Prazer, eu sou o Kim!
Dia desses, fui a uma festa com amigos e, ao passar por um
grupo que quase cochichava, ouvi:
“Olha, é aquele cara de extrema direita, o Kim Kataguiri!”
Fui cumprimentá-los. Ficaram um pouco surpresos, mas foram
simpáticos. Depois de uma breve trocas de “ois”, uma menina me perguntou:
“Poxa, cara, por que você odeia pobres?”
Essa é a imagem que setores da imprensa pintam deste japonês
que lhes fala. Imagem que pode ser qualquer coisa, menos verdadeira.
Meu pai já foi garçom, engraxate, entregador de jornal e
trabalhou a maior parte da vida como metalúrgico. Hoje, tem 70 anos e está
aposentado. Particularmente, eu adoro que ele tenha feito tudo isso. Quem
aprende um pouco de tudo pode ensinar um pouco de tudo. Como ele, não sou um
gênio em nada. Mas sei um pouco de algumas coisas.
Não debato política como vetor da minha classe de origem. Os
esquerdistas devem saber que Lênin era filho de um poderoso funcionário do
czar; Trotsky, de um latifundiário, e Stálin, de um sapateiro. Os três
cometeram grandes atrocidades, mas todos sabem quem matou mais. Stálin não foi
um homicida mais fanático porque oriundo da pobreza, mas porque respeitava
ainda menos do que os outros dois a condição humana.
Eu não quero marginalizar os pobres e tornar a educação um
privilégio das elites. A educação hoje já é um privilégio das elites. O que eu
defendo é o sistema de vouchers no qual, falando a grosso modo, o governo paga
bolsas para que famílias pobres possam matricular seus filhos em escolas
particulares e, assim, equilibrar as oportunidades. Na prática, é um suposto
sonho petista se tornando realidade: o filho do metalúrgico podendo entrar na
universidade.
Mais um mito sobre esse Godzilla criado por narrativas
governistas: Hitler e Mussolini não são meus heróis. Meu herói é o Goku. Eu
quero voar, soltar kamehameha e comer tigelas de arroz. Eu não quero perseguir
judeus. Pelo contrário: acho que Israel é um oásis de civilização e tolerância
num mar de barbárie e retrocesso.
Também não tenho nada contra negros. A cor da pele é tão
relevante quanto a cor do rim. Não sei se perceberam, mas eu sou um japonês
preto. Acho bom. Posso tomar sol sem ficar vermelho.
Acho que o Estado não deve definir o que é casamento. Quem
acha que o governo deve meter o bedelho na sua vida íntima é fascista. Eu sou
um liberal. E isso significa defender que nenhum político encha o saco caso
gays decidam se casar.
Se alguém agredir um homossexual, esse alguém deve ser
severamente punido, da mesma maneira que seria se agredisse um heterossexual,
um bissexual, o Faustão ou a rainha da Inglaterra.
Outra coisa: defendo a República, a tripartição de Poderes.
E isso significa que não defendo e nunca defenderei golpes. Na ditadura
militar, não havia República. E isso nem é uma opinião, é um fato. Ir para a
Paulista e fritar num calor infernal dentro de um coturno e de uma roupa
camuflada não vai mudar isso. Republicanos não defendem ditaduras, nem de
esquerda nem de direita, seja lá como você defina essas duas posições.
Você pode ser contra intervenção militar e repudiar o PT ao
mesmo tempo. Não há contradição. Golpe não se faz apenas com tanque na rua. É
possível atentar contra os Três Poderes na base da propina, como no caso do
mensalão e do petrolão. Também é possível golpear o Estado e a democracia
cometendo fraudes fiscais e estelionatos eleitorais. Utilizar o STF para
interferir nas prerrogativas da Câmara dos deputados também é outra forma de
golpismo.
Golpe é golpe. A democracia pode morrer tanto pelo cano de
uma arma quanto pela tinta de uma caneta.
Aliás, quem defende a dita intervenção militar costuma dizer
que recebo dinheiro do PT ou do PSDB. A acusação é de tal sorte patética e
absurda que eu só dou risada. Também me divirto lendo textos dos petistas,
segundo quem recebo dinheiro de bilionários americanos. Esses dois exemplos só
provam que o ridículo não tem ideologia.
Volto para a festa. Continuei conversando com o grupo e
explicando todos os pontos de vista que já citei nesse texto. Fui o mais breve
e descontraído possível, afinal, era uma festa.
Constantemente, diziam: “Nossa, mas eu nunca vi você dizer
isso em lugar nenhum!”. Pois é. Dizer, eu digo. Mas, geralmente, só publicam o
que contribui para a narrativa petista. E é por isso que costumam publicar
mentiras.
Enfim, acabei me tornando amigo do pessoal. Nem todos
concordaram com as minhas ideias, mas e daí? A vida não é só política.
Então, da próxima vez que me vir em algum lugar, coleguinha
leitor, pode dar um “oi”. Apesar do que dizem por aí, estou mais para Jaspion
do que para MacGaren.
(argento) ... prazer, Argento ...
ResponderExcluirEu também digo: Muito prazer... Gostei da forma escrita das suas opiniões e posição. Claras e diretas (o que quer dizer que não houve subterfúgios). José Antônio
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