quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Um excelente artigo que deveria ser lido por quem ainda defende o trabalhismo

Como sempre, Rodrigo Constantino chegou primeiro, mas eu não vou me furtar a publicar o artigo, que li às sete da manhã. Só que dessa vez sem os pitacos dele.

Carlos Alberto Sardenberg: Por sete domingos

São 48 domingos por ano, assim separados na França, por lei nacional: 43 para descanso total e cinco durante os quais o comércio pode abrir suas lojas, com horário limitado. Para um país que não cresce há anos, em que a taxa de desemprego não cai abaixo dos 10%, parece óbvio que abrir o comércio mais vezes movimenta a economia e pode gerar mais vagas de trabalho, certo?

Parece, mas não para os franceses ou para boa parte deles. Tanto é assim, que o governo do presidente François Hollande precisou recorrer a um tipo de decreto-lei para mudar a regra e determinar que as lojas podem abrir não todos, mas 12 domingos por ano. Apenas sete domingos a mais — e ainda assim foi necessário o recurso a um instrumento excepcional, decreto que se torna lei sem a aprovação da Assembleia Nacional, não utilizado há nove anos e reservado para questões, digamos, graves.

E pode haver questão mais grave do que o trabalho aos domingos? — questionaram parlamentares de diversos partidos, inclusive do Socialista, ao qual pertence o presidente Hollande. Resultado: o governo corre o risco de um voto de desconfiança por causa do tal decreto, publicado na última terça.

Claro que não são apenas sete domingos. O decreto inclui outras medidas como a redução de barreiras para a entrada em algumas carreiras (notários e farmacêuticos, por exemplo) e a liberação dos serviços de... ônibus interurbanos. Trata-se de uma agenda que cabe na categoria de liberalizante, mas, vamos reparar, é mais do que modesta — embora mais do que necessária para uma economia que sofre com estagnação e perda de competitividade, num ambiente de elevados custos tributários e trabalhistas. Pois acreditem: o debate parlamentar tomou mais de 200 horas, terminando sem a formação de uma maioria.

É verdade que a agenda vai além disso. Mas está longe de representar a destruição dos benefícios sociais e da forte proteção ao trabalho — como denunciam parlamentares da esquerda e da direita. “Abaixo a austeridade alemã" — tal é o mote.

E a resposta dos governistas é mais ou menos assim: caramba, pessoal, é preciso trabalhar um pouco mais e atrapalhar menos as empresas que querem investir e gerar emprego.

Faz parte de um futuro pacote a eliminação de uma lei que impõe a formação de comitês de trabalhadores, com poderes para arbitrar e regular, em todas as empresas com mais de 50 empregados.

Um número simples mostra o efeito contrário dessa lei: para cada empresa com 50 empregados, há duas com 49. Está na cara: muitas firmas evitam crescer para escapar de uma regra que tolhe e embaraça a atividade.

Não se pode dizer, portanto, que os problemas franceses decorram do excesso de austeridade ou de liberalismo. Há anos que a França não cumpre a meta de equilibrar as contas públicas. É um círculo vicioso: o governo aumenta os gastos, cria benefícios que custam caro (como jornada de trabalho de 34 horas e aposentadorias aos 50 anos) e depois aumenta impostos e impõe regras para obrigar as empresas a um comportamento “mais social".

Verdadeiras reformas liberalizantes foram feitas na Alemanha, isso há mais de dez anos, no governo do social-democrata Gerhard Schroder. Angela Merkel, da Democracia Cristã, que governa desde 2005, beneficiou-se do impulso econômico afinal providenciado pelas reformas que, ao contrário, haviam derrubado Schroder. Não é curioso que Merkel tenha sido eleita com um programa que, na ocasião, poderia ser chamado de antiliberal e antiausteridade?

Não é curioso que um socialista francês possa cair acusado de liberalismo e austeridade?

Não é curioso que a proposta antiliberal e antiausteridade reúna as extremas esquerda e direita?

Tudo isso para dizer o seguinte: em toda parte e toda vez que os políticos procuram maneiras de fugir de algumas verdades, o resultado é a confusão do debate e a trapaça com os eleitores.

Os governos gregos, de socialistas a conservadores, vêm tomando empréstimos e recebendo ajuda econômica de seus pares europeus há décadas. Nesse período, gastaram por conta, alimentaram déficits nas contas públicas e externas, enquanto distribuíam benefícios e vantagens para a clientela eleitoral. E agora vêm dizer que é tudo culpa da austeridade alemã.

Não há política de austeridade que seja leve. Mas também nenhum país precisa de austeridade se não tiver feito uma lambança antes. E se tiver feito, a austeridade sempre vem, por bem ou por mal, mais ou menos dolorido, conforme o tamanho da gastança anterior.

Ou alguém acha que o ministro Joaquim Levy precisaria aumentar impostos e cortar gastos se não tivesse havido a lambança anterior de Guido Mantega. Mas mesmo Levy, com toda sua autoridade e credibilidade, não conseguirá avançar se não tiver apoio e respaldo do resto do governo, a começar pela presidente Dilma, dona da política anterior.

É até mais complicado do que sete domingos.

3 comentários:

  1. (argento) ... o BraZiu em um Diálogo:

    em 19/fevereiro/2015

    Bem vindo ao atendimento online (AMPLA)
    Letícia 19:49 hr

    Olá, roberto argento filho. Bem-vindo (a) ao Ampla Chat. Em que posso ajudar?
    roberto argento filho 19:50 hr falta de energia
    Letícia 19:51 hr Boa noite, Roberto!
    Letícia 19:51 hr Por favor, informe o número do cliente, nome completo do titular da conta, endereço do imóvel (incluindo bairro, município e complemento, se houver), CPF e telefones de contato com DDD.

    roberto argento filho 19:54 hr - informação de endereço omitida, por motivos óbvios

    Letícia 19:59 hr Roberto, obrigada pela confirmação dos dados.
    Letícia 20:00 hr Roberto, a falta de energia é somente na sua residência ou arredores?
    roberto argento filho 20:03 hr ontem, um carro da prestadora de serviços compareceu para restabelecer a energia de um morador mas não restabeleceu a minha, segundo o responsável pela viatura, não havia ordem de serviço para minha residência
    Letícia 20:06 hr Roberto, obrigada por ter aguardado e desculpe a demora.
    Letícia 20:07 hr Roberto, infelizmente o sistema não informou o prazo exato, pois foi ingressada a reclamação de serviço não atendido, já existe uma equipe trabalhando em contingência na localidade, Sua insatisfação foi direcionada ao setor competente para que o mesmo tome as medidas cabíveis referentes ao caso. No entanto foi ingressado com urgência informando a necessidade de todos. Pedimos desculpas pelo ocorrido.
    Letícia 20:07 hr Seu protocolo de atendimento é o de nº.114698878.
    Letícia 20:07 hr Clique no link abaixo para avaliar o meu atendimento. Obrigada por utilizar o Ampla Chat. Tenha uma boa noite!
    http://pesquisachatampla.questionpro.com
    roberto argento filho 20:07 hr como estou sem energia há 4 dias, espera-la é irrelevante
    Letícia 20:08 hr Roberto, compreendo, porém foi solicitado a prioridade no atendimento.
    Letícia 20:09 hr Somente aguardar!
    roberto argento filho 20:09 hr tenha uma boa noite de serviço, sua nota é 10, para a AMPLA, a nota é ZERO
    Letícia 20:10 hr Obrigada por utilizar o Ampla Chat. Tenha uma boa noite!

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    1. Eu penso dez vezes, tomo um vidro de Rivotril e me benzo antes de ligar para fazer qualquer reclamação sobre serviços. Meu último ataque de nervos foi com a NET, sempre a NET...

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    2. (argento) ... he he he he he, haja Lexotan! (escrito em um computador made in China, graças a Oi Portuguêsa, com o uso de modem e roteador chineses, ambos com soft Americano, para reclamar de uma empresa Espanhola que fornece Energia Gerada no BraZiu de turbinas GE Corporatiom ...

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