Resta saber quem foi o responsável pelo contrato e quem foi
conivente, entre Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Marco Aurélio Mello e Dias
Toffoli, em ordem cronológica, todos presidentes do TSE entre 2010 e 2015.
Estadão
As investigações da Lava Jato envolvendo contratos de
publicidade com órgãos estatais chegaram até às verbas do Tribunal Superior
Eleitoral, instância máxima da Justiça Eleitoral no País. Levantamento do
Ministério Público Federal a partir dos dados do Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) mostra que a agência de publicidade
Borghi Lowe – investigada por suspeita de operar o repasse de propinas a
políticos – recebeu R$ 4,7 milhões da Secretaria de Administração da Corte
Eleitoral.
Os dados fazem parte do relatório técnico elaborado pelo
Ministério Público Federal para pedir a prisão preventiva – sem prazo para
acabar enquanto perdurarem as investigações – do publicitário Ricardo Hoffman,
da Borghi Lowe, que foi preso temporariamente na 11ª etapa da Lava Jato,
deflagrada na última sexta-feira, 10. O juiz Sérgio Moro, responsável pelas
ações da Lava Jato, acatou o pedido e destacou que Hoffman operava um esquema
“milionário” de distribuição de propinas e que “apenas uma pequena parte de
seus delitos foi desvelada”, disse o magistrado na decisão.
R$ 118 MILHÕES
Ao todo, segundo o levantamento do MPF, a Borghi Lowe
recebeu R$ 118 milhões de órgãos públicos entre 2010 e 2015. A maior parte
destes recursos veio da Coordenação- Geral de Material e Patrimônio do
Ministério da Saúde, mas R$ 4,7 milhões tiveram como origem a Secretaria de
Administração do TSE. O relatório, contudo, não discrimina em que ano foram
feitos estes repasses nem os valores de outros pagamentos feitos por órgãos
públicos.
A agência tem contratos com vários órgãos da administração
pública, mas é a primeira vez que aparece um órgão do Judiciário dentre os
clientes. A empresa é investigada pois Hoffman indicava para as produtoras
contratadas pela agência para realizar campanhas publicitárias da Caixa
Econômica Federal e do Ministério da Saúde as empresas de fachada do
ex-deputado André Vargas e seus parentes para receber uma comissão de 10% do
valor dos contratos, o chamado bônus de volume, mesmo sem realizar nenhum
serviço ou ter firmado qualquer contrato para as campanhas.
O próprio Hoffman admitiu em seu depoimento à Polícia
Federal que, no caso dos contratos envolvendo o Ministério da Saúde e a Caixa
Econômica Federal, “de forma excepcional” as comissões de 10% eram repassadas
às empresas LSI Solução e Limiar Assessoria e Consultoria em Comunicação, ambas
de propriedade de André Vargas e seus irmãos.
“Esses créditos foram cedidos tendo como contrapartida a
perspectiva de se conseguir clientes privados no Estado do Paraná, que essa foi
a promessa feita pelo ex-deputado André Vargas”, afirmou o publicitário, que
disse ainda que o ex-parlamentar não cumpriu a promessa e não conseguiu levar
nenhum cliente novo para a agência.
VAI INVESTIGAR
Os repasses do TSE para a agência ainda não foram alvo de
investigação da força-tarefa, mas ao determinar a prisão preventiva de Hoffman,
Sérgio Moro destacou que “há indícios que o esquema criminoso se reproduz em
outros contratos de publicidade com a administração pública, o que é
extremamente grave, sendo que a maior parte das provas são de conhecimento do
investigado Hoffman e ainda estão ocultas”, ressalta Moro.
A reportagem enviou
e-mail para a assessoria do TSE perguntando sobre os repasses, mas até o final
do dia não havia obtido resposta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário