Se Luís Cláudio não fosse filho de Lula, já estaria preso…
Folha, via Tribuna na Internet
O filho do ex-presidente Lula que está sob investigação da
Operação Zelotes informou à Polícia Federal que não possui nenhum arquivo
digital dos relatórios que, segundo ele, justificaram o recebimento de R$ 2,5
milhões do lobista Mauro Marcondes entre 2014 e 2015.
Os arquivos de computador originais dos documentos foram
requisitados aos advogados de Luís Cláudio Lula da Silva, dono da microempresa
LFT Marketing Esportivo, desde novembro pelo delegado da PF que conduz a
Zelotes, Marlon Cajado.
Os advogados entregaram até o momento, segundo a PF, os relatórios
impressos, organizados como apostilas, e um arquivo em PDF com os mesmos papéis
escaneados.
A inexistência do material digital deverá impedir uma
perícia técnica da PF que poderia dizer se os relatórios foram produzidos antes
ou depois da deflagração da operação, em março de 2015.
O delegado respondeu por ofício que não havia pedido, em
comunicação aos advogados, o material impresso ou escaneado, mas “sim o arquivo
que lastreou o documento antes de ele ser impresso”. Ele reiterou que queria
acesso aos arquivos digitais criados “antes da impressão”.
O advogado de Luís Cláudio, Cristiano Zanin Martins, afirmou
em ofício entregue à PF no último dia 12 que ele e seu cliente “não possuem,
para promover a entrega” à PF, os arquivos solicitados.
No ofício, o advogado argumentou que em novembro entregou
“espontaneamente” à PF a “cópia dos contratos e relatórios de serviços
prestados”, assim como “notas fiscais relativas à prestação dos serviços”.
Foram quatro os relatórios entregues à PF pela defesa de
Luís Cláudio. Eles são intitulados “Análise do esporte como fator de motivação
e integração nas empresas”, de 89 páginas, “Estudo publicitário visando
patrocínio nas áreas construídas para a Copa de 2014”, com 115 páginas,
“Impacto da Copa do Mundo no desempenho das empresas patrocinadoras”, de 173
páginas, e “Olimpíadas 2016”, com 144 páginas.
Ao analisar os trabalhos, a PF concluiu que trechos dos
textos reproduziam informações da internet. A definição de esporte, por
exemplo, era uma cópia da que pode ser encontrada no site Wikipedia.
As descrições de torneios promovidos pela iniciativa privada
eram cópias de textos disponíveis nos sites das próprias empresas na internet,
segundo a PF.
O relatório da perícia da PF apontou indícios de que tais
relatórios foram ‘montados’ com base em textos disponíveis na internet.
O advogado de Luis Cláudio Lula da Silva, Cristiano Zanin
Martins, afirmou que “no inquérito constam todas as informações sobre os
trabalhos realizados” e que “não há nada a ser acrescentado”.
A Folha indagou qual o motivo da inexistência dos arquivos
digitais originais, se eles haviam sido apagados ou perdidos. O advogado não
respondeu sobre esses pontos.
Em nota divulgada em novembro sobre a perícia da PF nos
relatórios, Martins afirmou “não aceitar” que os conteúdos dos relatórios
“sejam meras ‘cópias’ de materiais extraídos da internet”.
“Ignora-se que os relatórios entregues espontaneamente por
Luís Cláudio à PF são apenas parte da prestação de serviço contratada pela
M&M e não seu todo”, afirmou.
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