Ler também Rodrigo Constantino: Professor não é educador: a pedagogia moderna usurpou função que pertence à família.
A entrevista concedida ao jornalista Marcelo Leite pelo novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, resultou numa procissão de assombros que ocupa uma página inteira da edição da Folha desta segunda-feira e se estende pelo site do jornal. Publicadas em estado bruto, sem revisões nem retoques, as declarações do entrevistado denunciam, na forma e no conteúdo, um perturbador parentesco com os melhores/piores momentos de Dilma Rousseff.
A entrevista concedida ao jornalista Marcelo Leite pelo novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, resultou numa procissão de assombros que ocupa uma página inteira da edição da Folha desta segunda-feira e se estende pelo site do jornal. Publicadas em estado bruto, sem revisões nem retoques, as declarações do entrevistado denunciam, na forma e no conteúdo, um perturbador parentesco com os melhores/piores momentos de Dilma Rousseff.
Como se verá num próximo post,
perguntas e respostas compõem uma perturbadora tomografia do cérebro e um
atestado de incapacidade com firma registrada em cartório. A certa altura, por
exemplo, Marcelo Leite pergunta se o slogan “Pátria Educadora”, lema do segundo
mandato de Dilma, “não seria edificante demais, quase irônico diante do
estreitamento das perspectivas para investir”. Resposta:
“Lembro uma coisa que o Luiz Eduardo
Soares quando começou a se interessar por segurança pública e lhe disseram que
era um tema de direita. Pátria é uma palavra importante demais para a gente
deixar para a direita. Historicamente nós crescemos preocupados com esse termo.
Ele está ai no sentido de morada de todos, do espaço, comum, afetivo, o espaço
dos brasileiros. É “Pátria” educadora no sentido de que a República se dispõe a
educar, mas é claro que não tem nenhuma conotação de paternalismo. Não é o
espirito de colocar uma marca, só”.
Parágrafos adiante, Janine é
convidado a explicar do que se trata, afinal, o que anda chamando de “quarta
agenda democrática”, concebida para “melhorar os serviços públicos no sistema
educacional”. Resposta:
“Já existe, mas cada agenda demorou
a ser reconhecida. A inclusão social foi aceita, razoavelmente, apesar de haver
oposição, inclusive nas ruas. A da qualidade de serviços ainda não foi
identificada como agenda. Está muito pulverizada. A revolta da classe média tem
muito a ver com isso. Em vez de ver politicamente como uma reivindicação global
para melhorar, veem como uma coisa imediatista, e atribuem tudo à corrupção.
Não chega a ser uma agenda política, ainda”.
Desde que se soube quem seria o
sucessor de Cid Gomes, o país que pensa tenta descobrir os reais motivos da
escolha. A entrevista ao menos serviu para revelar um deles, talvez o mais
relevante: fora a inventora do estranhíssimo subdialeto, Renato Janine Ribeiro
é o único brasileiro que fala dilmês.
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