terça-feira, 10 de março de 2015

Cala a boca, FHC!

“Impeachment não é uma coisa desejável e ninguém se propõe a liderar isso. O PT usa o impeachment para dizer que o PSDB quer, mas não é verdade. O impeachment é como bomba atômica, é para dissuadir, não para usar.”
Fernando Henrique Cardoso em entrevista no Estadão.

Pela primeira vez no blog eu tenho o desprazer de botar FHC no vermelho. É que estou começando a perder o que resta da minha paciência com ele. Seus punhos rendados já estão passando dos limites do ridículo, com tantas ponderações e nhenhenhéns que não levam a nada. O pior é que o rastro do príncipe do PSDB está sendo seguido à risca pelos seus vassalos, incapazes que são de fazer uma oposição decente, com o agravante de impedir que as poucas figuras combativas do partido tenham vez e voz.

FHC está parecendo o general italiano da Segunda Guerra Mundial que, ao ver o exército inimigo se aproximar, bradou: “Coraggio, uomini! Fuggiamo tutti!”

E faço minhas as palavras dirigidas por Ronaldo Caiado ao senador Aloysio Nunes, um dos seguidores mais fieis de FHC:

Nobre senador Aloysio,

Com todo respeito, não gostaria de polemizar com vossa excelência. Democratas e PSDB foram aliados nas últimas campanhas nacionais, mas cada um prescrevendo seu estilo, maneira de agir, mas sempre tendo respeito de comunicar aos pares (partidos de oposição) as nossas decisões de abrangência nacional.

Fui surpreendido pelas matérias com declarações de vossas excelências do PSDB dizendo que “não adianta tirar a presidente. Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer.” O que é isso senador Aloysio, senão um balde de água fria no processo de investigação das denúncias feitas pelos delatores sobre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula?

Sangria como tratamento nos primórdios da medicina usando ventosas e sanguessugas não faz mais parte do nosso arsenal terapêutico. Essa prescrição já deu errado. Repito: em 2005, quando o PSDB propôs a sangria de Lula no mensalão, o resultado foi a sangria da população. Fortaleceu o projeto lulo-petista ou bolivariano, como preferir. Isso nos levou a essa situação deplorável nos campos social, político e econômico do País. Jogou o País nessa grave crise institucional de proporções gigantescas.

O PSDB chutou a bola fora em 2005 e toda a oposição foi responsabilizada como omissa, vendida, negligente, subalterna, de rabo preso, entre outros adjetivos pejorativos. E agora, senador, a solução do PSDB é a sangria novamente?

Não acredito que o tão competente corpo clínico do PSDB vai apresentar como “conduta terapêutica” para o paciente chamado Brasil, que se encontra em estado grave, anêmico, espoliado, depauperado, a sangria. Não acredito!

Tive o privilégio de receber suas lições, como exímio professor de direito constitucional que é, e aprendi que o artigo 86 parágrafo 4º protege e exclui a presidente de ser responsabilizada por atos estranhos ao exercício de suas funções. Mas não impede a presidente de ser investigada. Essa que deve ser a nossa luta. Por que Dilma foi excluída das investigações? Lula a indicou presidente do Conselho da Petrobras, ela autorizou a compra de Pasadena. Ela nomeou Graça Foster, diretores, foi citada pelos delatores. Mesmo assim não pode ser investigada?

Caro colega, não vou lhe acompanhar na sangria, vou lutar para saber se Dilma e Lula tiveram responsabilidades sobre os crimes praticados contra a Petrobras. É isso que o povo brasileiro espera de nós.
Ao finalizar, cito um pensamento que você me ensinou.

“Um dos pilares de nossa Constituição republicana é aquele segundo o qual a investigação é sim sempre permitida.”

Um abraço do aluno Ronaldo Caiado.

P.S.: A piada sobre o general italiano me foi contada por um ex-combatente da FEB a propósito do desinteresse dos italianos pela guerra.

6 comentários:

  1. FHC exagera na retórica, Concordo plenamente que o impeachment é para dissuadir, mas discordo quando ele diz que não é para usar. Em primeiro lugar não faz o menor sentido uma lei para dissuadir mas que não deve ser aplicada, que poder de dissuasão pode ter algo que não será usado? Em segundo lugar o FHC está sendo incoerente com sua trajetória política de defensor do parlamentarismo, onde o governo pode ser dissolvido rapidamente. O impeachment é no presidencialismo o recurso equivalente ao da dissolução do governo no parlamentarismo.

    Para encerrar: o impeachment tem o poder de dissuasão até o momento em que esse poder deixou de existir, ou seja, não consegui dissuadir o governo a agir de maneira inapropriada. Portanto o tempo para usar o poder de dissuasão já encerrou, agora resta apenas a aplicação (uso) do impeachment.

    PS. a idiotice do Aluizio Nunes eu não vou comentar, o Ronaldo Caiado disse o necessário e o suficiente.

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  2. (argento) ... " Cala a boca, FHC!
    “Impeachment não é uma coisa desejável e ninguém se propõe a liderar isso. O PT usa o impeachment para dizer que o PSDB quer, mas não é verdade. O impeachment é como bomba atômica, é para dissuadir, não para usar.”

    "Punhos Rendados"??, falta de Colhões? ou Comprometimento? ...

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    1. (argento) ... de qualquer maneira, a presidenta de hoje não é o Collor de ontem, contra ele havia um FATO Concreto (uma Fiatzinha de merda, mas um Fato). O
      Quê há contra o poste?, pôrra nenhuma a não ser indícios de comprometimento. Fatos nunca serão apurados, tamanha é a Blindagem; Quem, além de meia dúzia dos Massa de Manobra, tem real interesse na apuração da verdade? - na real, ninguém do Legislativo, do Judiciário ou do Executivo querem, de verdade, é tudo joguinho de cena pra galera ...

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    2. (argento) ... Impedimento!? - não haverá!, disse FHC, agora diz Marina Silva:

      http://oglobo.globo.com/brasil/marina-defende-que-impeachment-de-dilma-pode-resultar-no-aprofundamento-do-caos-15599639

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    3. FHC tenta ser retórico, mas está sendo incoerente. Marina conseguiu falar algo certo, mas não sabe porque está certo nem o que significa o que ela falou.

      A saída da Dilma vai sim aprofundar a crise, mas a permanência da Dilma também vai aprofundar a crise. A diferença está em por quanto tempo a crise será aprofundada. Um político do PT admitiu espontaneamente que a intenção do PT é reagir ao impedimento com uma guerra civil, mas onde está escrito impedimento pode ser lido "deixar o poder".

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