Carlos Chagas
Determinou satisfação entre os tucanos paulistas, senão o
engajamento, ao menos a simpatia do presidente do PSDB, Aécio Neves, pela tese
do impeachment da presidente Dilma. Não porque Geraldo Alckmin, Fernando
Henrique Cardoso, José Serra e outros caciques endossem a proposta. Muito pelo
contrário, são contra, como se tem manifestado. O que começam a festejar são as
possíveis dificuldades do senador mineiro diante de uma aventura por enquanto
inviável, capaz de desgastá-lo. No fundo estão o controle do partido e a
sucessão presidencial de 2018.
O PSDB de São Paulo engoliu a muito custo a candidatura de
Aécio em 2014 e não pretende permitir que se repita, apesar de o candidato
derrotado haver assumido a chefia da legenda e, por enquanto, aparecer como o
chefe da oposição.
Aliás, os experientes e pérfidos tucanos paulistas já se
preparam para difundir singular raciocínio que, a um só tempo, atingirá os
adversários do PT e os companheiros da corrente mineira do próprio partido:
“Não foi Dilma que venceu as eleições do ano passado! Foi Aécio que perdeu!”
Maldade pura, mas explorada pelo fato de que o candidato
perdeu em Minas, seu próprio estado. Caso tivesse trabalhado melhor seu pano de
fundo, teria vencido, dada a diferença de votos com a vitoriosa.
Não é de graça que Fernando Henrique Cardoso aparece um dia
sim e outro também, na mídia, negando a hipótese do impeachment da presidente.
Mais do que defendê-la, pretende atingir o correligionário e trabalhar para uma
reviravolta na tendência ainda hoje majoritária de que daqui a quatro anos o
candidato deve ser Aécio. A mesma posição sustenta José Serra, nem se falando
de Geraldo Alckmin, que por ser governador necessita de benesses de Brasília.
Na hora em que se discute a proibição de doações
empresariais nas campanhas eleitorais, ou seja, os partidos que busquem
recursos junto a seus filiados de carteirinha, vem a presidente Dilma e
triplica o fundo partidário, a partir de agora de R$ 868 milhões para dividir
entre todas as legendas. Claro que a maior parte destinada aos de maiores
bancadas no Congresso.
Cortes foram feitos no orçamento nos setores da educação,
saúde e segurança, sem falar em outras necessidades prementes do país. Para os
partidos políticos, no entanto, não faltarão milhões. Coisa que nem de longe
afastará outras contribuições, as legais e as fajutas, pois até agora o
Congresso não deu sinais de aprovar a proibição total das empresas escorregarem
dinheiro nas campanhas e cobrar em depois, com juros, na elaboração das leis.
(argento) ... por quê?, será por inveja?, por vaidade? ... eu hein!?
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