quarta-feira, 29 de abril de 2015

“Nega do cabelo duro, que não gosta de pentear...”, ou Baltimore é aqui.

Luiz Caldas
Esse negócio de “racialismo”, termo que não passa de um eufemismo para racismo brabo, da pior espécie, já chegou ao limite do intolerável. Eu estava aqui me coçando para não comentar sobre os acontecimentos de Baltimore, mas uma notícia aparentemente sem importância sobre o mesmo assunto me fez deixar as coceiras de lado.

Em uma festa, domingo, no Morro da Conceição, no Rio, o DJ convidado, Gustavo Calani, botou a música “Fricote”, de Luiz Caldas, nas carrapetas e mandou. O cara não chegou até o fim. Abordado por pessoas que se sentiram ofendidas com a letra (“nega do cabelo duro, que não gosta de pentear...”), considerada por elas racista e machista, ele disse que interrompeu “para tentar conversar com o grupo, mas os ânimos estavam alterados e uma das meninas que veio falar comigo disse que eu não podia avaliar o que era racista ou não, por ser branco”.

Quem é o racista no caso, Calani ou a menina?

Piores ainda foram as reações dos organizadores. O produtor de festas de black music, Julio Barroso, apesar de considerar o episódio exagerado, disse: “Eu, como negro, não me sinto nem um pouco ofendido. Se a música fosse do Bolsonaro, sim. Mas Luiz Caldas não é racista. É preciso analisar o contexto social em que essas obras foram feitas”. Quer dizer que para se ouvir uma música e dançar, agora a gente tem que saber antes quem é o compositor e “analisar o contexto social” em que ela foi composta? Ora, vá catar coquinhos!

Já um outro organizador, o “Coletivo Quermesse”, seja lá o que isso for, usou a página do evento no Facebook para se desculpar: “Desculpas, primeiro pela ofensa e, depois, pelo desgaste de terem que nos apontar o que já deveríamos saber”. Saber o quê? Só se for a reação babaca de meia dúzia de idiotas, às vezes nem tão negros assim, que justifiquem o chilique.

Que me digam onde mora o racismo nessas pérolas de versos:

Fricote

Nega do cabelo duro
Que não gosta de pentear
Quando passa na baixa do tubo
O negão começa a gritar

Pega ela aí
Pega ela aí

Pra que ?
Pra passar batom
De que cor?
De violeta
Na boca e na bochecha

Pra que?
Pra passar batom
De que cor?
De cor azul
Na boca e na porta do céu

E que dirão os idiotas do mulato inzoneiro e da mãe preta do cerrado de Ary Barroso em “Aquarela do Brasil”, de 1939, que aliás foi censurada pelo tão nazi-fascista quanto os atuais racialistas “Departamento de Imprensa e Propaganda” (DIP) de Getúlio Vargas, que vetou o verso “terra do samba e do pandeiro”, por entender que era “depreciativo” para o Brasil. E que será de tantas outras como “Nega do Cabelo Duro”, cuja letra é de David Nasser, lançada em 1940 por uma nega do cabelo duro chamada Elza Soares? Também não pode?

Nega do Cabelo Duro

Nega do cabelo duro,
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?

Quando tu entras na roda,
O teu cabelo serpenteia,
O teu cabelo está na moda,
Qual é o pente que te penteia ?

Misampli a ferro e fogo,
Não desmancha nem na areia,
Tomas banho em Botafogo,
Qual é o pente que te penteia, ô nega?

Vocês querem saber de uma coisa? Nem vou mais falar de Baltimore. Fico com o que disse Rand Paul, candidato à presidência dos EUA.

“A polícia faz o que tem que fazer, e eu sou muito simpático à situação da polícia nesse caso.”

“Há tantas coisas que podemos falar... o colapso da estrutura familiar, a falta de pais, a falta de um código moral em nossa sociedade....”

“Este não é apenas um fato racial.”

29 comentários:

  1. (argento) ... o Conceito de Raça, é um CONCEITO BURRO! - quando usado para definir Superiores e Inferiores há Intenção GENOCIDA (inteligente) ... PoiZé, Fróes, conseguiram Implantar o RACISMO de FATO no Direito de Estado no BraZiu ... FU-DEU!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. (argento) ... "Quando pequenos homens projetam Grandes Sombras, o SOL Está se Pondo" - das conversas entre mim, Deus e Lin Yutang - perdão, tô muito puto!

      Excluir
  2. Ô negada de cabeça dura,,
    Que não gosta nem de pensar.
    Qual o idiota que te norteia,
    Na besteira que vai falar?

    PS. de minha autoria em parceria comigo mesmo.

    ResponderExcluir
  3. (argento) ... he he he - "representante do gênero feminino, de pele pigmentada pela alta produção de melanina, com os pelos cranianos sem o amaciamento cosmético industria, somado ao ato de não gostar de pentear-sel" - não dá poesia ou música nem a pau, Juvenal!

    ResponderExcluir
  4. Perdoi-me não estar relacionado à matéria, mas entendo ser importante divulgar:

    Louvado seja Deus por esses jovens verdadeiramente Católicos. Os novos Macabeus! É assim que os Santos(as) fizeram! “

    https://www.youtube.com/watch?v=SQGY9-JIuXw

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A América Latrina é um continente perdido.

      Excluir
    2. Não seria interessante divulgar uma nota explicativa sobre como os excomungados continuam em suas funções católicas?

      Excluir
    3. Essas tais "funções católicas" hoje implicam em apoiar a CUT, o MST, o PT...

      Excluir
    4. Ricardo, eu estou me referindo às funções de rezar missas, distribuir a hóstia, confessar, etc. O "anônimo" citou um vídeo que diz que esses caras são excomungados, portanto não poderiam mais fazer parte do corpo eclesiástico católico, por que não foram excluídos?

      Excluir
  5. Os USA tem um presidente negro, o chefe da policia de Baltimore é negro, a prefeita da cidade de Baltimore é negra, há centenas de policiais negros em Baltimore.
    Eu não vejo discriminação, alguém ve ou sente?

    O máximo foi a mae de um garoto que foi busca-lo no meio da confusão e deu-lhes uns cascudos por ele estar jogando pedras na policia.
    Sao maes assim que as sociedades ocidentais necessitam.

    http://observador.pt/2015/04/29/protestos-baltimore-esta-mae-mao-pesada-filho-sabe/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. (argento) ... Baltmore é violenta, se servir de consolo, das 50 mais violentas do mundo, 19 estão no BraZiu; Baltmore é a terceira mais violenta lá dos USA - assim como se fazia no tempo dos escravos aqui, os Capitães do Mato eram negros; e, lá não foge à regra: "quem não pode com Mandingo não carrega Patuá"

      Excluir
    2. Argento do meu "colação"
      Traduza:
      "quem não pode com Mandigo não carrega Patuá"
      Desculpe-me, eu realmente não sei o que vem a ser isso, eu não sou poliglota no Brasil, só fora.

      Excluir
    3. Quem não pode com mandinga (feitiço) não carrega patuá (amuleto).

      Excluir
    4. (argento) ... MandingO, africano, muçulmano, feitos escravos e traficados para o Brasil carregavam pendurados no pescoço, envolto em couro (patuá), partes do Corão que recitavam entre os seus, em arabe. Povo guerreiro não serviam bem como escravos e foram aproveitados como Capitães do Mato. Muitos escravos fugitivos disfarçavam-se usando patuás idênticos mas, arguidos, não sabiam as Suras e eram recapturados- esta é a origem real do dito: "quem não pode com MANDINGO ..." (vide Serra Leoa)

      Excluir
    5. (argento) ... patuá é o saquinho de couro com suras do Corão; os "patuás", como se conhece hoje, foram criados (copia) posterior.

      Excluir
    6. (argento) ... um pouquinho da minha história e de busca:

      https://www.youtube.com/watch?v=tbZgT_PUEg4

      Excluir
    7. Obrigado meninos pela explicação, agora já posso ir nanar sossegada.
      Eu não tenho vinte anos, mas também não sou do tempo dos escravos, acho que era por isso que eu não sabia ahahahahahahhahaha.

      Excluir
    8. Argento, não estou contestando sua versão, ela pode se encontrada em alguns sites, mas o significado atual do ditado é que quem não pode com mandinga (feitiço) não carrega patuá (amuleto, que é uma forma de feitiço), ou seja, quem não pode com feitiço não carrega feitiço, quem não pode com magia não carrega algo que tenha magia.

      Os dicionários trazem os seguintes significados:

      Mandingo: o mesmo que mandinga; língua.
      Mandinga: feitiço.
      Patuá: amuleto; objeto consagrado; objeto que tem magia.

      Outro problema com a versão dos escravos muçulmanos é que eles eram chamados de Malês (vide a revolta malê) e não de Mandingos. Também não conheço registros de que os escravos muçulmanos carregassem esses pedaços de couro, não tenho nenhuma informação sobre esse costume no islamismo e os escravos muçulmanos eram poucos no Brasil, a maioria foi para a América do Norte, onde não existe nenhum relato de carregarem pedaços de couro pendurados.

      Excluir
    9. (argento) ,,, poizé, Milton, não se pode acreditar piamente na história "branca"; digo isto, porque, nós, do meio, (nem todos) estudavamos, na época, muito da tradição ligada à Capoeira, alem de pratica-la.

      Sobre a Revolta dos Malês, um PDF - http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1308328858_ARQUIVO_JackelineMendes.pdf

      Sobre Mandinga ou Maningo (o povo) - http://caminhosdareligiao.blogspot.com.br/2013/10/quem-nao-pode-com-mandinga-nao-carrega.html

      Excluir
    10. (argento) computador comeu letrinha: o povo Mandingo

      Excluir
    11. Veja no site que você indicou: jogo de búzios e kabala de Exu. Cabala é um livro sagrado do judaísmo, portanto a pessoa não sabe nem o que é cabala nem o que é Exu.

      Excluir
    12. Pessoalmente não acredito que os escravos sabiam matemática, pode ser alguns, mas não um grande numero.
      Hoje tentam associar os escravos que vieram de terras muçulmanas com os árabes cultos do século XV (que desapareceram) com os escravos que foram caçados pelos superiores das tribos a que perenciam.Hoje em pleno século XXI os habitantes das regiões de onde vieram os escravos sequer estão totalmente alfabetizados ou melhor mais ou menos alfabetizados, com a ajuda da Europa e de organizações internacionais conseguem aos poucos uma melhor alfabetização. Muito também deve-se aos ex países escravocratas.
      Há uma corrente que tenta endeusar os escravos.
      Obviamente que foi algo tenebroso e indigno, nenhum homem tem o direito de escravizar outro,.
      O que vemos hoje na África é arrepiante, na Africa du Sul os negros matam os imigrantes como moscas, são realmente racistas e não querem estrangeiros no país, os miseraveis vindos do reino do ditador Mugabe são mortos a machadas, pauladas e a facadas, uma violência mais que brutal.

      Tenho extremo interesse na Cabala.

      Excluir
    13. Mandinga - do topônimo Manding (Guiné-Bissau), conhecido por designar 'terra de feiticeiros'
      Definição: feitiço, feitiçaria;
      ramo de línguas do grupo nigero-congolês;
      indivíduo do grupo étnico dos mandingas;
      mandioca.

      Patuá - segundo Nascentes, forma abreviada de patauá (tipo de palmeira), pois o cesto era feito com folhas dessa palmeira
      Definição: objeto de devoção composto ger. por dois saquinhos ou pedaços quadrados de pano, contendo orações escritas, ou uma relíquia, ou outros elementos, que os devotos trazem pendentes à altura do peito e nas costas; escapulário, bentinho.

      Excluir
    14. Cabala: assunto, técnica ou procedimento de caráter mágico, esotérico, oculto, secreto ou supersticioso, como, p.ex., adivinhação, ou comunicação com entidades sobrenaturais ou espirituais
      Vem do hebraico qabbáláh 'tradição recebida'

      Excluir
    15. (argento) ... Malê (do hauçá málami, "professor", "senhor", pelo iorubá imale, "muçulmano") era o termo usado no Brasil, no século XIX, para designar os negros muçulmanos que sabiam ler e escrever em língua árabe. Eram muitas vezes mais instruídos que seus senhores, e, apesar da condição de escravos, não eram submissos, mas muito altivos. Na História do Brasil, notabilizaram-se pela chamada Revolta dos Malês, que ocorreu em 1835, na Bahia, onde eram encontrados em maior número, embora fossem encontrados também em Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro.

      Excluir
    16. (argento) ... acreditava, a "culura cristâ" europeia, à época que "sub-raças africanas e amerindias", recém "descobertas", nem alma tinham; o que, ainda hoje, contamina "pensamentos atuais" ...

      Excluir
    17. "Pensamentos atuais?" Quais?

      Acabo de ler algo engraçado, não sei se realmente o Ed Motta é o autor das respostas.
      Sei bem como é.
      Há 4 anos fui ver um show no Blue Note Festival aqui em Gent, o Gilberto Gil estava lá.
      Depois de 5 minutos que ele começou a tocar e cantar sai um bando de brasileiros a dançar em frente do palco.
      Foi realmente chato, o festival era de jazz e não estava incluido participação da plateia com danças rurais.

      http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/04/nao-falo-em-portugues-no-show-diz-ed-motta-sobre-tour-na-europa.html


      Excluir
  6. A prefeita de Baltimore é do partido democrata; tá bom ou precisa mais?

    ResponderExcluir
  7. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir