Veja
Depois da divulgação do depoimento do doleiro Alberto
Youssef à Justiça, nesta quinta-feira, o ex-ministro José Dirceu recorreu à sua
resposta padrão para negar envolvimento no maior propinoduto da história deste
país: há dez anos, desde que o mensalão veio a público, o petista “repudia com
veemência” qualquer acusação. Segundo Youssef, Dirceu mantinha uma estreita
relação com o empresário Julio Camargo, da Toyo Setal, um dos operadores dos
desvios de recursos da Petrobras para o bolso de políticos e partidos. Na
“contabilidade ilícita” de Camargo, o dinheiro destinado ao petista aparecia
sob a sigla “Bob”, uma possível referência a Bob Marques, seu assessor e
carregador de malas há anos. Dirceu não foi o único a reagir prontamente ontem.
A advogada Beatriz Catta Preta, que defende Julio Camargo, classificou como
“absurdas” as declarações do doleiro. Em sua edição desta semana, contudo, VEJA
mostra que os indícios de que Dirceu se beneficiou do dinheiro desviado da
Petrobras não se encontram apenas no depoimento de Youssef. Diz a reportagem O
Consultor do Esquema?, de Rodrigo Rangel e Alexandre Hisayasu:
“A presença do ex-ministro no caso Petrobras já tinha sido
captada no radar dos investigadores diante de uma estranha coincidência: as
empreiteiras envolvidas tinham a JD Consultoria, a empresa de Dirceu, como
cliente. Contratos milionários por serviços vagos ou inexistentes. Além das
empreiteiras, há cervejarias, fabricante de remédio e até consultorias – sim, o
consultor Dirceu, de tão competente que era, recebia pagamentos até de outras
empresas com atuação no mesmo ramo que ele. Há casos de clientes que, em um
curto espaço de tempo, transferiram 4 milhões de reais para as contas da
consultoria de Dirceu. O auge do faturamento foi no ano eleitoral de 2010. O
que será que um consultor – advogado que mal exerceu a profissão, político
formado sob ideais anacrônicos de Fidel Castro e condenado por corrupção – pode
oferecer de tão valioso às maiores empresas brasileiras?
A resposta vem justamente de um dois contratantes. O
engenheiro Gerson Almada, presidente da Engevix, uma das empreiteiras
envolvidas com os desvios na Petrobras está presos há três meses. A pessoas
próximas, ele disse que a empresa sempre foi obrigada a pagar propina ao
ex-ministro José Dirceu, em troca dos contratos que a empreiteira firmou com a
Petrobras e também para garantir a influência do ex-ministro para os contratos
futuros.
A Engevix é uma das construtoras que figura na lista de
clientes da JD Consultoria. Almada confirmou a esses interlocutores que as
“consultorias” eram uma forma de lavar o dinheiro da propina paga ao petista.”
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