, R$ 15 milhões aqui, o resto é tudo propina”, disse Saud.


Com isso, de acordo com  o delator, a empresa ajudou a eleger 179 deputados estaduais, de 23 estados, e 167 deputados federais, de 19 partidos. “Demos propina para 28 senadores da República, sendo que alguns disputaram e perderam eleição para governador e alguns disputaram reeleição ou eleição para o Senado. E demos propina para 16 governadores eleitos, sendo 4 do PMDB, 4 do PSDB, 3 do PT, 2 do PSB, 1 do PP e 1 do PSD”, relatou.

O presidente do grupo, Joesley Batista, também afirma que boa parte do dinheiro repassado era propina disfarçada de doação política. “Dos R$ 500 milhões então, total, pode se considerar que, dos R$ 500 milhões, R$ 400 milhões foram contrapartida a ajustes ilícitos feitos pelos políticos. Naquela hora, pagamos”, disse o empresário.

Em depoimento em vídeo, Joesley relata como eram realizados os repasses: “Tem pagamento via oficial, caixa 1, via campanha política, tem via caixa 2, tem via dinheiro em espécie. Basicamente essa é a forma de pagar. Normalmente acontece o seguinte: se combina o ilícito, se combina o ato de corrupção com o político, com o dirigente do poder público, e daí pra frente se procede o pagamento. Os pagamentos são feitos das mais diversas maneiras. Seja nota fiscal fria, seja dinheiro, caixa 2, até mesmo doação política oficial”.

Com base nos documentos da delação premiada, o Congresso em Foco publica, abaixo, quem são as pessoas citadas, os valores repassadas e as contrapartidas envolvidas, na versão dos delatores.


- Michel Temer R$ 15 milhões
Pessoas citadas:
Paulo Skaf, Eduardo Cunha e Guido Mantega.
A contrapartida, segundo os delatores: o pagamento foi realizado em troca de atuação favorável aos interesses do grupo J&F.

- Michel Temer e o depuatdo Rodrigo Loures (PMDB-PR) 5% sobre lucro obtido com afastamento da Petrobras
Pessoas citadas: Wagner Rossi, Milton Ortolan, Geddel Vieira Lima, Moreira Franco. Eduardo Cunha, Gilvandro Araújo, Roberta Funaro, Dante Funaro.
A contrapartida, segundo os delatores: a porcentagem foi combinada com base no lucro futuro obtido com o afastamento do monopólio da Petrobras no fornecimento de gás, bem como outros créditos em razão da atuação em benefício da J&F no que tange ao destravamento das compensações de crédito de PIS/Cofins com débitos do INSS. Uma parte, em valor total não especificado, foi pagamento de vantagem de forma lícita para Roberta Funaro, em 2017, em razão de um “mensalinho criado desde a prisão de operador Lúcio Funaro.

- Lula US$ 50 milhões *

- Dilma US$ 30 milhões *
A contrapartida, segundo os delatores: os pagamentos foram realizados por intermédio do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega em razão de esquema criminoso no BNDES e em fundos de pensão (Petros e Funcef) para beneficiar a JBS. No acordo de colaboração, o MPF relata que os pagamentos haviam sido de US$ 50 milhões para Lula e US$ 30 milhões para Dilma. Mas no depoimento, Joesley Batista, aponta cifras ainda mais altas: “Na fase do presidente Lula, chegou acho que nuns 80 milhões de dólares e depois, na Dilma, chegou nuns 70. Ou o contrário, 70 na do Lula e 80 na da Dilma”. Os valores foram pagos, conforme o delator, em uma conta no exterior. Em 2014, a conta tinha um saldo de cerca de US$ 150 milhões.

Eduardo Cunha R$ 50 milhões (CEF) + R$ 20 milhões (Aprovação da desoneração) + R$ 30 milhões (em troca de apoio enquanto presidente da Câmara)
Lúcio Funaro – gerenciava as contas
A contrapartida, segundo os delatores: os pagamentos foram realizados por meio de um sistema de “conta-corrente”, gerenciado por Lúcio Funaro. Entre 2009 e 2014, o saldo era de cerca de R$ 50 milhões. Os valores repassados se referiam a questões relativas a financiamentos da Caixa Econômica Federal, bem como do FI-FGTS.

- Aécio Neves R$ 65 milhões
Pessoas citadas: Andréa Neves, Frederico Pacheco, Paulo Pereira, Luis Tibé, Aldemir Bendini.
A contrapartida, segundo os delatores: os valores são referentes ao pagamento de propina, em 2014, em torno de R$ 63 milhões ao senador Aécio Neves em troca de atuação favorável aos interesses do grupo J&F, dentre eles a liberação de crédito do ICMS. Outros R$ 2 milhões foram pagos já em 2017, em razão da aprovação da lei de abuso de autoridade e anistia ao caixa dois.

- Marcos Pereira – Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços – Valor não especificado
Pagamento de propina em troca de aprovação de um empréstimo de R$ 2,7 bilhões junto à Caixa Econômica Federal em benefício da J&F

- João Bacelar - Deputado (PR-BA)- Valor não especificado
Pessoas citadas: Guido Mantega, Dilma Rousseff.
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento de propina em troca da não convocação de Guido Mantega para depor na CPI do Carf.

- Marta Suplicy – Senadora (PMDB-SP) – R$ 4 milhões
Pessoas citadas: Antônio Palloci, Márcio Toledo.
A contrapartida, segundo os delatores: a senadora teria recebido R$ 1 milhão a pretexto de campanha eleitoral de 2010 e R$ 3 milhões em 2014 em troca de possíveis negócios caso a peemedebista vencesse a eleição para prefeitura de São Paulo.

- José Serra – Senador (PSDB-SP) – R$ 20 milhões
Pessoas citadas: Luiz Fernando Furquim.
A contrapartida, segundo os delatores: o senador teria  recebido R$ 20 milhões, conforme diz o delator, a pretexto de campanha eleitoral, sendo que R$ 6 milhões foram realizados por meio notas frias à empresa LRC Eventos e Promoções, com a falsa venda de um camarote no Autódromo de Interlagos em São Paulo; R$ 420 mil para a empresa APPM Analista e Pesquisa, também em notas frias; R$ 13.580 em doações oficiais. A operacionalização dos pagamentos foi realizada por Furquim, já falecido, amigo de Serra.

Antonio Palocci – R$ 320 milhões
Pessoas citadas: Dilma Rousseff, Paulo Ferreira, Brane.
A contrapartida, segundo os delatores:repasses realizado a pretexto da campanha eleitoral presidencial de Dilma Rousseff em 2010.

- Silval Barbosa (PMDB) – ex-governador do Mato Grosso – Valor não especificado
Pessoas citadas: Pedro Nadaf, Marcelo Souza de Cursi.
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento de propina ao então governador do Mato Grosso em troca de benefícios fiscais à J&F.

- Cid Gomes – ex-governador do Ceará (PDT) – R$ 20 milhões
Pessoas citadas: Antonio Balhmann Cardoso Nunes, Arialdo Pinho, Francisco José Pinheiro, Camilo Sobreira Santana, Gelson Ferraz de Medeiros.
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento feito em troca de liberação de créditos de ICMS em benefício da J&F.

- Reinaldo Azambuja e André Puccineli (atual e ex-governador de Mato Grosso do Sul)  R$ 150 milhões
Pessoas citadas: André Luiz Cance.
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento realizado aos governadores de Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2007 a 2016, em troca de benefícios fiscais.

- Fernando Pimentel (governador de Minas Gerais) – R$ 3,6 milhões
A contrapartida, segundo os delatores: o valor, de acordo com o empresário da JBS, foi repassado a Pimentel quando o petista era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio por meio do Escritório Andrade, Antunes e Henrique Advogados, em Belo Horizonte.

- Raimundo Colombo (governador de Santa Catarina) – R$ 10 milhões
A contrapartida, segundo os delatores: repasse feito em troca de favorecimento na licitação da Companhia de Água e Esgoto de Santa Catarina

- Delcídio do Amaral (ex-senador) – R$ 5 milhões
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento de propina por conta da concessão de Tares (Termo de Acordo de Regime Especial).

- Eunício Oliveira (senador e atual presidente do Senado) – R$ 5 milhões
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento realizado em razão da medida provisória que disciplina créditos de PIS/Cofins por meio de doação oficial fora do período eleitoral.

- Sérgio Cabral (ex-governador do Rio de Janeiro) – R$ 40 milhões
Pessoas citadas: Julio Bueno, Hudson Braga.
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento no montante de R$ 40 milhões, sendo que R$ 20 milhões foram realizados como doações oficiais ( R$ 5 milhões para o PMDB-RJ; R$ 1,660 milhão para o PMDB-RJ; R$ 900 mil para o PDT; R$ 1 milhão para o PMDB-RJ; R$ 1,440 milhão para o PMDB-RJ; R$ 2,5 milhão para o PMDB/RJ; R$ 5 milhão para o PMDB-RJ; e R$ 2,5 milhão para o PMDB-RJ). Os pagamentos foram feitos em momentos distintos. Além dos valores pagos, R$ 7,5 milhões foram pagos em espécie para Hudson Braga.

- Fábio Faria (deputado PSD-RN) e Robinson Faria (governador PSD-RN) - R$ 5 milhões
A contrapartida, segundo os delatores: o repasse, de acordo com delator da JBS, foi feito em troca da privatização da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio Grande do Norte.

- Luiz Fernando Emediato (jornalista) – R$ 2.8 milhões
Pessoas citadas: Carlos Eduardo Petra Lopes.
A contrapartida, segundo os delatores: motivo não especificado.

- Marco Aurélio Carvalho – valor não especificado
Pessoas citadas: José Eduardo Cardozo.
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento de vantagens indevida com o propósito de ter os pleitos da J&F favorecidos na área de atuação do Ministério da Justiça. Os pagamentos de deram através de um contrato fictício com escritório advocatício de Marco Aurélio.

- Pagamento de propina em Rondônia - valor não específicado
Pessoas citadas: Edgar Nilo Tonial.
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento de propina a fiscais da Secretaria Estadual da Receita em Rondônia em troca de benefícios fiscais.

- Pagamento de propina para homologação de créditos tributários – R$ 160 milhões
Pessoas citadas: Antonio Miranda, David Mariano.
A contrapartida, segundo os delatores: pagamento em troca de agilização para homologação de créditos tributários.

- Gilberto Kassab (Ministro das Ciência, Tecnologia e Inovação) – valor não definido
A contrapartida, segundo os delatores: em 2009, a JBS deu continuidade ao contrato de aluguel de caminhões com sobpreço em torno de R$ 350 mil a cada mês, mediante notas fiscais. Propinas autorizadas por Mantega para o PSD no valor de R$ 7 milhões.

- Angelo Goulart (procurador do MPF) – Valor não especificado.
Pessoas citadas: Willer Tomaz, Anselmo Cordeiro, Ricardo Leite.
A contrapartida, segundo os delatores: solicitação de vantagem indevida em contrapartida a beneficiar a J&F na operação Greenfield, bem como obstruir a celebração de acordo de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

- Crimes contra o sistema financeiro
Valor não definido – pessoas não citadas
A contrapartida, segundo os delatores: o Grupo J&F destinou entre 1% a 3% para pagamento lícito de comissões originadas das exportações de suas empresas. Para isso, foram constituídas as empresas offshores Lunsville e Valdarco, que recebiam sempre os valores destinados ao pagamento de comissões, e mantinham sempre um saldo disponível para ser usado por determinação de Joesley Batista para pagamentos de propina.

- Geração de pagamentos em espécie – valor não especificado.
Pessoas citadas: Michel Temer, Márcio Tolego, Marta Suplicy, Antonio Miranda, Davi Mariano, Roberta Funaro, Altair, Eduardo Cunha, Lucio Funaro, Ivanildo Baerts, João Baerts, Pedro Nadaf.
A contrapartida, segundo os delatores: relata diversas entregas de valores em espécie em decorrência de acertos espúrios.

- Repasses não contabilizados a partidos políticos – valor não especificado
Pessoas citadas: Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Bruno Araújo (PSDB-PE), Beto Richa, Alceu Moreira, Gabriel Guimarães, Marcos Montes Cordeiro, Aelton freitas, Raimundo Gomes de Matos, Eduardo Sciara, Geddel Vieira Lima, Luiz Fernando Emediato, Paulo Ferreira, Zé Silva, Brizola Neto.
Segundo os delatores, o método de pagamento era sempre determinado pelo político, podendo consistir em doação oficial, pagamento de notas fiscais avulsas ou entrega de dinheiro em espécie; que os partidos e agentes políticos que receberam por meio de pagamento de notas fiscais avulsas ou entrega de dinheiro.
A contrapartida, segundo os delatores:

- Compra de partidos para formação de coligação em campanha presidencial de 2014 – Valor não especificado
Pessoas citadas: Guido Mantega, Vital do Rego, Michel Temer, Eduardo Cunha, Sergio Cabral, Eunício Oliveira, Aécio Neves, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Valdir Raupp, Henrique Eduardo Alves, Antonio Carlos, Ciro Nogueira, Carlos Luppi, Edinho Silva, Renato Rabello, Gilberto Kassab.
A contrapartida, segundo os delatores: os valores eram oriundos da conta corrente a partir de tratativas com Guido Mantega. Foram realizados diversos pagamentos a políticos e a partidos políticos, de forma a trazê-los para a coligação da qual o Partido dos Trabalhadores fazia parte nas eleições de 2014.

- Operações fraudulentas no Banco Rural – Valor não especificado
Pessoas citadas: Guido Mantega, José Roberto Salgado.
Joesley Batista relata a prática do crime de empréstimo vedado, previsto no artigo 17 da lei 7.492/86, versando sobre operação conhecida como “troca de chumbo”

- Lúcio Funaro R$ 11 milhões
Pessoas citadas: Evaldo Ulinsky.
A contrapartida, segundo os delatores:Repasse realizado por uma intermediação de venda da empresa Jandelle/Big Frango

Cláudio Humberto (jornalista) R$ 18 mil mensais, pagos por 24 meses.
A contrapartida, segundo os delatores: o colaborador Ricardo Saud diz ter sido chantageado pelo jornalista para que deixasse de fazer publicações relativas a ele. Cita caso de notícias que o associaria como sendo o “homem da mala” do grupo J&F.