sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O mico que paguei hoje

Hoje talvez eu tenha protagonizado a cena mais ridícula e insólita da minha vida.

Fui à Casa&Vídeo, uma loja, como direi, talvez multimarcas, para comprar um rodo de alumínio, desses com esponja “espremível”. Peguei o dito cujo e entrei no fim da fila (grande), normalmente, sem me prevalecer da minha condição de “idoso”. Acontece que um casal de jovens empurrando um bebê no carrinho, furou a fila, valendo-se da prerrogativa que também dá preferência a quem estiver com criança pequena.

Uma senhora dois lugares à minha frente perguntou por que eles tinham passado todo mundo e eu expliquei, comentando que aquilo era um absurdo, pois se havia duas pessoas, o carrinho com a criança entrou como desculpa, já que a suposta mãe poderia muito bem ficar passeando com a criança enquanto o suposto pai (mais suposto ainda: paternidade é sempre uma dúvida...) pagava as compras. Com um detalhe que frisei: como sou “idoso”, eu poderia muito bem furar a fila sem problemas. A senhora, também indignada, respondeu que era o mesmo caso dela.

Mas eis que um rapaz delicado de meia-idade, exatamente à minha frente, prestou muita atenção no que eu havia dito e, na sua hora de pagar, começou a “desabafar” sobre o meu “preconceito” com o caixa em tom baixo, mas, matreiramente, de maneira que eu pudesse ouvir.

Não prestou, e eu perguntei alto: “Você acha que eu estou errado?”

Como todo rapaz alegre, que se não é, se faz de surdo, ele prosseguiu no seu discursinho idiota com o caixa, me ignorando e continuando a falar sobre as minhas observações.

Como aquilo já estava me dando nos nervos - afinal, ele estava falando de mim -, aumentei o tom, parti para uma argumentação, digamos, mais incisiva, entre outra coisas, perguntei por que ele tinha preferido o tititi em vez de falar diretamente comigo e ele, ainda sem me olhar, disse ao caixa: "Quem fala o que quer, ouve o que não quer".

"Exatamente", disse eu, "por isso você vai ouvir: você é um idiota!".

Sem resposta e sem me dar bola, o rapaz alegre continuou a fofoca com o pobre do caixa, até que eu fui chamado por outro, coincidentemente, no mesmo momento que ele foi liberado pelo seu, quando ele passou por mim e me mandou tomar no cu.

Como eu não gosto, mesmo sem nunca ter tomado, e a coisa prestou menos ainda. Eu estava surpreendentemente calmo - é sério -, mas empunhei o rodo que eu ainda não havia pago e o brandi em direção ao “rapaz”, correndo atrás dele, que correu desesperado derrubando tudo que encontrou pela frente, sumindo porta afora.

Sim, eu volto a frisar que eu estava calmo e a minha intenção foi só de dar uma “corrida” no cara, expondo-o ao ridículo - que, aliás, eu também me expus ao optar pelo tipo de ameaça. Mas jamais me passaria pela cabeça levar a cabo uma covardia, ainda mais se tratando de um “rapaz frágil”, quase uma mulher.

Detalhe: a caixa que me atendeu, que ria a bandeiras despregadas, perguntou se eu ia mesmo dar com o rodo no sujeitinho. Expliquei que não, que aquilo tinha sido apenas para espantar as bruxas, no que ela disse, ainda rindo: “eu sabia”.

Enfim, paguei mico, mas estou rindo até agora da corrida do “rapaz delicado”.

11 comentários:

  1. Outro mico: "comentando que aquilo era um absurdo, pois se haviam duas pessoas". O certo é: "comentando que aquilo era um absurdo, pois se HAVIA duas pessoas"

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  2. O delicado tinha certeza que você ia trucida-lo.
    Se alguma duvida paira-se na cabeça do florzinha quanto a utilização
    que você faria do cabo do rodo, certamente ele estancaria, cairia de quatro e com a cara que só viado sabe fazer, gulosamente lhe diria:
    Matou tem que comer...

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  3. Já que tem boiolice na postagem, vou comentar aqui algo que já foi discutido no falecido Observador Político:

    http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/01/1732932-casais-de-3-ou-mais-parceiros-obtem-uniao-com-papel-passado-no-brasil.shtml

    Destaque-se as parte que mencionam um "casal" de cinco membros e três mulheres que querem registrar um filho coletivamente.

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    1. Aí já é uma suruba de média proporção...

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    2. (argento - molhando o babador) ... SU-RÚ-BA!!! ...

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    3. Ô prata: Estás a querer divertir-te com o Ricardo?
      Suruba com assento, perdão, acento?
      Só nos grandes laivos de ironia do Fiuza.
      Aliás, a apresentação do verbete no Priberam já é divertida:

      su·ru·ba
      (tupi suru'ba)
      adjectivo de dois géneros

      1. [Brasil, Informal] Bom; forte.
      substantivo feminino
      2. [Brasil] Bengalão ou cacete.
      3. [Brasil, Calão] Órgão sexual masculino. = PÉNIS
      4. [Brasil, Calão] Actividade sexual em grupo. = BACANAL, ORGIA
      5. [Brasil, Calão] Grande confusão. = CAOS


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  4. Sugundo o Houaiss, Magu:
    Adjetivo de dois gêneros
    Regionalismo: Brasil. Uso: informal. Diacronismo: obsoleto.
    1 muito bom, excelente, capaz
    Ex.: um trabalhador suruba

    Aubstantivo feminino
    Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
    2 Uso: pejorativo.
    namoro escandaloso
    3 porrete grande; cacete
    Ex.: deu-lhe com uma s. na cabeça
    4 Uso: tabuísmo.
    sexo grupal; surubada

    Etimologia:
    Segundo Nascentes, do tupi suru'ba

    Só que essa etimologia não faz sentido. O Dicionário Guarani - Tupi - Tupi Antigo - Português (num blog meu, por sinal) diz:
    SURU: que desliza, manso
    BÁ: pleno, cheio

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  5. (argento - usando e abusando dos símbolos) ... Su-RÚ-Ba é do cacÊte! - com corpo e cabÊça "chapeluda", (BÁ)pleno, cheio, duro, (SURU)que desliza, de mansinho, cÚs adentro da Massa que, distraída, só sente depois que dói e cuja causa ignora - convém lembrar que a propaganda (subliminar) da eficiência da "medicina cubana", aliada ao desmanche homeopático da Saúde, culminou no "Mais Médicos", sangria oficial de verba pública ...

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