Como sempre, Rodrigo Constantino chegou primeiro, mas eu não vou me furtar a publicar o artigo, que li às sete da manhã. Só que dessa vez sem os pitacos dele.
Carlos Alberto Sardenberg: Por sete domingos
Carlos Alberto Sardenberg: Por sete domingos
São 48 domingos por ano, assim separados na França, por lei
nacional: 43 para descanso total e cinco durante os quais o comércio pode abrir
suas lojas, com horário limitado. Para um país que não cresce há anos, em que a
taxa de desemprego não cai abaixo dos 10%, parece óbvio que abrir o comércio
mais vezes movimenta a economia e pode gerar mais vagas de trabalho, certo?
Parece, mas não para os franceses ou para boa parte deles.
Tanto é assim, que o governo do presidente François Hollande precisou recorrer
a um tipo de decreto-lei para mudar a regra e determinar que as lojas podem
abrir não todos, mas 12 domingos por ano. Apenas sete domingos a mais — e ainda
assim foi necessário o recurso a um instrumento excepcional, decreto que se
torna lei sem a aprovação da Assembleia Nacional, não utilizado há nove anos e
reservado para questões, digamos, graves.
E pode haver questão mais grave do que o trabalho aos
domingos? — questionaram parlamentares de diversos partidos, inclusive do
Socialista, ao qual pertence o presidente Hollande. Resultado: o governo corre
o risco de um voto de desconfiança por causa do tal decreto, publicado na última
terça.
Claro que não são apenas sete domingos. O decreto inclui
outras medidas como a redução de barreiras para a entrada em algumas carreiras
(notários e farmacêuticos, por exemplo) e a liberação dos serviços de... ônibus
interurbanos. Trata-se de uma agenda que cabe na categoria de liberalizante,
mas, vamos reparar, é mais do que modesta — embora mais do que necessária para
uma economia que sofre com estagnação e perda de competitividade, num ambiente
de elevados custos tributários e trabalhistas. Pois acreditem: o debate
parlamentar tomou mais de 200 horas, terminando sem a formação de uma maioria.
É verdade que a agenda vai além disso. Mas está longe de
representar a destruição dos benefícios sociais e da forte proteção ao trabalho
— como denunciam parlamentares da esquerda e da direita. “Abaixo a austeridade
alemã" — tal é o mote.
E a resposta dos governistas é mais ou menos assim: caramba,
pessoal, é preciso trabalhar um pouco mais e atrapalhar menos as empresas que
querem investir e gerar emprego.
Faz parte de um futuro pacote a eliminação de uma lei que
impõe a formação de comitês de trabalhadores, com poderes para arbitrar e
regular, em todas as empresas com mais de 50 empregados.
Um número simples mostra o efeito contrário dessa lei: para
cada empresa com 50 empregados, há duas com 49. Está na cara: muitas firmas
evitam crescer para escapar de uma regra que tolhe e embaraça a atividade.
Não se pode dizer, portanto, que os problemas franceses
decorram do excesso de austeridade ou de liberalismo. Há anos que a França não
cumpre a meta de equilibrar as contas públicas. É um círculo vicioso: o governo
aumenta os gastos, cria benefícios que custam caro (como jornada de trabalho de
34 horas e aposentadorias aos 50 anos) e depois aumenta impostos e impõe regras
para obrigar as empresas a um comportamento “mais social".
Verdadeiras reformas liberalizantes foram feitas na
Alemanha, isso há mais de dez anos, no governo do social-democrata Gerhard
Schroder. Angela Merkel, da Democracia Cristã, que governa desde 2005,
beneficiou-se do impulso econômico afinal providenciado pelas reformas que, ao
contrário, haviam derrubado Schroder. Não é curioso que Merkel tenha sido
eleita com um programa que, na ocasião, poderia ser chamado de antiliberal e
antiausteridade?
Não é curioso que um socialista francês possa cair acusado
de liberalismo e austeridade?
Não é curioso que a proposta antiliberal e antiausteridade
reúna as extremas esquerda e direita?
Tudo isso para dizer o seguinte: em toda parte e toda vez
que os políticos procuram maneiras de fugir de algumas verdades, o resultado é
a confusão do debate e a trapaça com os eleitores.
Os governos gregos, de socialistas a conservadores, vêm
tomando empréstimos e recebendo ajuda econômica de seus pares europeus há décadas.
Nesse período, gastaram por conta, alimentaram déficits nas contas públicas e
externas, enquanto distribuíam benefícios e vantagens para a clientela
eleitoral. E agora vêm dizer que é tudo culpa da austeridade alemã.
Não há política de austeridade que seja leve. Mas também
nenhum país precisa de austeridade se não tiver feito uma lambança antes. E se
tiver feito, a austeridade sempre vem, por bem ou por mal, mais ou menos
dolorido, conforme o tamanho da gastança anterior.
Ou alguém acha que o ministro Joaquim Levy precisaria
aumentar impostos e cortar gastos se não tivesse havido a lambança anterior de
Guido Mantega. Mas mesmo Levy, com toda sua autoridade e credibilidade, não
conseguirá avançar se não tiver apoio e respaldo do resto do governo, a começar
pela presidente Dilma, dona da política anterior.
É até mais complicado do que sete domingos.
(argento) ... o BraZiu em um Diálogo:
ResponderExcluirem 19/fevereiro/2015
Bem vindo ao atendimento online (AMPLA)
Letícia 19:49 hr
Olá, roberto argento filho. Bem-vindo (a) ao Ampla Chat. Em que posso ajudar?
roberto argento filho 19:50 hr falta de energia
Letícia 19:51 hr Boa noite, Roberto!
Letícia 19:51 hr Por favor, informe o número do cliente, nome completo do titular da conta, endereço do imóvel (incluindo bairro, município e complemento, se houver), CPF e telefones de contato com DDD.
roberto argento filho 19:54 hr - informação de endereço omitida, por motivos óbvios
Letícia 19:59 hr Roberto, obrigada pela confirmação dos dados.
Letícia 20:00 hr Roberto, a falta de energia é somente na sua residência ou arredores?
roberto argento filho 20:03 hr ontem, um carro da prestadora de serviços compareceu para restabelecer a energia de um morador mas não restabeleceu a minha, segundo o responsável pela viatura, não havia ordem de serviço para minha residência
Letícia 20:06 hr Roberto, obrigada por ter aguardado e desculpe a demora.
Letícia 20:07 hr Roberto, infelizmente o sistema não informou o prazo exato, pois foi ingressada a reclamação de serviço não atendido, já existe uma equipe trabalhando em contingência na localidade, Sua insatisfação foi direcionada ao setor competente para que o mesmo tome as medidas cabíveis referentes ao caso. No entanto foi ingressado com urgência informando a necessidade de todos. Pedimos desculpas pelo ocorrido.
Letícia 20:07 hr Seu protocolo de atendimento é o de nº.114698878.
Letícia 20:07 hr Clique no link abaixo para avaliar o meu atendimento. Obrigada por utilizar o Ampla Chat. Tenha uma boa noite!
http://pesquisachatampla.questionpro.com
roberto argento filho 20:07 hr como estou sem energia há 4 dias, espera-la é irrelevante
Letícia 20:08 hr Roberto, compreendo, porém foi solicitado a prioridade no atendimento.
Letícia 20:09 hr Somente aguardar!
roberto argento filho 20:09 hr tenha uma boa noite de serviço, sua nota é 10, para a AMPLA, a nota é ZERO
Letícia 20:10 hr Obrigada por utilizar o Ampla Chat. Tenha uma boa noite!
Eu penso dez vezes, tomo um vidro de Rivotril e me benzo antes de ligar para fazer qualquer reclamação sobre serviços. Meu último ataque de nervos foi com a NET, sempre a NET...
Excluir(argento) ... he he he he he, haja Lexotan! (escrito em um computador made in China, graças a Oi Portuguêsa, com o uso de modem e roteador chineses, ambos com soft Americano, para reclamar de uma empresa Espanhola que fornece Energia Gerada no BraZiu de turbinas GE Corporatiom ...
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