Mario Vargas Llosa: A bomba norte-coreana
“(...)Nesta semana, quando Kim Jong-un, o insano ditador da
Coreia do Norte, anunciou que o país acabava de explodir sua primeira bomba de
hidrogênio, o que foi comemorado por toda a população, técnicos dos Estados
Unidos e Europa se apressaram em dizer que era um exagero, que a última
ditadura stalinista do planeta somente conseguira fabricar até agora uma bomba
atômica.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas, a União Europeia
e vários governos, entre eles o da China, condenaram o teste anunciado por Kim
Jong-un. Haverá novas sanções contra o regime norte-coreano? A princípio, sim,
mas em termos práticos, não fará diferença, pois o país vive totalmente
isolado, como se dentro de uma proveta, e sobrevive graças ao punho de ferro
que submete seus infelizes cidadãos ao contrabando e à demagogia delirante.
(...)
E se a negociação for impossível? Em raros casos isso pode
ocorrer e, sem dúvida, um desses casos seria o regime de Pyongyang. A ditadura
da família Kim não só condenou a população coreana a viver na miséria, na
mentira e no medo. Com sua busca frenética da arma nuclear que, acredita,
garantirá sua sobrevivência, o país coloca em risco seus vizinhos da península
e a Ásia inteira.
A comunidade internacional tem o dever de agir e utilizar
todos os meios ao seu alcance para por fim a um regime que se converteu num
perigo para o restante do planeta. Até a China, um dos poucos defensores da
ditadura norte-coreana, parece ter compreendido o risco que representam para
sua própria sobrevivência as iniciativas dementes de Kim Jong-un. E o modo de
agir mais eficaz é cortar na raiz a possibilidade de o regime continuar com
testes nucleares que constituem, de imediato, uma gravíssima ameaça para a
Coreia do Sul, China e Japão.
Ação. A comunidade internacional pode dar um ultimato ao
regime norte-coreano por meio das Nações Unidas, estabelecendo um prazo
definido para Pyongyang desmantelar suas instalações atômicas sob pena de
começar a destruí-las. E efetivar a ameaça se não for ouvida. Não acredito que
haja um caso mais evidente em que um mal menor se impõe sobre o risco de a
Coreia do Norte provocar uma catástrofe com centenas de milhares de vítimas na
Ásia, e talvez no mundo inteiro.(...)”
Que me perdoe Llosa, mas o fato da Coreia do Norte ter uma
bomba H, J ou K não significa nada além dela ser mais um país que possui bombas
nucleares, juntando-se oficialmente a Estados Unidos, Rússia, China, Índia e
Paquistão.
O problema principal é que a comunidade internacional nunca
tomou providências efetivas contra o regime insano que lá se instalou desde 1948,
com o início da “dinastia” Kim, com Kim Il-Sung, avô desse palhaço que hoje
brinca de soldadinho com armas reais. Mas muito pior que isso é a “família real”
submeter um povo à escravidão por quase 70 anos sem que nada tenha sido feito pela
ONU e por mais ninguém além de se aplicar sanções comerciais aparentemente
inócuas em função da amizade que une Pyongyang a Pequim. O resultado é esse, criaram
um monstro (e deixaram crescer) que tem hoje 1,21 milhão de soldados, bombas
atômicas, 4.060 tanques de guerra, 2.500 veículos blindados de transporte de
tropas, 17.900 peças de artilharia, 11.000 armas aéreas de defesa da Força
Terrestre, 915 navios da Marinha e 1.748 aviões da Força Aérea, cerca de 10.000
mísseis antitanques. E fome, muita fome por que passa o povo para sustentar
essa parafernália.
Agora não há mais espaço para paliativos: ou se arrasa a
Coreia do Norte e sua “dinastia” ou engula-se esse sapo. Se ficarem só procurando
instalações nucleares para bombardear vão desperdiçar tempo e dinheiro.
O problema é colocar o guizo no pescoço do gato. Com esse poder bélico quem se habilitaria? Até a maior potencia militar do planeta (USA) pensaria dez vezes antes de tomar qualquer decisão.
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