Se isso tivesse sido descoberto mais cedo, Dilma não seria presidente

O Antagonista

A campanha de Dilma Rousseff recebeu 300 mil dólares da holandesa SBM, como denunciou Pedro Barusco à CPI da Petrobras?

“Creio que você pode estar absolutamente correto”.

Quem deu a resposta foi Jonathan David Taylor, um dos delatores do esquema internacional de propinas da SBM. Mas ele não disse só isso.

Entrevistado pelo correspondente em Londres da Folha de S. Paulo, Leandro Colon, o executivo da SBM relatou outros dois fatos estarrecedores.

1 – Quando surgiram as primeiras denúncias de propina paga pela SBM, a Petrobras comprou o silêncio dos holandeses a fim de que o nome do Brasil fosse abafado.

Disse Jonathan David Taylor:

“Em 20 de março de 2014, a SBM anunciou um contrato de 3,5 bilhões de dólares com a Petrobras. Dois dias depois, divulgou uma nota sobre pagamentos impróprios na África e em outro país, sem mencionar o Brasil. Essa era a chave do acordo com a Petrobras: ‘Nós continuamos a fazer negócios e vamos nos manter calados’”.

2 – Em 27 de agosto de 2014, o executivo da SBM enviou à CGU centenas de documentos comprovando o suborno à Petrobras, mas os diretores da CGU, que o interrogaram na Inglaterra, trataram de abafar as denúncias até novembro, depois das eleições presidenciais.

O executivo não tem a menor dúvida sobre o motivo da demora:

“Se tudo isso tivesse sido descoberto mais cedo, Dilma Rousseff não seria presidente”.

Jonathan David Taylor está disposto a depor na CPI da Petrobras. Que tal hoje? Corra, PSDB.

Pois bem, os que me conhecem sabem que sou avesso a teorias conspiratórias, mas dessa vez eu vou embarcar em uma porque não me convenço que dois meses seja tempo suficiente para reverter a avaliação popular de maneira tão drástica como ocorreu com Dilma. Em fevereiro, 23% dos brasileiros avaliaram a gestão da petista como ótima ou boa e 44% a consideram ruim ou péssima. Na comparação com dezembro de 2014, houve queda descomunal na taxa de aprovação da presidente (à época, 42% consideravam seu governo ótimo ou bom, 19 pontos a menos que em fevereiro), e alta na reprovação (24% de ruim ou péssimo, 20 pontos a menos).

Isso assim, em percentuais, não dá muito bem a dimensão da queda, mas se aplicarmos as taxas ao eleitorado - 142.822.038 - vamos ver que os 40% que mudaram de ideia correspondem a 57,1 milhões de eleitores. É muita gente trocando de lado para tão pouco tempo. Se formos fazer as contas agora, quase seis meses depois das eleições - ainda muito pouco tempo -, a coisa fica mais inverossímil ainda. E isso apesar da oposição de merda que nós temos!

Portanto, é por isso que eu embarco - com salvavidas - na canoa dos que acham que a eleição foi fraudada. Não há bipolaridade popular que explique tanta reviravolta.